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Na III Conferência Nacional

Roberto Requião: “O capital financeiro está dominando o Brasil”

Durante sua intervenção, Requião denunciou a infiltração de figuras direitistas no governo Lula, defendendo que o presidente vá cada vez mais à esquerda

No último final de semana, milhares de militantes e ativistas se reuniram na Quadra dos Bancários, em São Paulo, para participar da III Conferência Nacional dos Comitês de Luta.

O evento, que contou com a presença de dezenas de organizações populares como o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), a APEOESP (o maior sindicato da América Latina), o Partido dos Trabalhadores (PT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e muitas outras, serviu como uma verdadeira alavanca ao movimento popular. Discutindo como colocar em prática um programa que impulsione a luta dos trabalhadores em prol de suas reivindicações.

Dentre as figuras presentes no evento, está Roberto Requião (PT). Governador do Paraná entre 1991 e 1994 e, por uma segunda vez, entre 2003 e 2010, além de ex-senador da República, Requião concedeu, na mesa de discussão de encerramento da Conferência, um discurso acerca da situação política nacional.

O petista, que vem se destacando no último período por uma posição nacionalista, fazendo um contraponto à esquerda pequeno-burguesa que segue fielmente a política do imperialismo, deu um panorama de qual é, para ele, a situação na qual o Brasil e o governo Lula se encontram.

“Vamos olhar agora para o governo federal. O que está acontecendo no governo federal? Qual é o ministro nacionalista e Progressista no governo federal? Não, nós estamos numa aliança amplíssima, e amplitude dessa aliança é tão grande que quem não tem voz mais, a meu ver, é o povo brasileiro […] Eu vejo que só resta no governo o discurso forte, excepcionalmente forte, do Lula”, afirmou Requião na abertura de sua fala.

Seguindo seu raciocínio, Requião destacou o papel do capital financeiro na sabotagem com a qual o País e o governo sofrem neste momento. “O capital financeiro está dominando o Brasil”, afirmou o ex-senador.

Em relação à Petrobrás, por exemplo, a qual Requião chamou de uma “companhia que se submete aos interesses do capital estrangeiro”, ele denunciou como o imperialismo está em posses da empresa apesar de ela não ser completamente privatizada.

“A Petrobrás, há alguns anos, era responsável por 80% dos investimentos feitos no nosso País. Hoje, a Petrobrás tem lucros fantásticos com aumento brutal do custo dos derivados, e esse dinheiro vai para fora. E vai por que, companheiros? Vai porque o Fernando Henrique [Cardoso] e o nosso governo com Lula à frente entregaram para o capital privado 67% das ações da Petrobrás”, disse, defendendo que a empresa deve ser nossa, do povo brasileiro.

Mais adiante, Requião denunciou o papel da política identitária, mostrando como a presença de representantes da luta dos índios e dos negros na Conferência, discutindo e lutando por um programa que nada tem a ver com o identitarismo, prova que se trata de uma política inócua, demagógica:

“Esta retalhação de mobilização popular em cima de corporações. Se do ponto de vista civilizatório, como o movimento identitário é louvável, é decente, do ponto de vista da mudança da economia, é absolutamente superficial e diversionista. Ela diverte a opinião pública, do italiano divertire, desviar do que geralmente importa.”

Ainda denunciando a infiltração da burguesia no governo Lula, o ex-governador do Paraná citou a declaração de Alckmin, que afirmou que o governo não pensa em reverter a privatização da Eletrobrás. Citou, também, a fala de Jorge Messias, advogado-geral da União, que disse que o plano do Executivo é aperfeiçoar a privatização da gigante energética brasileira.

Todavia, apesar de todos os ataques que a burguesia brasileira, ao lado do imperialismo, desfere contra o governo eleito pelos trabalhadores, Requião afirma que o discurso de Lula o “empolga”, lhe “entusiasma”.

“Eu acho que nós temos que sustentar esse governo. Nós temos que mostrar ao Lula que, se ele transformar o discurso em prática – porque afinal, de nada vale a fé sem a obra – e ele tomar algumas atitudes impulsionado pelo movimento de massas, nós conseguimos iniciar uma transformação. Mas, para isso, é fundamental, na linha do que o Rui [Costa Pimenta, que discursou antes de Requião] levantou aqui, entender a essência do problema, o problema do domínio do capital financeiro sobrepondo ao capitalismo produtivo no mundo”, disse o petista.

Para finalizar o seu discurso, Requião retomou a situação da Venezuela como um exemplo de como a esquerda deve lutar no Brasil. Há décadas que o país luta contra os ataques brutais do imperialismo, que tenta derrubar o governo nacionalista do país latino-americano para impor uma ditadura implacável contra o povo venezuelano.

“Qual é o problema da Venezuela? O Rui citou: o problema da Venezuela é a quantidade brutal de petróleo que ela tem, que é a maior do mundo hoje conhecido. Não existe outro problema! E o bloqueio evita que a Venezuela possa fazer mudanças. O maduro fez muitas as coisas erradas, algumas certas e, para mim, o Chávez, não só por ser meu amigo pessoal, foi um sujeito simplesmente maravilhoso. Os problemas da Venezuela têm que ser resolvidos pela Venezuela, foi a declaração do Lula e o abraço que ele deu no Maduro foi um abraço de autonomia do povo venezuelano, foi maravilhoso. Nós temos que entender isso, nós temos que compreender esse processo, tomar conhecimento das origens da guerra contra o domínio absoluto e o desprezo definitivo do capital financeiro pela vida”, finalizou Roberto Requião.

No presente artigo, não foram abordadas todas as discussões levantadas pelo companheiro Requião. Você pode conferir sua fala na íntegra por meio do link abaixo, da Causa Operária TV (COTV). Veja:

Roberto Requião (PT) na III Conferência Nacional dos Comitês de Luta

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