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Guerra da Ucrânia

Se pudessem, EUA não apenas invadiriam, como dividiriam a Rússia

Segundo fundador do Partido Socialista da Escócia, nem EUA, nem União Europeia, nem OTAN teriam interesse em ocupar território do maior país do mundo

Em seu artigo Líderes da Esquerda Europeia sobre a Ucrânia: Nem um vestígio de solidariedade, traduzido e publicado pela Revista Movimento, do Movimento Esquerda Socialista (MES), o escocês Murray Smith, hoje radicado em Luxemburgo, apresenta a exótica posição de que Estados Unidos, OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e União Europeia não teriam interesse em invadir a Rússia. Murray Smith nos brindou com sua tese ao tentar responder àqueles que, corretamente, alegam que a Rússia estaria ameaçada por tais entidades imperialistas:

“Essa posição geopolítica está ameaçada. Por quem? A resposta dos autores é: pelos EUA, OTAN e UE. Isso é verdade no sentido restrito de que nem os EUA, nem a UE podem aceitar o direito da Rússia de dominar o Leste Europeu. Por outro lado, nem os EUA, a OTAN nem a UE têm a menor intenção de invadir a Rússia. Mas a verdadeira ameaça para a Rússia é a resistência das pessoas que vivem nos países que ela considera parte de sua esfera de influência”.

Segundo o autor escocês, portanto, Estados Unidos, OTAN e União Europeia teriam armado dezenas de países apenas por uma preocupação defensiva – a de não deixar a Rússia dominar o Leste Europeu! O que o senhor Smith teria de explicar, então, é: que países a Rússia teria invadido desde a queda da União Soviética, pondo em risco os interesses dos Estados Unidos e da União Europeia? Teria, em algum momento, a Rússia ameaçado minimamente invadir a França, a Alemanha, o Reino Unido, ou mesmo países como a Polônia, a República Checa ou a Hungria? A resposta para todos esses casos é a mesma: não.

Fato é que a própria formação da maioria dos países próximos à União Europeia é, em si, uma agressão à Rússia. Foram os Estados Unidos, a OTAN e a União Europeia – em resumo, o imperialismo – que estimulou a separação e divisão de dezenas de países que compunham a União Soviética. E também é amplamente conhecido que, após a queda da União Soviética, a OTAN estabeleceu bases em 15 países! Todos eles, não por acaso, próximos ao território russo. Se, de 1949 a 1982, 16 países haviam ingressado na Organização do Tratado do Atlântico Norte, sendo todos eles países imperialistas ou sócios do imperialismo, entre 1999 e 2023, ingressaram 15 países, todos eles atrasados:

  • República Checa (1999)
  • Hungria (1999)
  • Polônia (1999)
  • Bulgária (2004)
  • Eslováquia (2004)
  • Eslovênia (2004)
  • Estônia (2004)
  • Letônia (2004)
  • Lituânia (2004)
  • Romênia (2004)
  • Albânia (2009)
  • Croácia (2009)
  • Montenegro (2017)
  • Macedônia do Norte (2020)
  • Finlândia (2023)

Chama ainda a atenção que a maior parte da adesão dos países à OTAN ocorreu no período de maior fragilidade da Rússia. Em 1991, a União Soviética foi dissolvida, o que, convenhamos, não parece um momento em que a Rússia estivesse em vias de invadir países. De 1991 a 1999, a Rússia foi governada por Boris Iéltsin, um dos presidentes mais odiados da história, responsável por impor uma política econômica tão impopular que reduziu a população russa de fome e de doenças relacionadas à situação de miserabilidade.

Um mapa que mostre a adesão dos países à OTAN ao longo do tempo é suficiente para deixar claro que, muito longe de ser uma ação defensiva, a política do imperialismo é uma operação de “aproximações sucessivas” do território russo.

Ficheiro:History of NATO enlargement.svg – Wikipédia, a enciclopédia livre

O que a evolução da adesão à OTAN mostra, portanto, é que os Estados Unidos apenas não invadiram a Rússia porque não criaram as condições para isso. E era justamente com esse objetivo que estava tentando forjar o ingresso da Ucrânia, país com maior fronteira com a Rússia.

Outra demonstração de que o objetivo dos Estados Unidos não é “defensivo” contra a Rússia, mas sim um plano para levar o maior país em território no planeta ao colapso é o fato de que já vazaram vários planos do imperialismo para a divisão do país de Vladimir Putin.

Um dos planos de divisão pode ser visto no mapa que ilustra este artigo, que propunha sete novos países após um suposto futuro “colapso” da Rússia, prognóstico bastante frequente entre os analistas da imprensa imperialista no início da Guerra da Ucrânia. Mas essa é apenas uma das propostas. Hoje, também circula na Internet uma proposta de divisão da Rússia em mais de 40 países.

Tais planos vão muito além de mapas divulgados pela Internet. Em abril, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, acusou a Comissão do Governo dos Estados Unidos sobre Segurança e Cooperação na Europa (CSCE) de elaborar tais projetos:

“Eles estão ocupados elaborando novos mapas lá [na CSCE] para mostrar sua visão de como a Rússia parecerá no futuro quando o atual regime político entrar em colapso e os verdadeiros líderes surgirem. Então, haveria territórios separados: os Estados Unidos da Sibéria, por exemplo. O que você acha da República de Yamalo-Nenets ou da República de Tyumen, a propósito? Porque a missão é simples: dividir tudo em partes e gerenciá-las”, disse ele, destacando que a população da Rússia deve garantir que tal cenário seja inatingível, mesmo teoricamente.

Alegar que a Rússia seria uma “ameaça” a seus vizinhos, a pretexto de se posicionar contra a ocupação da Ucrânia, é uma aberração em todos os sentidos. É a defesa integral da ofensiva militar norte-americana contra os povos oprimidos de toda a Eurásia.

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