No dia 5 de fevereiro de 2023 no Equador, juntamente com as eleições locais, ocorreram referendos populares para a votação de oito emendas à constituição. A consulta foi proposta pelo presidente golpista equatoriano, Guillermo Lasso, em setembro do ano passado. O objetivo era incluir as oito emendas em artigos relacionados ao meio ambiente, segurança e democracia. Na segurança, o ponto mais polêmico das emendas, havia a proposta de autorizar a extradição de pessoas envolvidas em crimes transnacionais e alterar funções da Procuradoria-Geral do Estado, desvinculando o organismo do Conselho de Magistratura, formado por juízes que hoje são os responsáveis pelos processos de seleção, promoções e a fiscalização dos procuradores. No âmbito da participação democrática, a emenda propunha aumentar o número de cadeiras na Assembleia Nacional e limitar as funções do Conselho de Participação Cidadã e Controle Social. No meio ambiente, o objetivo era criar um subsistema de proteção hídrica, sob controle do Sistema Nacional de Áreas Protegidas e oferecer uma compensação para comunidades afetadas pela atividade de mineração. Todas as oito propostas são de um caráter antipopular e repressivo.
O governo perdeu em todas as oito emendas, mostrando uma grande derrota de Lasso, visto que, uma pesquisa, divulgada no sábado (4), projetava que 66% dos equatorianos eram favoráveis à extradição. A derrota no referendo não foi o único fracasso de Lasso. As prefeituras de Quito e Guayaquil, as principais cidades do país, foram conquistadas por partidários do ex-presidente Rafael Correa, que está atualmente exilado na Bélgica, depois de um golpe orquestrado contra ele. Para o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza, o “Não” às emendas constitucionais são um “triunfo do povo”. “As pessoas que não podem estudar, que não têm emprego, disseram oito vezes não à essa consulta popular”, declarou Iza. Também, o analista político da Universidade das Américas (UDLA), Sebastián Donoso, declarou: “As eleições em termos gerais demonstram uma rejeição dos eleitores ao governo de Lasso, que tem uma rejeição de 80%”.
A derrota de Guillermo Lasso, também é uma derrota do imperialismo, pois o presidente golpista é praticamente um agente dos americanos. Com a eleição de Lula no Brasil e a instabilidade que toma conta da América Latina, abre-se novamente uma oportunidade de maior independência dos países latino-americanos em relação ao imperialismo, e abre-se uma janela para uma possível liderança e protagonismo do Brasil. Sabemos que o Partido dos Trabalhadores (PT) e o partido de Rafael Correa no Equador são partidos ligados a uma pequena burguesia. Contudo estes partidos conseguem colocar em movimento a classe trabalhadora que enfrenta uma situação de extrema dificuldade no momento atual por pressão dos países imperialistas.
A derrota de Lasso mostra um movimento claro das massas à esquerda no Equador e no continente. A América Latina é uma panela de pressão e agora é o momento de organização dos trabalhadores com pautas centrais de salário, emprego e expropriação do imperialismo na região. Organizar contra os golpistas e os capachos do imperialismo, por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.