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Ali Bongo

Quem é o presidente deposto do Gabão?

Veja de onde vem o ódio da população gabonense pelo presidente deposto por um golpe nesta quarta-feira

Nesta quarta-feira (30), um grupo de militares de alta patente tomou o poder no Gabão logo após a declaração de que Ali Bongo havia sido reeleito com mais de 60% dos votos. O agora ex-presidente governava o país há 14 anos e o fato de que a população saiu às ruas para comemorar o golpe militar e o fim da “era Bongo” mostra que ele não possuía popularidade alguma. Cabe, portanto, entendermos quem é Ali Bongo e por que ele é tão odiado pela maioria do povo.

Nascido em 9 de fevereiro de 1959 em Brazzaville, capital da República do Congo, Ali Bongo, cujo nome de nascença é Alain Bernard Bongo, foi o terceiro presidente do Gabão entre 2009 e 2023. Existem rumores, todavia, de que ele seria adotado e teria, na realidade, nascido no sudeste da Nigéria na época da guerra de Biafra. Ele sempre negou tais acusações.

Bongo foi educado, a partir dos nove anos, em uma escola particular em Neuilly, na França. Depois disso, estudou Direito em Sorbonne, uma das universidades de destaque do país. Interessante notar que, por conta dessa educação internacional, muitos gaboneses consideram Bongo como um estrangeiro.

“O facto de ter frequentado as melhores escolas de Libreville e de não ter aprendido as línguas locais é um assunto que lhe será censurado mais tarde”, afirmou François Gaulme, historiador francês e autor de livros sobre a política gabonesa.

Em 1967, seu pai, Omar Bongo, tomou controle do Gabão, permanecendo no cargo de presidente do país até a sua morte, em 2009. É por conta desses 42 anos – 56, contando o governo de Ali Bongo – que é dito que existia uma “dinastia Bongo” no país africano.

Após forma-se na Sorbonne e já em meio ao governo de seu pai, Bongo começou sua vida política em 1981, entrando no Partido Democrático Gabonês (PDG, em francês). Em março de 1983, ele foi eleito para o Comitê Central do PDG, posteriormente tornando-se Representante Pessoal de seu pai no partido e, por isso, ingressando no Bureau Político do PDG em 1984. Em 1986, ele foi efetivamente eleito para o Bureau Político em um congresso ordinário do partido.

Entre 1987 e 1989, Bongo ocupou o cargo de Alto Representante Pessoal do Presidente da República. Em 1989, seu pai o nomeou ministro das Relações e Cooperações Exteriores, substituindo Marint Bongo, sobrinho de Omar. Então, nas eleições de 1990, ele foi eleito para a Assembleia Nacional enquanto candidato do PDG pela província de Haut-Ogooué.

Desde então, Ali Bongo alternou entre cargos no Legislativo e no Executivo, chegando, finalmente, à presidência em 2009 após a morte de seu pai.

Assim como as eleições do último final de semana, as eleições que declararam a sua vitória também foram conturbadas. Após o anúncio de que ele havia ganhado com 42% dos votos, por exemplo, a oposição negou o resultado e protestos agitados surgiram na segunda maior cidade do país, Port-Gentil.

Durante seus mandatos, Bongo governou ao lado do imperialismo, entregando boa parte das riquezas do Gabão para o estrangeiro. O setor petrolífero do Gabão foi, por exemplo, responsável por 80% das exportações durante seu governo. Ou seja, o país serviu, na prática, como um posto de gasolina das potências imperialistas.

Seu servilismo com o imperialismo não para por aí. Seu pai foi um dos aliados mais próximos da França na era pós-colonial, e Ali Bongo é um frequentador assíduo de Paris. Lá, sua família possui um número grande de propriedades. 

Além disso, para se ter uma noção do caráter anti-popular de seu governo, seguindo o exemplo de seu pai, vejamos alguns de seus feitos:

A taxa de desemprego era de 30% de toda a população ativa em 2016; ele mandou prender inúmeros estudantes e membros de sindicatos durante manifestações contra seu governo; ele deteriorou o acesso à saúde, sendo necessário um depósito de 300.000 francos CFA para a entrada em um hospital; existe uma deficiência geral nos serviços públicos; cortes de eletricidade são constantes; e mais da metade da população gabonense está abaixo da linha de pobreza.

Segundo declarações dos próprios militares que tomaram o poder nesta quarta-feira, a gota d’água foi a condução das eleições desse final de semana. As denúncias mostram que o processo foi feito sob medida para a vitória de Bongo, que planejava continuar o reinado quase secular de sua família.

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