Nesta terça, dia 21 de fevereiro, o presidente russo Vladmir Putin anunciou a suspensão da participação da Rússia do tratado Novo START – que é um tratado de controle de armas nucleares entre Estados Unidos e Rússia. Trata-se, no entanto, apenas de uma suspensão da participação russa, não de uma saída definitiva.
O Novo START – Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas, em tradução – tinha por objetivo limitar a quantidade de ogivas nucleares que os EUA e a Rússia poderiam instalar em seus mísseis. O tratado era o último voltado ao controle de armas entre os dois países.
O tratado determinava que os EUA e a Rússia se inspecionassem mutuamente, com 18 visitas a instalações por ano e monitoramento por satélite das infraestruturas nucleares, a fim de garantir que ambos cumprissem com as obrigações estabelecidas – como o limite de ogivas nucleares. Ao suspender o tratado, Putin declarou que, embora não vá sair dele, não seguirá permitindo que os países da OTAN inspecionem o arsenal militar russo.
Os Estados Unidos, por sua vez, nunca respeitaram efetivamente tratado. O ex-presidente Donald Trump tentou, por diversas vezes, revê-lo; para com Biden, Putin definiu desse modo sua relação com a Rússia: “cumpram tudo, mas nós vamos agir como quisermos”.
A suspensão da participação russa do tratado que regula as armas nucleares entre os dois países com maior arsenal do tipo no mundo é um indicativo da possibilidade de escalada da guerra contra a OTAN.
Assim que fez o anúncio da suspensão, Putin pediu às autoridades russas que estejam prontas para testes nucleares caso os Estados Unidos os realizem primeiro. Vale lembrar que, um dia antes, Joe Biden havia feito uma visita secreta a Kiev e anunciou mais US$ 500 milhões em ajuda militar para a Ucrânia.
Trata-se, finalmente, de um marco na escalada da guerra da Rússia contra o imperialismo. O desenvolvimento das contradições, portanto, abre a possibilidade de haver uma guerra nuclear aberta: seja com os russos utilizando um arsenal nuclear contra a Ucrânia, ou com uma guerra nuclear direta entre a Rússia e os países da OTAN.
A suspensão da participação russa no START, por si só, não significa isso. Ela é apenas uma ameaça ao imperialismo, demonstrando que Putin não tem medo de utilizar as armas nucleares de seu país, mas não representa, necessariamente, que elas serão usadas ou que o conflito se encaminha para tal desfecho.
No entanto, fato é que a possibilidade existe. A suspensão do Novo START, a escalada das tensões na guerra contra a OTAN, as declarações de Biden, em Kiev e em Varsóvia, classificando Putin como genocida e como criminoso de guerra são todos elementos de um maior tensionamento na guerra, que pode, sim, levar ao uso de armas nucleares.