“Eles me ameaçaram de que eu estaria aqui morta ou paralisada, e ameaçaram me estuprar também”, foi um dos relatos de Gosh, de 24 anos, estudante palestina presa por Israel em 29 de agosto de 2019, por 33 dias no Centro de Interrogatório Al-Maskobya, onde foi torturada e agredida, chegando a perder 12 quilos.
Na época dos acontecimentos relatados acima, a crise que se intensificou entre Palestina e Israel na segunda metade de 2023 ainda estava distante, mas já deixava claro como o sionismo e o Estado de Israel funcionam há décadas: um ataque constante, sanguinário e desumano contra o povo palestino. Isto, no entanto, pouco era destacado pelos “democratas de plantão”, pelos organismos internacionais ou pela imprensa imperialista.
Por outro lado, com o acirramento da crise este ano vimos uma enxurrada de “notícias” contra os palestinos, sobretudo contra o Hamas, os acusando das mais escabrosas barbaridades. Assim como o clássico “Não apoiamos porque eles são misóginos”, muito utilizado pelos esquerdistas que não vivem no mundo real ou que agem a serviço do imperialismo para sabotar a atuação revolucionária nos países atrasados. Para quem não lembra, o argumento vergonhoso foi usado também contra o Talibã quando o grupo expulsou os EUA do Afeganistão.
No mundo real, no entanto, a situação é clara: Hamas, Talibã e outros grupos devem ser respeitados por quem se diz de esquerda porque são os que de fato defendem o povo oprimido dos seus países contra o ataque feroz do imperialismo. Usar a “misoginia” para tentar invalidar isso é um verdadeiro escárnio contra os povos, e sobretudo, contra as mulheres oprimidas.
O caso das mulheres é gritante. São milhares de casos que relatam a forma que o sionismo trata as mulheres palestinas, e deixam claro que se há misoginia, esta vem de Israel, que possui muito mais poder e dinheiro para fazer isso do que qualquer grupo palestino, e de fato o fazem em massa.
Enquanto a “preocupação” de alguns setores – na verdade, a propaganda – é de que o Hamas é inimigo das mulheres por conta dos preceitos religiosos que supostamente o grupo pregaria, coisas como vestimenta e frequência em lugares, para as mulheres palestinas este seria o menor dos problemas, uma vez que vivem sob a ameaça do exército de Israel.
São frequentes casos de soldados sionistas que invadem casas de palestinos e realizam verdadeiras sessões de horror contra as mulheres, as humilham, fazem tirar suas roupas, as estupram na frente de seus filhos. Esses são os inimigos das mulheres palestinas, o imperialismo, o sionismo, e não o Hamas. E nada impede, porém, que superado o problema do sionismo, as mulheres palestinas busquem outras formas de libertação, mas isto nunca vai ser real vindo dos países imperialistas, que seus algozes, como a imprensa tenta fazer entender.
É preciso deixar claro que a campanha do “não apoio porque é misoginia” é uma propaganda imperialista contra os homens e mulheres palestinas. O problema das mulheres palestinas não é a misoginia, é o massacre promovido por Israel.