Nessa quinta-feira, dia 26, o portal de notícias Metrópoles veiculou uma coluna de Igor Gadelha de título “Conselheiros de Lula criticam falas polêmicas do petista na Argentina”. Ao longo da coluna é descrito que os conselheiros ligados às áreas de política e comunicação supostamente teriam tecido críticas às declarações que o presidente Lula deu durante sua viagem à Argentina e sua reunião da Celac, críticas que foram feitas de forma anônima, sem que suas identidades fossem reveladas ao longo da coluna.
Segundo o colunista, as falas que receberam mais críticas por parte dos conselheiros seriam as falas relativas à defesa de uma moeda comum entre Brasil e Argentina e as falas sobre o financiamento do BNDES de obras no exterior, incentivando a retomada do financiamento.
Os conselheiros teriam dito que as declarações do presidente geram “rusgas desnecessárias” à sua imagem logo no início de seu mandato, e que se não existem previsões concretas para o andamento dos planos econômicos, como o colunista acusa membros da equipe econômica de admitir, Lula não deveria sequer mencionar seus planos.
Por fim, o colunista encerra sua coluna dizendo que os marqueteiros que acompanham Lula desde sua campanha “prometeram” conversar com o presidente para que ele se policie nos discursos, em especial na parte econômica.
O fato principal que podemos extrair disso tudo é que, se alguma dessas informações for verdade, Lula precisa com urgência substituir seus conselheiros e marqueteiros por conselheiros e marqueteiros que não vão destoar de sua política.
A preocupação com uma ala direita do governo, uma ala que supostamente apoia Lula, é uma preocupação tão ingênua que nos faz questionar se realmente se trata de preocupação ou de uma infiltração da terceira via em pontos tão sensíveis do governo.
A preocupação em agradar a ala direita do governo e a burguesia, acalmando o tal “mercado”, é ingênua pois são setores que não apoiam Lula e nunca irão apoiar, a menos que Lula seja exatamente o projeto político que estes setores representam. Se Lula for se pautar no que seus supostos conselheiros estão dizendo, vai acabar seguindo uma política de colaboração com a direita golpista e pró-imperialista.
Além do mais, se isso for verdade, a política dos conselheiros de Lula não vai contra apenas a política de Lula, mas toda a política do PT e a vontade política das massas que elegeram Lula. Se Lula der ouvidos, Lula estaria se aproximando da direita e se afastando da única base sólida que tem e que poderia ser convencida a lutar contra um eventual golpe que a direita pode estar preparando: as massas trabalhadoras da cidade e do campo.
Lula não pode dar ouvido a tais conselheiros. Considerando que isso seja verdade, Lula precisa trocar de conselheiros imediatamente, e colocar lá gente com fidelidade política que não tentará fazer com que Lula coloque a corda no próprio pescoço fazendo o jogo da burguesia e do imperialismo, tem que colocar gente que seja de confiança e siga sua política.
A política de Lula apresentada com relação a moeda única entre Brasil e Argentina e o financiamento de obras em países da América Latina e outros países do bloco explorado se tratam de medidas progressistas, ainda que não revolucionárias. O fortalecimento de um bloco anti-imperialista neste momento, um momento de clara fragilidade do imperialismo como podemos acompanhar ao analisar todo o cenário internacional, como é feito diariamente no Diário Causa Operária, pode ser vital para a queda desse invólucro caduco da burguesia no atual período de transição.
Políticas nacionalistas nos países oprimidos são, objetivamente, políticas progressistas e que desafiam o controle imperialista, ainda que estejam longe da efetividade anti-imperialista da política revolucionária apresentada pelo programa do Partido da Causa Operária.
Toda a política que visa minar o controle do dólar sobre a economia mundial e a dependência dos países pobres com relação aos países exploradores é necessariamente uma política progressista, e Lula deve perseguir a realização dessas políticas a despeito das tentativas dos setores ligados à terceira via, burguesia e extrema-direita infiltrados em seu governo de puxá-lo para a direita. Lula deve ir o mais para a esquerda possível, pois encontra o país numa verdadeira situação de calamidade naquilo que pode ser seu último mandato. A hora de realizar mudanças que vão aglutinar as massas em torno de um projeto político é agora.
É hora de Lula governar para quebrar a paralisia da esquerda, com projetos ousados e de enfrentamento à classe dominante, caso contrário fará um governo sob o controle da burguesia, do capital financeiro e do imperialismo, cujo avanços caíram como um castelo de cartas no primeiro momento em que a burguesia sentir a necessidade de aumentar suas taxas de lucro. A única coisa que pode manter o que Lula fizer de pé é uma ampla mobilização, e as massas precisam ser conquistadas através de projetos sociais e econômicos, postas assim para enfrentar a burguesia em favor de seus interesses.
