Nesta última terça-feira (11), Rui Costa Pimenta apresentou sua tradicional Análise Política da 3ª na Rádio Causa Operária. O programa é apresentado pelos companheiros João Pimenta e Francisco Muniz, com os comentários de Rui. Além disso, também são trazidas as perguntas do público, que as envia ao vivo. Neste último programa, o tema central abordado foi uma retrospectiva dos 100 dias do governo Lula.
Sobre isso, Rui comentou que as grandes iniciativas do governo estão sendo todas travadas pela burguesia, desiludindo todos que acreditavam que a burguesia e o imperialismo estavam apoiando o governo Lula. Um aspecto desse travamento são os juros altos impostos pelo Banco Central presidido pelo bolsonarista Campos Neto, que sabota e trabalha para desestabilizar o governo.
Outro fator de travamento do governo, comenta Rui, é o Congresso Nacional, onde o governo Lula precisa fazer “acordos rebaixados para conseguir as coisas mais elementares”. As estatais também estão engessadas. Graças a uma lei aprovada pelo “delinquente criminoso” Michel Temer, Lula não está conseguindo controlar a Petrobrás. Além disso, a burguesia faz campanha aberta a favor das privatizações, a exemplo da manchete mentirosa da Folha de São Paulo, que diz que a maioria do povo é a favor das privatizações, sendo que a pesquisa indica que apenas 38% da população apoia, e a maioria é contra as privatizações.
Nesse panorama, é possível ver que o governo está engessado e está buscando o dinheiro de todas as maneiras possíveis, através da tributação de alguns itens mais caros de consumo, acabar com alguns tipos de isenções fiscais e outras medidas parciais para procurar aumentar a arrecadação do Estado Nacional.
Evidentemente que não será possível resolver o problema com essas ações, mas essa política de “raspar o tacho” poderá, eventualmente, mostrar para a população qual o verdadeiro problema. A política neoliberal que a burguesia tenta impor ao brasileiro irá criar uma situação catastrófica, mostrando que a burguesia não se preocupa com a situação no Brasil. O governo, muito provavelmente, terá que tomar medidas mais abrangentes para resolver a situação econômica, o que indica que a crise tende a se agravar nos momentos futuros.
Rui Costa Pimenta também abordou a fala do líder do MST, João Pedro Stédile, que afirmou que os Sem Terra irão ocupar terras em todo o Brasil durante o mês de abril, período em que ocorrerá o chamado “Abril Vermelho”, um mês de mobilizações dos camponeses para relembrar o massacre de Eldorado dos Carajás. Stédile afirmou que durante o mês serão feitas diversas ações – ocupações de terras, mobilizações, manifestações, etc. – para pressionar os governos a cumprirem a Constituição e a desapropriar o “latifúndio improdutivo” e realizar a reforma agrária no país.
O comentário levou a uma série de reivindicações dos bolsonaristas ao presidente Lula, entre elas há um pedido de prisão de Stédile, CPIs sendo protocoladas em diversas casas legislativas e a afirmação feita pelo líder da União Brasil de que “o presidente Lula precisa controlar o MST”.
Sobre o tema, Rui destacou, primeiramente, que é nesse campo em que ficará claro que a sanha punitiva da esquerda contra os manifestantes bolsonaristas do 8 de janeiro e de outras manifestações anteriores irá se voltar contra a população e contra os movimentos sociais. Anteriormente, a esquerda pediu a intervenção da polícia e do Judiciário contra os bolsonaristas, além de clamar por censura nas redes sociais e outras ações semelhantes por parte do aparato repressivo.
No entanto, isso só possibilita o aumento da repressão contra a própria esquerda e isso fica claro no caso do MST e outros movimentos de sem-terra. O companheiro Rui relembra a prisão de Magno Souza, índio guarani-caiouá do Mato Grosso do Sul e candidato do PCO ao governo do Estado. Ele foi capturado, com outras 10 pessoas, pela polícia fascista do MS e levado para a cadeia por estar ocupando uma terra que pertence originalmente aos índios. O caso da prisão de José Rainha, líder da FNL, também é um exemplo disso.
Rui comenta: “A repressão vai aumentar. Os bolsonaristas não são minoria no país. Os juízes bolsonaristas e direitistas são a imensa maioria. Aquilo que a esquerda fez deu carta-branca para os direitistas deitarem e rolarem, e eles vão deitar e rolar mesmo”.
A intenção é prender Stédile e outros membros do MST e, caso isso aconteça, irá abrir um precedente para que a repressão se intensifique contra todos os outros movimentos do campo, já que o MST é o maior e mais institucionalizado de todos eles.
Muitos outros temas também foram abordados durante o programa, como a censura nas redes sociais, os massacres em escolas e mais. Para acompanhar toda a discussão, basta acessar o programa através do vídeo abaixo e assisti-lo integralmente. Além disso, não perca a Análise Política da 3ª, todas as terças-feiras no canal da Rádio Causa Operária, do YouTube, às 16 horas.
