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A farsa do “interimperialismo”

Rússia e China não são imperialistas

Não há imperialismo russo ou chinês, mas sim uma luta mundial contra o domínio imperialista

O sítio na internet “Em defesa do comunismo” que se proclama “Um veículo marxista-leninista brasileiro, dedicado à reconstrução revolucionária do movimento comunista internacional” é um blog anônimo que publica opiniões que acompanham a política do chamado “PCB-RR”, fração que rompeu no último período com o PCB e é liderada por Jones Manoel. Em uma matéria classificada como “contribuição anônima”, intitulada Combater as guerras interimperialistas!, o camarada anônimo escreve um longo texto que tem como objetivo convencer o leitor que, tal como os Estados Unidos da América, países oprimidos e parceiros do Brasil nos BRICS, Rússia e China, são também países imperialistas.

Em sua primeira parte, o texto se desenvolve falando sobre a história da luta no século XX entre os países imperialistas, cita vários trechos de Lênin em uma tentativa de legitimar teoricamente o conteúdo apresentado e, por fim, classifica a contrarrevolucionária aliança entre o stalinismo com os países imperialistas uma “frente antifascista mundial”. No entanto, apesar das bizarrices históricas, o ponto central do texto é a tesa dos conflitos “interimperialistas” que estariam ocorrendo nos dias atuais.

Em uma passagem, o autor anônimo descreve:

“Desde a década de 2010, as potências imperialistas rivais dos EUA, lideradas pela Rússia e pela China, têm exercido a sua força e pressionado pelo estabelecimento de uma nova ordem mundial multipolar, para refletir o atual equilíbrio de poder económico e militar. O estabelecimento da cooperação econômica e bancária dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) são desafios diretos ao domínio econômico e militar de longa data dos EUA. Estes desafios coincidem com o declínio econômico estratégico dos EUA resultante, entre outros, de um declínio na capacidade de produção, do endividamento profundo e dos sucessivos colapsos financeiros da bolha pontocom (2000), da bolha subprime ou imobiliária (2007) e dos colapsos bancários (2008).”

Um primeiro ponto que chama a atenção seria o fato que Rússia e China lideram um bloco rival aos Estados Unidos. Apesar do autor não citar quem seriam estas potências, podemos imaginar que estes verdadeiros rivais do imperialismo seriam os principais aliados dos países oprimidos, ou seja, os BRICS. O autor obviamente não leva até essa conclusão que levaria à ideia que Brasil e Índia, por exemplo, seriam parte deste temível bloco imperialista rival.

Além desta farsa, o autor destaca que:

“O ataque militar da Rússia contra a Ucrânia (a sua chamada operação militar especial) é um ato de contra-agressão. Não é um ato de resistência contra a opressão nacional, mas sim um ato para defender os seus interesses imperialistas contra o expansionismo da OTAN e a invasão da antiga esfera de influência da Rússia na Europa de Leste, e move-se para que a Ucrânia adira à OTAN. O objetivo da Rússia é proteger os interesses da sua oligarquia financeira, restaurar o seu domínio político na Ucrânia para manter o país como uma proteção contra a invasão da OTAN e preservar os antigos territórios agrícolas e industriais sob a hegemonia da Rússia. Para atingir o seu objetivo, a Rússia desencadeou uma grande catástrofe sobre o proletariado e o povo ucraniano. O proletariado internacional e russo não simpatiza nem apoia a guerra da Rússia na Ucrânia.”

Aqui temos os centro da tese. A ação da OTAN foi a causadora da guerra na Ucrânia, no entanto, a ação russa, apesar de ser uma resposta, seria em defesa de seus interesses imperialistas. No entanto, quais interesses imperialistas seriam sesses?

O autor classifica a disputa pelo controle da fronteira russa como suficiente para classificar o país como imperialista. Contudo, apesar de citar Lênin em seu texto, o autor ignora um dos pontos mais fundamentais da teoria marxista sobre o imperialismo.

No mesmo texto, é citado o seguinte trecho de Lênin “uma guerra pela divisão do mundo, pela divisão e repartição das colônias e esferas de influência do capital financeiro, etc.”. Lênin descreve a guerra entre países imperialistas como uma guerra pelas colônias e o domínio do capital financeiro. No entanto, se pensarmos no casso russo, que domínio econômico seria este afinal?

Os russos possuem, bem como todos os países imperialistas, grandes monopólios internacionais? Que parcela do mercado capitalista internacional a poderosa economia imperialista russa domina? Se vermos na prática, apenas na exportação de matérias-primas e materiais agrícolas os russos possuem alguma presença no mercado mundial, ou seja, não disputam nenhum setor de ponta da economia capitalista mundial. Pelo contrário, suas empresas nacionais são esmagadas pela pressão do imperialismo e sofrem sérias dificuldades de desenvolvimento.

Neste caso o autor contradiz o próprio trecho onde menciona Lênin ao afirmar que “As características essenciais do imperialismo, tal como Lenine identificou e delineou como capitalismo monopolista”.

Também sobre a Rússia, o autor afirma que Putin é impopular dentro dos trabalhadores e que sua política de conflito com a OTAN deveria ser rejeitada, por ser contra os interesses do proletariado russo, bem como ucraniano. Contudo, a realidade demonstra o completo oposto. A medida que os russos avançam, a popularidade de Vladimir Putin apenas aumenta, tanto em território russo como na região do Donbass, parcela importante da Ucrânia revoltada contra o golpe de Estado promovido pelo imperialismo no país.

O mesmo vale sobre a tal “China imperialista”. Apesar de toda a campanha de que os chineses estariam dominando o mercado mundial, fato é que, no terreno da tecnologia, como, por exemplo, de semicondutores, algo fundamental para área militar, tecnológica, informática, etc. os chineses são no máximo capazes de disputar o mercado de médio porte. O imperialismo, por meio de 4 empresas, sendo elas japonesas, holandesas e norte-americanas, controlaram 90% da produção mundial de semicondutores de ponta e dominam o mercado mundial. Onde os chineses disputam? Em produtos de segunda linha e de mercado voltado ao custo benefício.

O autor anônimo ignora que a movimentação chinesa e russa – dentro dos BRICS, por exemplo – representa na realidade um desenvolvimento mundial da luta contra o imperialismo. A crise provocada por este conflito é o que impulsiona, por exemplo, a revolta na Palestina e no continente africano. O apoio sobretudo russo a esses grupos anti-imperialistas demonstram inclusive uma consciência do papel que estes países se colocam na luta contra o imperialismo.

Rússia e China podem até terem o desejo de um dia serem imperialistas, no entanto, a realidade impede isso. O fato é que ambos são países atrasados, limitados e disputa de mercados secundários da economia mundial e sequer são capazes de garantir sua autonomia nos países que fazem fronteira. A Rússia luta por sua defesa na Ucrânia, a China em Taiwan, em um claro movimento de autodefesa contra o imperialismo.

Ignorar isso é ignorar a verdadeira crise mundial que vive o imperialismo e o desenvolvimento de uma luta em todos os países atrasados contra este domínio.

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