Os acontecimentos em nosso País, nos últimos dias, são de enorme gravidade.
Supostamente sob controle do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Polícia Federal (PF) empreendeu, no último dia 8, uma operação totalmente ilegal contra pessoas ligadas ao partido libanês Hesbolá.
Em nota, a PF justificou as duas prisões e mandados de busca e apreensão contra 11 cidadãos, afirmando que “recrutadores e os recrutados devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organizações terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo”.
A nota e as declarações posteriores do ministro da Justiça e outros em nada esclareceu sobre de que “terrorismo” a PF se refere e sobre a clara ingerência de governos de outros países em instituições do Estado brasileiro.
A começar pelo fato de que o Brasil não reconhece o Hesbolá como uma organização terrorista, oficialmente, de modo que “ser do Hesbolá” sequer pode ser uma acusação para qualquer fim.
Deixando claro a quem serve o triste espetáculo realizado, a sinistra agência de espionagem e terrorismo do Estado de Israel, Mossad, publicou uma nota na tarde do próprio dia 8 afirmando que os sionistas “por meio de vários métodos” atuaram contra uma suposta célula do partido no País, e agradeceu “aos serviços de segurança brasileiros pela prisão”.
O próprio chefe do regime nazista israelense, Netanyahu, odiado em todo o mundo, comemorou nas redes sociais que “os serviços de segurança brasileiros, juntamente com o Mossad […] frustraram um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hesbolá, dirigida e financiada pelo Irã”, fazendo campanha contra um país com quem o Brasil tem boas relações, tendo apoiado sua entrada nos BRICS.
Segundo a rede britânica BBC, “uma fonte diplomática brasileira disse à BBC News Brasil que o Itamaraty não foi informado de antemão sobre a operação da PF e a cooperação com forças policiais internacionais” e apontou também que “agentes americanos do Federal Bureau of Investigation (FBI), também tomaram parte na investigação”.
Resumindo: os genocidas que estão massacrando e patrocinando o massacre do povo palestino, por meio de seus órgãos de espionagem, dirigiram a ação da PF brasileira, claramente em favor dos seus interesses, contra países e organizações que se opõem à sua política criminosa.
Trata-se, como nós do PCO vimos assinalando, de um atentado ao pluralismo político – demonstrado por um claro ataque a uma organização política, culminando em prisão e outras medidas repressivas -, aos direitos democráticos – expresso na repressão a supostos “atos preparatórios de terrorismo”, seja lá o que for isso – e, não menos importante, à soberania nacional.
A PF, trabalhando com o FBI e com o Mossad para reprimir a população brasileira, é um fato da maior gravidade e acende o alerta vermelho a todos que lembram a fase áurea e mais tenebrosa da famigerada Operação Lava-Jato.
Não é à toa que Sérgio Moro, Bolsonaro e toda a direita comemoraram a operação.
Repetir o erro crasso nesse momento de crise, em que a direita se mobiliza para sufocar o presidente Lula e impedi-lo de governar, é o caminho certo para um desastre político pior do que o golpe de 2016.
O fato de ter acontecido novamente no ministério de Flávio Dino (PSB) demonstra que sua manutenção no cargo é uma ameaça ao governo do presidente Lula e à população brasileira de conjunto.
A situação deixa evidente a necessidade do governo abandonar a posição centrista diante do massacre que vem sendo realizado contra o povo palestino, com mais de 12 mil pessoas mortas (dentre elas 5 mil crianças) e a destruição, segundo a própria ONU, de 50% de todos os prédios e habitações, inclusive com o uso de armas proibidas pelas selvagens leis da guerra. O Brasil, sob o governo Lula, não pode fingir que não ver a operação nazista que Israel realiza e se limitar a esperar pela saída dos brasileiros da região.
A intromissão de uma agência governamental israelense e do FBI nas liberdades democráticas duramente conquistadas por companheiros de valor – que em determinado momento se valeram de métodos “terroristas” contra o regime de terror da Ditadura Militar -, devem ser respondidas com o rompimento total das relações com Israel, a denúncia da política nazista desse país artificial, opressor do povo árabe, e, também, com a demissão de Flávio Dino. Recuar nisso é escancarar as portas do Planalto para a ação golpista.