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Ilusão institucional

Sem anistia?

A ofensiva contra a direita que se personifica na palavra de ordem “Sem Anistia” não passa de uma ficção

Meios de comunicação como Brasil 247 e outros tem dito ao longo das últimas semanas que esse momento seria a oportunidade para que Lula, aproveitando-se de uma suposta ofensiva contra a direita, use da chance que tem e corte a cabeça dos militares. O fato é, que seguindo por essa linha de raciocínio, Lula poderia ser facilmente apontado como cúmplice dos militares, por não ter entregado a cabeça de Múcio numa bandeja e nem o tirado do governo.

Lula e o governo do PT não tem forças nesse momento para sequer escolher quem será seu Ministro da Defesa. O próprio jornal O Globo, que seria hoje supostamente “o jornal da democracia, da liberdade, dos direitos humanos e tudo mais” veiculou a fala do Merval Pereira, que age como a voz da família Marinho, que dizia para que Lula tivesse “muita cautela com os militares.”

Os militares já se posicionam contra o governo Lula e agem nas sombras para desmoralizar o governo, se Lula trocar o Ministro da Defesa Múcio, que foi praticamente escolhido e apontado pelos militares, a coisa vai ficar feia.

Então, temos de nos perguntar, onde é que está essa tal “ofensiva contra a direita?” A esquerda do governo se encontra numa verdadeira situação de debilidade e fraqueza, em que Lula não consegue sequer escolher seus ministros sem ter que obedecer aos anseios dos militares. E os militares, que não são bobos, elencaram para ser ministro pressionando Lula exatamente um bolsonarista.

De tal maneira, temos uma situação bastante grave se apresentando. O governo está semi-paralisado diante da crise, pois não tem força para investir contra os militares no Brasil. Em um regime político normal, já seria uma celeuma operar uma investida contra os militares, pois estes não são meros funcionários públicos, são uma verdadeira casta. Uma casta que, no Brasil, é mais poderosa que a casta dos samurais no Japão feudal. 

Os militares estão a parte do mundo, são uma espécie de quarto poder. Um poder que se coloca acima de todos os outros poderes da república. Esse poder tem um nome: tanque de guerra, fuzil e jato de caça. Marx, durante a revolução de 1848 e a repressão da mesma, ele fala que o lema “liberdade, igualdade e fraternidade” foi substituído por “baioneta, canhão e cavalaria”. No Brasil, essa substituição sequer precisaria acontecer, tendo em vista que é assim que já é.

Falando da situação dos militares, eles roubaram e mataram de forma inacreditável durante 21 anos. De 64 à 85, os militares participaram de todo tipo de negócios ilegais, participaram de golpes de Estado em vários países da América Latina, torturaram e assassinaram inclusive pessoas da burguesia brasileira. E quando acabou o regime militar o povo foi para as ruas querendo o sangue dos militares, e nem assim os membros da política civil tiveram coragem de ir lá e falar que iriam colocar ao menos um ou dois militares na cadeia, pelo o menos para dizer que os militares foram derrotados. Não houve uma única punição. Zero. Nada.

Analisando o caso da Argentina, em que os militares mataram pelo o menos 10 vezes mais do que no Brasil, apesar de não sabermos direito quantos foram de fato assassinados pelos militares, e os números de cerca de 500 desaparecidos serem escandalosamente inverossímeis, estima-se que na Argentina foram assassinadas algo entre 11 mil pessoas, na conta oficial do governo que todo mundo questiona.

Um dos exemplos de que esse número de 11 mil pessoas é falso, é o fato de que são raras as famílias argentinas que não tem ao menos um desaparecido na família. Se estabeleceram, lá, campos de concentração ao estilo nazista e os presos eram torturados de formas brutais. Pessoas que não tinham nada a ver com atividades revolucionárias, inclusive. Você não precisava ser da guerrilha para ser preso, torturado e morto. 

O líder do ERP (Ejército Revolucionario del Pueblo), Roberto Santucci, teve seu pai, um idoso de mais de 70 anos, preso e brutalmente torturado em um campo de concentração. 

Esses eventos eram para ter feito com que o exército fosse abolido, mas num primeiro momento, nada foi feito. Militares na América do Sul são a coisa mais próxima de Deus que podemos encontrar. Até os bispos e o Papa se curvam para os militares. O próprio Papa atual, Francisco, que todos dizem ser um libertário, colaborou com o regime militar argentino.

Embora nada tivesse ocorrido em um primeiro momento, os movimentos e manifestações populares seguiam ocorrendo a todo vapor. Nos anos 80, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, esteve na Argentina em um ato do Partido Obrero, ainda durante a ditadura. Ele relatou que apesar de ter sido um ato pequeno, foi um ato muito combativo. As palavras de ordem eram “paredão, paredão a todos os milicos que venderam a nação!”

Qualquer menção aos militares, fazia com que o pessoal se exaltasse, queriam o sangue dos militares. E todos os movimentos populares queriam o mesmo quando a podridão começou a vir a tona após a capitulação argentina na guerra das Malvinas.

Após cerca de três anos que entrou o governo dito democrático, eles abriram um processo contra os nove comandantes das juntas militares. Dessas nove pessoas, sete foram condenadas. E ainda tem gente no Brasil que acha que no Brasil deveria ter sido igual na Argentina. Matam 20 mil pessoas 7 são presas.

No Brasil, além do número oficial de desaparecidos, é de se lembrar que o governo militar matou muito pobre com o argumento da criminalidade. Na época dos esquadrões da morte, nos anos 70, matavam cerca de uma pessoa a cada 3 dias nas comunidades pobres só para que servisse de exemplo aos demais. As manchetes são memoráveis: “presunto encontrado cravejado de balas em Sapopemba, São Paulo.” Uma verdadeira desgraça.

A história de que os militares serão punidos é uma bobagem, uma propaganda vã. Estão iludidos aqueles que realmente acreditam que não haverá anistia e que os militares estão aí como qualquer outro funcionário público. Acredita-se que o Alexandre de Moraes chamará o comandante das F.A. e colocará ele na cadeia, que nem ele fez com os cidadãos bolsonaristas e deputados. Isso não existe. Isso é uma fantasia, quase uma doença.

No Brasil, a fantasia de que as instituições são capazes de fazer coisas de acordo com a lei é muito danosa para a esquerda. O STF não vai desmantelar o aparato militar. Um exemplo da imobilidade dos aparatos militares é a onda de denúncias a supostos terroristas. Denunciaram a mulher do General Villas Boas, essa mulher vai para a cadeia? O Mourão está obviamente envolvido na operação de desmoralização do governo Lula, ele vai para a cadeia?

As instituições não tem esse poder, e a burguesia também não vai decapitar as Forças Armadas. Não vai acontecer absolutamente nada. Seria um suicídio político da burguesia decapitar as Forças Armadas. 

Um exemplo interessante do poder dos militares é que foi punido o cidadão que gravou um vídeo no meio da bagunça do DF mandando os militares irem a merda. Pode queimar o Palácio do Planalto, pode queimar o STF, mas não pode mandar os militares irem a merda.

A necessidade se faz denunciar o constante plano de desestabilização do governo Lula por parte dos militares.

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