“Dondinho e Celeste idealizaram e fizeram o rei chamado Pelé”. Com esse verso, Jorge Ben Jor inicia a canção chamada “O nome do Rei é Pelé”. Nela, vemos uma personagem importante para a vida pessoal e profissional do Rei: João Ramos do Nascimento, mais conhecido como Dondinho, pai de Pelé e ex-jogador de futebol.
Nascido em 2 de outubro de 1917, em Campos Gerais, Minas Gerais, Dondinho tentou a carreira no futebol antes de seu ilustre filho. Jogava como atacante e tinha o apelido de “Maleável”, devido à sua boa capacidade de subir para o cabeceio.
O primeiro clube que defendeu foi o Yuracán, de Itajubá, em 1939. Um fato impressionante é que, na final do Campeonato Itajubense de Futebol Amador deste mesmo ano, Dondinho marcou cinco gols de cabeça, marca que nem Pelé atingiu. Isso atesta que a alcunha que lhe foi atribuída não era por acaso.
Depois, seguiu para o futebol do interior paulista, onde jogou pelo clube Hepcaré em 1940. Em 1942, chegou ao maior clube de sua carreira, o tradicional Atlético Mineiro. Sua passagem pelo Galo não foi das mais marcantes, devido a lesões no joelho que, naquela época, praticamente condenavam a carreira de um jogador. Num duelo entre Atlético Mineiro e São Cristóvão, do Rio de Janeiro, Dondinho sofreu uma entrada do zagueiro Augusto da Costa, que defendeu o Vasco da Gama e seleção brasileira, saindo lesionado. Nessa mesma partida, porém, Dondinho conseguiu deixar sua marca anotando um gol.
Depois, o pai do Rei atuou por clubes como São Lourenço MG e Vasco de São Lourenço-MG. Em 1946, chegou ao time de Bauru, mais conhecido como BAC, no interior de São Paulo. Nele ficou até 1952, tendo atuado por 199 jogos e marcado a incrível marca de 137 gols. Além disso, participou da vitoriosa campanha do torneio do interior de São Paulo, maior conquista do BAC. Encerrou sua carreira pelo clube em 1952.
Dondinho foi um jogador da era em que o futebol transitava do amador para o profissional. Assim, sua carreira foi quase toda em clubes amadores. No entanto, isso não impediu que chamasse a atenção de quem o acompanhava, com habilidades que chamaram a atenção.
Para o Atlético Mineiro, Dondinho não deu maiores contribuições dentro de campo. Contudo, certamente, a massa atleticana pode se orgulhar da passagem do pai de Pelé pelo clube, principalmente depois de uma declaração dada pelo Rei sobre seu clube de infância.
“Na verdade, eu torcia pelo Atlético Mineiro, porque meu pai, ‘seu’ Dondinho, jogou lá”, disse Pelé em entrevista à revista Placar em 1999.
Em 14 de agosto de 2022, o Rei publicou a seguinte declaração em suas redes sociais:
“Meu pai foi meu maior torcedor e também meu maior professor, sempre sonhei em jogar como ele. Foi para o meu pai que fiz uma das promessas mais importantes da minha vida. Eu tinha apenas dez anos quando o vi chorando depois da derrota do Brasil na Copa de 1950, mas naquele dia prometi que venceria uma Copa do Mundo por ele. Feliz Dia dos Pais!”
Dondinho foi fundamental para que Pelé seguisse a carreira no futebol e se tornasse o maior de todos os tempos. Dessa forma, fica a necessidade de celebrar a memória de não só o pai do Rei Pelé, mas também seu maior torcedor, nas palavras do próprio Rei.