No último sábado (7), o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, realizou sua tradicional Análise Política da Semana, que vai ao ar todos os sábados, na Causa Operária TV, às 13 horas. Nesta edição, os principais destaques foram os recentes acontecimentos envolvendo Israel e Palestina e a questão da violência, evidenciada e em alta com o caso dos três médicos assassinados no Rio de Janeiro.
Israel e Palestina
“A Palestina não tem exército, enquanto Israel tem um dos mais bem armados do mundo”, inicia o companheiro Rui em sua exposição, ressaltando que “esta é a relação militar entre ambos”. O Hamas, tão criticado pela imprensa burguesa, é uma organização armada, mas não chega aos pés de algo que seja sequer perto do que são as as forças do estado de Israel, que diuturnamente agem contra o povo palestino.
No próprio sábado, o povo palestino e o Hamas, pela primeira vez, aplicaram duras derrotas ao exército de Israel, resultando em perdas territoriais e em uma derrota militar pelo menos no primeiro momento; ambos feitos históricos.
“Eles lançaram uma ofensiva contra Israel, ocuparam várias cidades, bombardearam inúmeras outras e aqui nós temos uma situação em que o Hamas conseguiu quebrar dois recordes históricos ao mesmo tempo”. Sobre isso, o companheiro ressaltou que há dois pontos fundamentais nessa questão:
“O primeiro ponto, que era um mérito da OLP na década de 70, quando pela primeira vez um movimento armado e guerrilheiro impôs uma derrota às forças militares israelenses. É importante destacar, porque os palestinos foram sistematicamente derrotados e massacrados por um exército infinitamente superior. O Hamas, hoje, superou até isso, tomando conta de várias cidades, de vários tanques, com reféns do exército israelense, tomando armas e carros de combate. Eles saíram dos guetos, derrubaram as cercas.
O segundo fato é que o território israelense nunca foi invadido e o Hamas conseguiu”, finalmente, “invadir o território israelense. Um marco histórico. É possível que o estado de Israel, com um apoio dos norte-americanos que já falaram que darão todas as armas necessárias para que o lado completamente armado se defenda dos pobres coitados que possuem armamentos próximos a pedras e paus. A relação política ainda não é favorável, mas, independentemente de como terminará, não há dúvida que temos a maior crise de todos os tempos do estado de Israel e um fato absolutamente novo na política mundial.”
No entanto, diante de uma situação talvez revolucionária, a burguesia esbraveja por todos os cantos com acusações de que os palestinos são terroristas.
“A OTAN, os Estados Unidos e a Europa já entraram na campanha contra o suposto terrorismo. Até o presidente Lula já entrou nessa. Eu gostaria que o presidente Lula tirasse uma nova nota condenando o terrorismo israelense que está bombardeando a população em Gaza, onde mais de 300 palestinos já morreram hoje. Ou será que o Estado tem o direito de ser terrorista e os pobres não têm direito a nada? No Brasil, infelizmente e com a ajuda da esquerda, apareceu a famosa condenação do terrorismo por conta do 8 de janeiro. A luta contra o suposto terrorismo é o que estamos vendo em Israel. Os israelenses matam, oprimem, prendem e fazem o diabo, mas ninguém fala em terrorismo. Daí os pobres coitados vão lá, reagem e pronto: terrorismo.”
O presidente Lula, inclusive, deu uma declaração péssima a respeito do assunto, no qual acusa os palestinos de terroristas e se solidariza, somente, com os familiares dos israelenses. Sobre tal posicionamento, o presidente nacional do PCO se dirige ao presidente da República: “companheiro Lula, falar em terrorismo palestino contra o território israelense é uma coisa verdadeiramente vergonhosa”. Confira toda a fala do companheiro Rui Costa Pimenta:
“Quando a população negra do Quilombo dos Palmares se ergueu contra a elite colonial, falaram, na época, que era terrorismo. O povo palestino é um povo martirizado, pois esmagado e oprimido não descreve mais a sua situação. A posição do PCO não é 100% com o Hamas. Não é 200%. É 1.000% com o Hamas. Não aceitaremos nenhum tipo de hipocrisia política cujo resultado será um novo massacre e o esmagamento completo da população palestina. Não adianta vir com a história do alto comissário das Nações Unidas, que quando viu os escravos se levantarem contra os escravagistas, que disse que pegar reféns é um crime de guerra. Isso não é uma guerra. É um genocídio. Não vamos aceitar a pecha de ‘terroristas’ para os palestinos com o que está acontecendo. Se existem pessoas, no Brasil, que têm consciência do sofrimento do povo brasileiro, que sofre diuturnamente contra o imperialismo, deve estar integralmente ao lado do Hamas. O Hamas está organizando a resistência do povo palestino.”
Violência e segurança pública
Nos últimos dias, o próprio companheiro Rui esteve em uma discussão com o Alberto Cantalice, dirigente nacional do PT, a respeito da questão de segurança pública, pois, como pontuou o companheiro, “um dirigente do PT saiu a público para falar que estava na hora de discutir sobre a prisão perpétua”, uma postura, claramente, bárbara e reacionária.
“Isso me chamou atenção pois é uma posição tipicamente bolsonarista, defendendo que se trate a violência no Brasil com métodos bárbaros. A opinião mais civilizada já até havia entrando em consentimento que manter a pessoa presa indefinitivamente não cumpre nenhuma posição social, sendo bárbaro e violento”.
Sobre o assunto, o companheiro reiterou que “se nós vamos, dentro da sociedade, semear a barbárie, então nós vamos ser responsáveis pelo aumento da violência e de tudo que é maléfico ao capitalismo”.
Outro fator de destaque dentre deste tema foi o assassinato dos médicos no Rio de Janeiro, possuindo, inclusive, o irmão da deputada Sâmia Bonfim dentre os assassinados. Confira a fala do companheiro Rui acerca do tema:
“Se foi realmente uma confusão, o crime organizado está dirigido pelos três patetas, pois não faz sentido. Convenientemente, com essa versão dos acontecimentos, o pessoal que teria assassinado os três teria sido morto e condenado pelo tribunal do crime. Tudo isso cheira a encobrimento. O que parece é que ficaremos no escuro como ficamos no caso da Marielle Franco, assassinada também. Aqui agora fica ainda mais obscuro.”
A Análise Política da Semana ocorre todos os sábados, às 13 horas, na Causa Operária TV, podendo ser assistida remotamente, ao vivo ou não, ou presencialmente, na zona sul de São Paulo. Confira, abaixo, o programa deste sábado (07/10/2023).
