Nesta última terça-feira, Rui Costa Pimenta realizou a sua já tradicional Análise Política da 3ª, transmitida pelo canal da Rádio Causa Operária do YouTube. O programa, semanal, tem o formato de uma entrevista, onde os apresentadores João Pimenta e Francisco Muniz fazem perguntas para Rui Pimenta, além de ler as perguntas enviadas pelo público. No programa desta semana, o tema principal era o impasse em que se encontra o governo Lula e o que fazer diante dele.
Antes de entrar nesse tema, no entanto, foram analisados alguns acontecimentos da política internacional. Um destes temas foram as eleições na Turquia, que estão para acontecer neste próximo domingo. Há toda uma campanha por parte do imperialismo para a saída do presidente Erdogan e as pesquisas são inconclusivas, com algumas mostrando a vitória do atual presidente e outras mostrando a vitória de seu oponente, o candidato Kemal Kilicdaroglu, o qual Erdogan acusa de estar sendo apoiado pelas “potências ocidentais”, com a intenção de acabar com a soberania turca. Em ambos os casos, as vitórias seriam por uma margem muito pequena, indicando que a eleição será decidida no fio da navalha.
Rui Costa Pimenta comenta que a Turquia é mais um caso da crise imperialista. Assim como Rússia, China, Brasil e outros, a Turquia é uma potência regional e tem um papel de dominação na sua região, o que não a torna um país imperialista. Apesar disso, o imperialismo já teve uma relação com essas potências, que agora vem se desmantelando e prejudicando o sistema internacional de segurança que existia antes sobre a base dessa relação. Por causa disso, está muito difícil para o imperialismo manter o controle sobre a situação mundial.
Erdogan, assim como outros governantes nacionalistas, não é nenhum revolucionário e tampouco possui uma política extremamente progressista, mas ele procura manter uma certa independência do imperialismo. Ele já teve uma relação mais próxima com os “donos do mundo”, mas isso se acabou após a tentativa de golpe de estado frustrada na Turquia em julho de 2016, apoiada pelo imperialismo.
Além disso, Rui também destacou que a Turquia é parte da OTAN, sendo um dos países da OTAN com maior presença militar na região. Portanto, teria um papel muito importante em um eventual conflito, como o que se desenvolve na Ucrânia. Por causa disso, a perda da Turquia seria algo calamitoso para o imperialismo.
Também foi comentado o tema das eleições norte-americanas, com a provável repetição do embate Donald Trump versus Joe Biden, sendo Biden o candidato mais velho na história dos Estados Unidos.
Sobre isso, o presidente nacional do PCO comentou que seria importante a esquerda brasileira, particularmente o PT, observasse o que acontece nos Estados Unidos agora. Após todos os ataques, com tentativa de prisão, inclusive, Donald Trump conseguiu, nas últimas pesquisas, ultrapassar as intenções de voto de Joe Biden, sendo agora o favorito para vencer as eleições presidenciais dos EUA.
Esse resultado mostra que está dando errado a tática do bloco Democrata, apoiado pela esquerda norte-americana, que consistiu em processar Trump e procurar impedir que ele fosse o candidato do Partido Republicano. Toda a perseguição contra ele, na verdade, apenas aumentou sua popularidade entre os norte-americanos. No Brasil, a esquerda procura copiar a receita no caso Bolsonaro e a situação atual de Trump é um demonstrativo de por que essa política é absolutamente catastrófica.
A popularidade de Trump é uma evidência de que o regime político dos EUA está caindo aos pedaços. Já não é mais possível manter a aparência democrática que esse regime teve nos últimos dois séculos. Trump representa uma divergência no interior da burguesia norte-americana, de um setor que não quer mais levar adiante a política defendida pelo imperialismo. E, para impedir sua vitória, os norte-americanos promovem uma escalada ditatorial muito profunda, mas que também dá indícios de que não dará certo.
Sobre a situação nacional, o tema abordado foi o impasse em que se encontra o governo Lula diante do Congresso, que impossibilita que ele realiza sua política. Nesta semana, foram vistas duas derrotas do governo, sendo as mais vistosas o PL das fake news e a tentativa de Lula de vetar o marco do saneamento básico, que irá privatizar o sistema de esgoto e de distribuição de águas de todos os Estados.
Sobre essa situação, Rui faz uma explicação de como o PT chegou a esse ponto. Após ter elegido o Presidente da República, o PT precisou lotear todo o governo com cargos para conseguir uma governabilidade no Congresso. O problema é que as pessoas indicadas por Lula não têm uma base real no Parlamento. A base do PT no Congresso é de 136 deputados, com os quais não dá para fazer nada. Ele fica, portanto, na mão dos que ganharam as eleições parlamentares.
O problema principal é que o governo não tem muito com o que negociar com o Congresso. O próprio orçamento federal não é de grande importância, porque o Congresso já conquistou uma certa autonomia com relação a esse orçamento. O próprio Presidente da Câmara, Arthur Lira, já não se considera mais como base do governo, mas como alguém independente do próprio governo.
Seria necessário o governo conseguir um apoio mais firme por parte da própria classe operária, mas isso tem se tornado cada vez mais difícil, não só porque Lula ainda não conseguiu apoiar uma política social mais significativa, mas também porque muitas das medidas adotadas pelo governo são impopulares, como o próprio PL das fake news e a retirada de milhões de pessoas do Bolsa Família. É nisso, portanto, que consiste o impasse em que se encontra o Governo.
Muito mais foi discutido sobre estes temas e vários outros. Para acompanhar o programa em sua integridade, basta acessar o vídeo abaixo. Lembrando que a Análise Política da 3ª acontece todas as terças-feiras na Rádio Causa Operária, às 16 horas:
