Há 40 anos atrás a festa de São João em Campina Grande na Paraíba foi pensada como uma grande festa para o todo o mês de junho. No ano de 1983 a ideia era fazer dessa grande festa da cultura popular o maior evento do mundo no tocante a quantidade de dias e horas ininterruptas de muita dança, folclore, costumes e hábitos populares; mesmo que nos três primeiros anos fosse puxada de um caminhão, até a inauguração do Parque do Povo em 1986.
Nos primeiros anos, ou até o final da década de 1980 o enorme espaço popular de confraternização era aberto a todo público da segunda maior cidade da Paraíba. Mas, assim como passou a ocorrer no carnaval de Salvador, onde o espaço público passou a ser privatizado em parcerias público-privadas, o São João de Campina Grande passou a ser gerido pelos interesses do capital em detrimento da população. Uma elitização das festas e eventos populares mais culturalmente entranhados por gerações, por conta de negócios que só fazem aumentar os lucros dos “donos da festa” como patrões numa fábrica; só que às custas das festas populares nos espaços públicos.
A antiga palhoça, onde hoje está de pé a Pirâmide como marco do Parque do Povo, construído em 1986, agora está loteada para que a burguesia local, nacional e estrangeira, além de alguns membros da pequena burguesia possam pular e se divertir com uma cultura que pouco entendem, mas que capturaram como mais uma festa bacana pra desfilar suas indumentárias artificiais da cultura popular.
O mês de junho no Brasil há muito é festejado, mesmo que de maneira muito passageira e sem conteúdo legitimamente popular; mas as festividades no norte e nordeste do país, principalmente a de São João, historicamente sempre tiveram muito apelo popular com o povo esmagadoramente muito pobre. Ao longo da década de 1990 e com maior força na entrada do século XXI os potentados detentores do capital cresceram os olhos nas festas populares espalhadas por todo o país a fim de expropriar a cultura popular e pilhar a população do seu direito a cultura e ao espaço público que lhe é de direito.
As festas de São João estão entre as festas populares brasileiras mais legítimas no sentido cultural com alto envolvimento e interação entre o povo pobre de norte a sul do Brasil e a acumulação e reprodução do capital vão na direção do esmagamento da cultura popular. Um acorde junino popular passa pela manifestação cultural, assim como política, no sentido da mobilização necessária para romper com as barreiras da burguesia contra a participação do povo nas ruas em meio as suas festividades. O São João popular passa pela mobilização popular contra a burguesia que odeia a cultura do povo mas lucra com ela.