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Perseguido por opiniões

Reino Unido pede redes para desmonetizar perfis de Russell Brand

O pretexto? Acusações de abuso sexual que surgiram recentemente. O real motivo? As posições de Brand sobre a COVID-19 e a Ucrânia, e seu alcance nas redes sociais

Recentemente o ator e comediante britânico Russell Brand foi alvo de várias acusações por estupro, abuso sexual e emocional.

Até o presente momento, as acusações foram feitas por quatro mulheres, e teriam ocorrido entre os anos de 2006 e 2013.

A primeira alega ter sido estuprada por Brand, na casa do comediante, em Los Angeles. A segunda relata que sofreu abuso emocional durante relacionamento de ambos. A terceira afirmar ter sofrido abuso sexual por parte de Brand em Los Angeles. E a quarta alega que o agiu de forma abusiva com ela, tanto sexual quanto emocionalmente.

Brand negou as acusações em suas redes sociais.

Não é o objetivo desse artigo analisar o mérito das acusações. Mesmo porque, não se tem conhecimento sobre os possíveis fatos e, até o presente momento, provas não foram apresentadas.

Contudo, deve-se lembrar que vivemos na época da política identitária do imperialismo, segundo a qual basta uma mulher (ou negro, LGBT etc.) fazer uma acusação contra alguém para tal afirmação ser tomada como verdade absoluta, resultando no “cancelamento”, ou seja, uma perseguição implacável contra a pessoa acusada. Sem provas. Sem qualquer direito ao contraditório e à ampla defesa.

Nesse aspecto, retornamos à Idade Média, à época dos julgamentos das “bruxas”.

Assim, obviamente, Brand está sendo alvo de cancelamento, em decorrência das acusações ainda não comprovadas.

Seu canal no Youtube foi desmonetizado pela rede, já no dia 20 desse mês. O que configura, na prática, não apenas o tolhimento do meio de vida de uma pessoa (ou um deles), mas também censura.

Então chegamos ao objetivo do presente artigo.

Conforme reportagem publicada no sítio “The Grayzone”, a desmonetização e a censura impostas pelo Youtube decorreram de pressão feita por uma ex-ministra do governo britânico. Caroline Dineage fora responsável pela perseguição contra as opiniões “dissidentes” sobre a COVID-19. Dissidentes em relação à posição oficial do imperialismo a respeito da doença, das vacinas e das formas de tratamento (todos aspectos perfeitamente questionáveis). Não coincidentemente, seu marido (Mark Lancaster) chegou a fazer parte do aparato de repressão dos Estado britânico, como vice comandante da 77ª Brigada do Exército Britânico, a divisão responsável pela guerra psicológica.

No caso de Brand, inúmeras vezes ele questionou em suas redes a política oficial do imperialismo em relação à COVID-19. Dentre os questionamentos, estavam aqueles referentes às formas de tratamento. Em razão disto, foi acusado, à época, de “negacionismo” e propagador de “teorias da conspiração”. Durante essa época seu canal cresceu exponencialmente, atingindo a marca de 6,5 milhões de inscritos e mais de 1 bilhão de visualizações, o que mostra que suas posições eram consideradas por milhões de pessoas, de forma que ele se tornou uma das personalidades mais influentes das redes sociais.

Então, já em 2021 o Youtube passou a verificar se os vídeos de Brand violavam as políticas do site referente à COVID. A censura já se esboçava na época.

Com o início da guerra na Ucrânia, o comediante também adotou posição contrária àquela do imperialismo. Foi acusado de espalhar “conspirações pró-Rússia”.

Em suma, duas posições por conta das quais inúmeras pessoas foram perseguidas nos últimos anos pelo imperialismo, através das instituições estatais dos países imperialistas e mesmo de muitos países oprimidos.

Ademais da censura já imposta pelo Youtube, Caroline Dineage, que agora chefia o Comitê de Cultura, Mídia e Esporte do parlamento britânico,  também enviou cartas ao Tik Tok e ao Rumble, questionando se os perfis e postagens de Brand nessas redes eram monetizadas, em especial os vídeos em o comediante se defende das acusações feitas contra ele.

Questionou também o que as empresas estariam fazendo para “evitar que criadores de conteúdos sejam capazes de minar o bem-estar de vítimas de comportamentos impróprios e potencialmente ilegais”. Em outras palavras, não só Russell Brand está sendo perseguido pelo Estado britânico por conta de suas posições políticas, mas também querem impedir que ele se defenda publicamente das acusações.

Na carta endereçada ao Tik Tok percebe-se também uma ameaça velada para que a empresa puna Brand de alguma forma, provavelmente desmonetizando seu perfil e vídeos.

Esse pedido é feito de forma expressa ao Rumble: “nós gostaríamos de saber se o Rumble irá se juntar ao Youtube e suspender a habilidade do Sr. Brand de ganhar dinheiro com a plataforma”.

Em resposta, o Rumble qualificou a atitude do Estado britânico como perturbadora:

“Enquanto que o Rumble obviamente repudia abuso sexual, estupro e todos os crimes sérios, e acredita que tanto as supostas vítimas quanto o acusado têm direito a uma completa e séria investigação, é de vital importância frisar que as recentes alegações feitas contra Russell Brand não têm nada a ver o seu conteúdo veiculado na plataforma.

[…]

Nós somos devotos da causal de defender uma internet livre – significando uma internet em quem ninguém possa arbitrariamente ditar quais ideias podem ou não ser ouvidas, ou quais cidadãos podem ou não utilizar a plataforma.

[…]

Embora possa ser política e socialmente mais fácil ao Rumble embarcar na turba da cultura do cancelamento, fazer isto seria uma violação dos valores e missão de nossa companhia. Nós rejeitamos enfaticamente as demandas do Parlamento do Reino Unido”.

Tendo em vista o fato de que Russell Brand é uma das mais influentes personalidades nas redes sociais; que suas posições políticas sobre a COVID-19 e sobre a guerra na Ucrânia vão de encontro àquela “verdade” imposta pelo imperialismo, deve-se por a seguinte questão: será mesmo que ele cometeu os crimes dos quais está sendo acusado?

É uma questão pertinente. Lembremos do caso de Julian Assange, cuja acusação falsa de estupro levou à sua prisão. Foi uma acusação para disfarçar o fato de que seu encarceramento se deu em razão dos segredos do imperialismo revelados através da Wikileaks.

Assim, deve-se admitir a possibilidade de que Russell Brand esteja sendo falsamente acusado de crimes sexuais como forma de persegui-lo por suas posições políticas inconvenientes. Afinal, é mais fácil prender uma pessoa por estupro do que por ter uma opinião divergente.

Veja-se, então, o benefício que a política identitária trouxe às mulheres. Está chegando um momento em que acusações de violência contra a mulher serão presumidas falsas, tendo em vista o histórico de acusações falsas feitas por mulheres a soldo do imperialismo para perseguir pessoas que expressam dissidência política.

Não se sabe ainda se este é o caso de Russell Brand. Mas se sabe que foi o caso com Julian Assange. E, é seguro dizer que, caso Brand tenha realmente cometido crimes de ordem sexual, não é por isto que ele está sendo acusado e perseguido. É em razão de suas posições políticas combinadas com a amplitude de seu alcance nas redes sociais.

Por isto, deve-se denunciar o fato de políticos do alto escalão do Reino Unido estarem por trás dessa perseguição ao comediante. Deve-se, igualmente, se rechaçada o cancelamento identitário, defendendo que todo e qualquer acusado tenha direito ao devido processo legal, do qual fazem parte o contraditório e ampla defesa.

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