Na última segunda-feira (30), o ex-deputado e ex-promotor Deltan Dallagnol protocolou uma notícia-crime contra os militantes João Caproni Pimenta e Francisco Weiss Muniz, ambos do Partido da Causa Operária (PCO). Dallagnol foi seguido pelo “youtuber” Guilherme Kilter, que também solicitou a abertura de um inquérito contra os jovens trotskistas.
Em vídeo, Dallagnol e Kilter acusam os militantes de “apologia ao terrorismo” por declarações como “viva o Hamas” e “estamos 1000% com o Hamas”. Trata-se, neste sentido, de uma continuação do movimento já deflagrado por 27 deputados bolsonaristas que protocolaram uma queixa-crime contra João Caproni Pimenta, que também é membro da Direção Nacional do PCO.
Naquela ocasião, os 27 deputados já haviam prestado um enorme serviço à sociedade brasileira ao esclarecer o que é o sionismo: um movimento de extrema-direita, pró-imperialista, que tem, no bolsonarismo, a sua representação brasileira. Sionismo é bolsonarismo: uma ideologia fascista, altamente truculenta, que busca esmagar os seus adversários por meio da polícia e de todo o aparato de repressão do Estado.
Assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que iria “metralhar a petralhada” e falou em “matar 30 mil”, um ministro do governo de Benjamin Netanyahu disse que os palestinos são “animais e devem ser tratados como tais”.
Se no período anterior houve quem dissesse que os bolsonaristas defendiam a liberdade de expressão, hoje essa falácia não se sustentam: são amantes da ditadura, da censura e, se estivessem no Oriente Médio, estariam lado a lado com os soldados nazistas do Estado de Israel pisando nos crânios dos palestinos.
Além de revelar que o bolsonarismo é um inimigo furioso da liberdade de expressão e também profundamente pró-imperialista – ou “globalista”, como eles próprio chamam -, o vídeo publicado por Deltan Dallagnol deixa mais uma contribuição para o esclarecimento da situação política. Os defensores de Israel no Brasil são também anticomunistas – isto é, verdadeiramente fascistas. No vídeo, Guilherme Kilter afirma que “não basta ter um partido comunista no Brasil, o que já é um absurdo, agora há também evidências de que fazem apologia ao terrorismo”.
Não há evidência de que os militantes do PCO tenham feito “apologia ao terrorismo”, até porque o Hamas e as organizações guerrilheiras palestinas não são consideradas terroristas pelo governo brasileiro, nem mesmo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mas o que chama particularmente a atenção no argumento de Kilter é que, segundo ele, a própria existência de um partido comunista seria um “absurdo”. Isto é, no que dependesse dele, a existência de partidos comunistas seria proibida no Brasil.
Proibir partidos comunistas não é uma mera hipótese. Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, já propôs que a lei que tipifica o racismo também inclua a “apologia ao comunismo”.
O acirramento da luta de classes no Oriente Médio está tendo o mérito, portanto, de revelar no mundo e também no Brasil a luta política em curso. De um lado, a burguesia, disposta a arrancar a pele dos trabalhadores, estimula que a direita peça mais repressão, mais cadeia e mais censura. De outro, os povos oprimidos denunciam os crimes de seus opressores e se defrontam com uma política que visa acabar com qualquer direito democrático.
Na medida em que a política dos grandes capitalistas se torna mais evidente – isto é, o massacre de povos indefesos como o povo palestino -, a direita também vai apresentando de maneira mais cristalina a sua política; proibir que o povo fale, forme partidos políticos, denuncie o que acontece ao seu redor e se mobilize.