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Mobilização popular

Saiba o que foram as Intifadas, levantes palestinos contra Israel

As Intifadas contribuiram com a desmoralização da Autoridade Palestina, controlada pela OLP, e a ascensão do Hamas como partido das massas palestinas

O termo “intifada”, em árabe, significa algo como “sacudir”, podendo, portanto, ser livremente traduzido para o português como “levante”. Tradicionalmente, na luta do povo palestino por sua libertação, há dois grandes conflitos que ficaram conhecidos com esse nome: a Primeira Intifada, de 1987 a 1993, e a Segunda Intifada, de 2000 a 2005.

As intifadas inauguraram uma nova etapa do conflito entre árabes e israelenses, em que a mobilização das massas palestinas passou a protagonizar o enfrentamento com o Estado de Israel. Afinal, desde a derrota humilhante da Guerra dos Seis Dias (1967), o fracasso da Guerra do Yom Kippur (1973) e o vergonhoso tratado de paz egípcio-israelense (1978), os países do Oriente Médio não entraram mais em guerra com Israel, quando não capitularam de tal forma que se transformaram em agentes do imperialismo na região.

Naquele momento, ações como a Operação Badr (1973), em que os governos egípcio e sírio combinaram um ataque surpresa contra Israel e invadiram o território ocupado pelos sionistas, estavam fora de cogitação. É neste cenário que os civis palestinos se levantam e travam conflitos de longa duração com o exército de Israel.

Primeira Intifada

A Primeira Intifada teve início em 9 de dezembro de 1987, logo após um jipe militar israelense colidir com dois veículos onde estavam civis palestinos. Quatro palestinos morreram, sendo que três deles eram refugiados do campo de Jabalia. Criado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) em 1948, o campo de Jabalia é, hoje, o maior dos oito campos de refugiados da Palestina, com cerca de cem mil pessoas (Gaza’s Jabalia refugee camp, where 100,000 are packed into a square kilometre. The National. 1/11/2023).

Embora Israel tenha negado, a colisão foi vista pelos palestinos como uma ação de retaliação à morte de um isralense na região, que teria acontecido alguns dias antes (34 Years after First Palestinian Intifada, Peace with Israelis Remains Elusive. Voa News. 7/12/2021). No dia seguinte, após o funeral dos palestinos, seus familiares começaram a hostilizar os soldados israelenses. Segundo o jornalista Safwat al-Kahlout, palestinos, sobretudo jovens, cercaram uma viatura das forças de segurança israelenses e começaram a atirar pedras. Os soldados, então, fugiram para uma casa próxima e abriram fogo, matando um palestino (Idem).

Por causa desse ataque de pedras do povo palestino desarmado contra as tropas israelenses – cena que iria se repetir em vários momentos –, a Primeira Intifada é também conhecida como “a revolta das pedras”. Os jovens com idade entre 10 e 25 anos, chamados de “shabab”, seriam os principais combatentes do levante.

A indignação dos palestinos em Jabalia rapidamente contaminou os outros campos de refugiados, dando início a um típico processo de rebelião contra a ocupação israelense, com protestos, piquetes, enfrentamentos violentos, pichações e o lançamento de pedras e coquetéis molotov. Além disso, os palestinos organizaram greves gerais e se recusaram a trabalhar em assentamentos israelenses e a pagar impostos.

Embora as manifestações iniciais tenham sido espontâneas, a rebelião logo passou a contar com a participação das entidades ligadas à Organização para a Liberdade da Palestina (OLP): Fatah, Frente Popular, Frente Democrática e Partido Comunista. A principal autoridade da OLP, Yasser Arafat, defendia que a rebelião não fosse armada, pois, para ele, tornaria mais fácil um acordo com Israel para a devolução dos territórios tomados durante a Guerra dos Seis Dias (1967). Mesmo fazendo oposição à OLP, o Hamas e a Jiade Islâmica participaram da Primeira Intifada, defendendo uma ação bélica contra Israel.

A resposta do Estado sionista, como de costume, foi duríssima: 80 mil soldados foram mobilizados, lançando bombas de gás lacrimogêneo, granadas e até mesmo balas. O ministro da Defesa à época, Yitzhak Rabin, chegou a afirmar que as tropas deveriam “quebrar os ossos” dos rebeldes (Entenda o que é a Intifada palestina, “a revolta das pedras”. Correio do Povo. 8/12/2017). Nos primeiros 12 meses, 332 palestinos, sendo 53 menores de idade, foram mortos. Ao longo de seis anos, mais de mil palestinos e 160 israelenses perderam a vida nos conflitos (34 Years after First Palestinian Intifada, Peace with Israelis Remains Elusive. Voa News. 7/12/2021).

Além da capitulação dos governos nacionais diante de Israel, também contribuíram para o levante palestino o ascenso do Licude, partido de extrema-direita do hoje primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em 1977, e as sucessivas agressões aos territórios onde se organizava a resistência palestina. Entre as políticas levadas adiante pelo Licude, estava o incentivo a que israelenses montassem assentamentos e expulsassem mais palestinos de Gaza e da Cisjordânia, bem como a invasão bem sucedida do Líbano, como forma de tentar desmantelar a OLP, que tinha bases naquele país.

A Primeira Intifada terminou depois das negociações secretas ocorridas em Olso, que visavam a um acordo de paz. O líder da OLP à época, Yasse Arafat, assinou o acordo que previa o estabelecimento de um Estado palestino em cinco anos, reconhecendo dessa forma a legalidade do Estado de Israel. O Hamas rejeitou o acordo e continuou lutando contra os sionistas.

Segunda Intifada

Passado o prazo, o acordo, obviamente, não foi cumprido, contribuindo, assim, para que, em 2000, tivesse início a Segunda Intifada. Além do não cumprimento, por parte de Israel, do acordo de paz, também contribuiu para a nova onda de levantes a derrota israelense no Sul do Líbano para o Hesbolá, que foi visto como um grande alento para os grupos armados que lutam contra os sionistas.

Aquilo que é considerado como marco inicial da Segunda Intifada é a visita de Ariel Sharon, do Licude, à Esplanada das Mesquitas, o que foi visto como uma clara provocação aos palestinos, para quem o local é sagrado. No dia seguinte à visita, sete palestinos foram mortos em uma série de confrontos com os militares israelenses no Muro das Lamentações. Ao contrário da Primeira Intifada, quando a maior parte da rebelião se deu com os palestinos desarmados, diante da ilusão de um tratado de paz, na Segunda Intifada, foguetes e ataques suicidas eram frequentes.

Segundo relatório da Organização Betselem, um total de 3.810 palestinos foram mortos durante os conflitos, sendo 558 crianças. Os israelenses tiveram 635 baixas. Nada menos que 3.700 casas foram demolidas pelas tropas sionistas. Em 2004, próximo ao fim do conflito, 7.366 palestinos encontravam-se presos em Israel, sendo 386 crianças.

Em 2004, morre Yasser Arafat, de causas aparentemente naturais. Se antes, sob sua liderança, a Autoridade Palestina já se encontrava muito desmoralizada por suas sucessivas capitulação diante do Estado de Israel, no início de 2005, com a eleição de Mahmoud Abbas, as negociações para acabar com a Intifada se aceleraram. Mesmo sem um acordo como o de Oslo, que ofereceu um pretexto para o fim da rebelião palestina, a Segunda Intifada terminaria naquele ano.

A Autoridade Palestina entrou em uma profunda crise, que se tornou ainda mais intensa com as denúncias de corrupção. Foi com isso que o Hamas adquiriu a popularidade que tem hoje, de tal forma que venceu as eleições legislativas de 2006, com ampla maioria.

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