O Santos Futebol Clube está negociando com a Qatar Sports Investments (QSI), que demonstrou interesse em investir no futebol do clube. A QSI é o fundo de investimentos estatal do Catar que administra o Paris Saint-Germain, de Neymar. A empresa teria se aproximado do Peixe por intermédio do pai do craque do PSG e ex-Santos.
De acordo com o Lance!, o Alvinegro praiano estaria aberto a negociar uma parceria com o fundo catariano, mas não quer abrir mão do controle do clube. Portanto, em uma hipotética transformação do Peixe em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o clube paulista venderia, no máximo, 49% de suas ações.
Essa medida seria mais um avanço nocivo no sentido da privatização dos clubes de futebol. Afinal, na difícil situação em que o Peixe se encontra, mesmo com apenas 49% das ações, a QSI seria a principal fonte de recursos do Santos, e a diretoria teria dificuldades em divergir de qualquer medida defendida pelo fundo — sob risco de perder o dinheiro.
Vale mencionar que essa medida seria melhor do que a ocorrida em outros clubes grandes do país. No Botafogo, Cruzeiro e Bahia, por exemplo, os investidores são donos de 90% das ações. No Vasco, a norte-americana 777 Partners tem 70% do clube.
No entanto, foi informado em diversos veículos da imprensa esportiva que a diretoria do Santos ainda não pretende criar uma SAF e busca negociar outra forma de receber investimentos da QSI.
Por mais que se busque uma medida mais amena, os investimentos da empresa catari significam, de fato, um aumento do poder dos grandes capitalistas sobre o clube de futebol. No Palmeiras, por exemplo, a Crefisa investiu no clube a ponto de eleger a atual presidente do clube: a empresária e banqueira Leila Pereira.
O avanço da privatização dos clubes brasileiros ocorre devido à situação complicada em que os diversos clubes nacionais foram colocados pelos seus respectivos dirigentes ao longo dos últimos anos. Praticamente todos os clubes estão extremamente endividados e precisam de investimentos para sair do sufoco.
Para os grandes monopólios, trata-se de uma oportunidade de ouro para saquear os clubes, patrimônio dos torcedores. Em clubes grandes, essa medida começou em estados de maiores crises, como Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Rio, dois dos quatro gigantes do futebol nacional foram adquiridos por fundos norte-americanos. Em Minas, o Cruzeiro virou SAF e o Atlético se encontra num beco sem saída, com o aumento exponencial de sua dívida.
Em São Paulo, onde a situação geral é melhor, a ofensiva começou em clubes do interior, como o Botafogo de Ribeirão Preto, o Bragantino (agora Redbull), etc. Mas, diante da crise dos clubes e das conquistas em Minas e no Rio, a conjuntura para o avanço da SAF é favorável. Entre os grandes, Santos e São Paulo são as presas mais fáceis. Isso porque o Palmeiras já encontrou uma empresa — cujo poder cresce cada vez mais — para tirá-lo do buraco, e o Corinthians, mesmo numa situação ruim que só piora, ainda consegue se manter.
Tudo indica que o Alvinegro Praiano será mais uma vítima da privatização do futebol. Contra isso, apenas uma medida pode melhorar a situação caótica das agremiações futebolísticas brasileiras: o controle dos clubes pelos torcedores, os únicos realmente interessados em ver seus times campeões.