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Mônica Valente

Secretária-geral do Foro de São Paulo concede entrevista ao DCO

Na ocasião, Mônica não só defendeu Cuba, Venezuela e Nicarágua, como também denunciou a política genocida de sanções dos Estados Unidos

No terceiro dia de Foro de São Paulo, que ocorre em Brasília, no hotel San Marco, a equipe do Diário Causa Operária obteve uma entrevista exclusiva com Mônica Valente, secretária-geral do Foro de São Paulo. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

Diário Causa Operária: Hoje, a imprensa está criticando o governo Lula por ter trazido Nicolás Maduro para cá. Pode nos dar uma declaração sobre esse problema da Venezuela? Como você vê o problema das sanções, principalmente?

Mônica Valente: Olha, é como a presidenta Gleisi disse, eu faço coro com ela: por que é que um país como os Estados Unidos se arroga no direito de sancionar, de acordo com os seus parâmetros, os seus paradigmas e, principalmente, os seus interesses econômicos? Não é isso que está por trás de todo esse mecanismo de sanção e de medidas unilaterais contra a Venezuela? Quero lembrar que, recentemente, a PDVSA, que é uma empresa estatal venezuelana que tem uma subsidiária – não sei se assim se denomina – Citigroup nos Estados Unidos, os recursos, o dinheiro dela, os investimentos dela estavam todos bloqueados e foram entregues ao Guaidó, uma pessoa que se autonomeou presidente da República. Eu queria saber em que mundo isso é democrático. Eu queria perguntar para os Estados Unidos em que mundo isso é democrático? Uma pessoa que se autonomeia, que ficou como gestor desses recursos da Citigroup, que é uma empresa do Estado venezuelano.

Então, nós, como Foro de São Paulo, nos posicionamos e não é só contra [as sanções contra] a Venezuela. Nós somos contra qualquer medida de força, sanções, bloqueios. Porque nós defendemos o multilateralismo, o diálogo e as soluções negociadas para o convívio entre os países, porque a outra alternativa é a guerra, que também nós não concordamos. Então, nossa luta é muito forte contra as sanções contra a Venezuela, contra Cuba, contra a Nicarágua, contra qualquer outro mecanismo, qualquer outro país que exista no mundo. Porque não achamos que esse é um mecanismo democrático. Esse é um mecanismo, uma tentativa onipotente de controlar o mundo. E isso já demonstrou que não garante a paz e nem o desenvolvimento e nem a luta contra a desigualdade.

Diário Causa Operária: Você considera que os Estados Unidos têm autoridade moral para discutir esse problema dos direitos humanos? Você acha que a cobertura sobre esse problema das violações de direitos humanos é muito unilateral? Você considera que essa cobertura acaba sendo desigual, que dá muita preocupação para supostos acontecidos em alguns países e em coisas que aconteceram de fato pela mão dos Estados Unidos, não são investigados? Porque os Estados Unidos foram acusados de diversos crimes no Oriente Médio e na base de Guantánamo, por exemplo,

Mônica Valente: Sem dúvida nenhuma, há uma parcialidade. O que aconteceu e acontece na Base Naval de Guantánamo, que, aliás, é um território cubano ocupado indevidamente pelos Estados Unidos ou naquela prisão, Abu Ghraib durante a Guerra do Iraque, os mecanismos de subjugação das pessoas que estavam lá presas de serem acorrentadas, de serem tratadas como animais. Eu nunca vi investigação sobre isso. Ou mesmo a guerra do Iraque, que foi feita com base numa mentira do então secretário de Estado estadunidense no Conselho de Segurança, dizendo que tinham encontrado armas químicas de destruição em massa e era uma mentira e uma guerra foi feita em nome disso. Morreram milhões de pessoas e eu não vi o chamado mundo ocidental dizer uma palavra sobre isso. Portanto, há, sim, muita parcialidade.

Agora, eu convido vocês para irem ao painel de hoje [01/07] à tarde com o DSA [Democratic Socialists of America], os Socialistas Democráticos da América, que são um grupo de militantes estadunidenses e lá eles podem comentar mais do que todos sobre as violações dos direitos humanos que são feitas todos os dias no território estadunidense. Basta ver o que fazem com as pessoas afrodescendentes lá.

Diário Causa Operária: Tem muita coisa nos jornais, tem muita crítica a Venezuela porque eles declararam a inelegibilidade de uma figura da oposição, uma oposição que é ligada a episódios de violência e ataques contra a democracia venezuelana. Você considera que temos aqui um caso de duplo padrão? Porque no Brasil todo mundo considera normal que você coloque na inelegibilidade uma figura de direita que está atacando a democracia. Como você vê essa cobertura?

Mônica Valente: Olha, é parcial mesmo. Eu não estou completamente a par de todos os detalhes dessa decisão, agora, o que eu sei é que a Venezuela, assim como quaisquer outros países, tem uma institucionalidade constituída, tem sistema eleitoral, tem Conselho Nacional Eleitoral, tem justiça, tem tribunal. Então, essa institucionalidade, se ela não é igual a institucionalidade que está na cabeça do mundo ocidental, nem por isso ela deixa de ser uma institucionalidade que obedece regras, que tem leis, que tem Constituição.

O que aconteceu aqui em 2018, quando inabilitaram o presidente Lula? Foi a institucionalidade brasileira que fez isso, foi o TSE na época e nem por isso saíram falando que o Brasil vivia numa ditadura, não é? Então, isso é da política. Eu acho que a cobertura é parcial. Aliás, recomendo que vocês entrevistem o deputado Roy Daza, do PSUV da Venezuela, para ter mais informações desse processo. É muito importante a gente ouvir as informações na fonte, na origem, para não ficarmos enredado no labirinto do arco narrativo, da rede de fake news.

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