O ataque do Hamas a Israel do dia sete de outubro abriu uma crise sem precedentes para o imperialismo mundial. O fato de um grupo de martirizados ter conseguido impor uma derrota para um dos países mais pesadamente armados do mundo é algo que superou as expectativas até do mais ousado apoiador da Palestina.
Os mísseis do Hamas conseguiram furar o Domo de Ferro israelense, outrora considerado uma barreira intransponível. Foi necessário um sofisticado cálculo para determinar a quantidade necessária de mísseis e foguetes para superar a capacidade da defesa antiaérea israelense, fornecida e financiada pelo imperialismo mundial.
A importância política desse fato é gigantesca. Pode-se dizer, sem medo de exagerar, que foi o acontecimento mais importante do século. O Hamas conseguiu acabar com o mito da invencibilidade de Israel e deu ao povo palestino e a todos os revolucionários do planeta uma perspectiva de derrotar um dos mais importantes prepostos do imperialismo mundial. Essa derrota teria consequências desastrosas para a manutenção do domínio mundial por parte dos EUA e os outros países desenvolvidos.
Agora, a imprensa especula a respeito da reação de Israel. Todos procuram propagandear que a perspectiva dos palestinos é de derrota quase certa. Ao ler os jornais burgueses, vê-se que existe um grande esforço em demonstrar a superioridade armada de Israel. Um desavisado, consideraria que o que se tem pela frente é um banho de sangue a ser promovido pelos sionistas, sem nenhuma resistência possível por parte do povo palestino, ou seja, um “passeio”.
A pergunta que fica no ar, no entanto, é: será tão fácil assim? Israel bombardeia Gaza a todo momento, mas também está sendo constantemente bombardeado pelo Hamas. Além disso, há declarações de diversos governos e grupos dizendo que, se Israel fizer uma incursão por Terra em Gaza, eles também entrarão na guerra. É o caso de Irã, do Hezbollah, Síria e outros. Outros países, como Turquia e Rússia, deram declarações bem duras sobre o conflito. Putin afirmou que ele seria igual ao cerco dos nazistas sobre Leningrado, enquanto Erdogan, presidente da Turquia, disse que a ofensiva de Israel sobre Gaza era um “massacre”.
Também é importante destacar a crise dentro de Israel, pesquisas feitas entre os próprios israelenses demonstram uma grande insatisfação com a atuação do governo Netanyahu, com uma pesquisa apontando que 56% dos entrevistados consideravam que o primeiro-ministro deveria renunciar. A demora de Israel para entrar na Faixa de Gaza também é mais uma evidência de que as coisas não são tão simples, incluindo aí a decisão do adiamento dessa incursão, tomada hoje, é também uma evidência de que as coisas não são tão simples assim.
Uma guerra como essa tem acontecimentos ocorrendo a todo momento, a análise deve estar sempre atenta a esses fatos. Portanto, não dá para já cravar uma vitória militar arrasadora de Israel. Os palestinos têm uma gigantesca disposição e estão amparados pelo apoio de praticamente todos os países do mundo árabe, além da esquerda e da classe trabalhadora de todos os outros países do mundo. Essa guerra ainda não está ganha.