Por Victor Assis
Na manhã do último domingo (3), um incêndio tomou conta do Mercado da Encruzilhada, localizado na Zona Norte do Recife. O fogo só foi controlado cerca de 40 minutos depois, o que permitiu que parte significativa da estrutura ficasse comprometida. Um pedaço do Mercado desmoronou.
Conhecido pelo famoso bolinho de bacalhau, o Mercado da Encruzilhada é um dos mais populares do Recife, que conta com outros estabelecimentos bastante tradicionais, como o Mercado da Madalena, o Mercado de São José, o Mercado de Santo Amaro, o Mercado de Casa Amarela e o Mercado da Boa Vista. O equipamento público oferece a seus clientes desde frutas a artigos regionais, como linguiça matuta e carne de sol, e é o destino de milhares de pessoas todo mês.
Diante da importância do local para a cidade, nossa equipe de reportagem foi ao Mercado da Encruzilhada no dia seguinte ao incêndio para conversar com moradores do bairro e com comerciantes, bem como para averiguar a situação;
Ao chegarmos na manhã da segunda-feira (4), nos deparamos com um Mercado da Encruzilhada fechado, bem diferente do local movimentado que costuma ser. O estabelecimento estava interditado e resguardado pela guarda municipal.
À frente do mercado, estavam algumas dezenas de comerciantes.. Todos trabalhavam dentro do mercado e se encontravam aflitos diante da falta de informações por parte da Prefeitura do Recife, que é comandada pelo PSB desde 2013. Por volta das 9h15, nossa equipe flagrou uma rápida reunião entre os trabalhadores do mercado e autoridades públicas.
“Tem alguma previsão?”, perguntaram os comerciantes, desesperados. “Estamos aqui há 24 horas”, disse um deles. As autoridades apenas balançaram a cabeça negativamente. “Sarapatéu, bode, queijo… tudo isso vai estragar”, disse um senhor. E a resposta? “Vamos tentar conseguir algum gelo”. A reunião terminou em menos de dez minutos, sem qualquer informação útil para os comerciantes.
Até o momento, as causas do incêndio ainda não foram devidamente esclarecidas. Em entrevista à nossa equipe, Dona Maria “da carne de sol” afirmou que, quando o incêndio começou, o sistema de alerta do Mercado não estava funcionando. “Teve que um funcionário do Mercado ir de moto nos bombeiros avisar”, disse ela. Dona Maria se mostrou muito preocupada com os seus produtos, que iriam perecer rapidamente se não fossem devidamente refrigerados. “Deram apenas cinco minutos para a gente entrar lá e pegar nossas coisas”. A comerciante afirma que, no domingo, não foi fornecida qualquer tipo de assistência para que os comerciantes guardassem devidamente seus produtos.
Segundo Dona Maria, nenhuma informação precisa foi dada pela Prefeitura. Desde o incêndio, os comerciantes estão sem saber qual será o seu destino, nem mesmo têm contato direto com a Prefeitura. A vendedora de carnes e laticínios informou que cerca de oito a dez boxes foram completamente destruídos pelo incêndio.
O corretor de seguros Jorge Francisco Cordeiro, que reside no bairro da Encruzilhada há anos, lamentou a situação do Mercado e disse se tratar de um caso de negligência. “O verdadeiro culpado disso é o Estado. Os hidrantes não tinham água, os extintores não eram suficientes”.
Ao mesmo tempo em que a Prefeitura se mostrou incapaz até mesmo de providenciar gelo para que os comerciantes guardassem seus produtos – mesmo o Mercado estando a menos de cinco quilômetros de fábricas de gelo -, a polícia logo chegou para impedir que houvesse protestos ou que os comerciantes tentassem entrar para reaver seus produtos.
“Eu só espero que a Prefeitura resolva logo essa situação e que indenizem todas as famílias dos atingidos pelo incêndio”, finalizou Dona Maria.
