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Arthur Cesconetto

Dirigente nacional do Partido da Causa Operária e da Aliança da Juventude Revolucionária. Responsável pela organização dos comitês de juventude em Santa Catarina e estudante da Universidade Federal de Santa Catarina.

Crise na dominação

Qual o destino das tropas francesas na África?

"Cooperação" com o Gabão foi suspensa pelo próprio ministro das Forças Armadas da França

Em entrevista ao jornal Le Figaro, no dia 1º de setembro, o ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, anunciou que não irá suspender a cooperação militar em entre o exército francês e o governo de Mohamed Bazoum, em meio ao golpe militar realizado no Niger. No entanto, anunciou a saída de mais de 400 soldados franceses no Gabão, país do qual um outro golpe de Estado foi executado no final de agosto.

Sobre o caso do Níger, Lerconu afirmou: “a partir do momento em que esta luta deixa de ser a prioridade dos poderes de fato, como é o caso do Mali, não temos razão para ficar. No Níger, a questão não se coloca exatamente nestes termos porque reconhecemos apenas a autoridade do presidente Bazoum”.

Tendo em vista a enorme crise no Gabão e a dificuldade do imperialismo francês em sustentar um regime ditatorial e atrelado financeiramente a burguesia francesa, o ministro afirmou que o imperialismo francês iria se retirar. Lecornu ressaltou que isso ocorre pois haveria uma “diferença” entre Gabão e Níger, onde no primeiro há uma luta devido os militares alegarem que há um desrespeito à lei eleitoral e à Constituição, e no Níger, o golpe seria meramente “ilegítimo”.

Lecornu enfatizou que “é responsabilidade do país garantir a segurança da embaixada de acordo com o direito internacional”, quanto a segurança do ex-presidente do Níger. E também declarou que “a instabilidade em alguns países não pode ser atribuída apenas à presença militar francesa”, mas também à China e à Rússia, afirmou, ignorando totalmente o fato de que em todos os casos os países são há séculos dominados pela política colonial e de pura repressão do imperialismo francês. A participação de China e Rússia na vida militar desses países nada têm a ver com as tropas francesas. Estas atuam nos países para impor uma política econômica de terra arrasada; aquelas, para ajudar os países africanos a se libertarem da ditadura dos países imperialistas e, assim, estabelecer relações mais favoráveis.

Ainda não está claro porque a França decidiu tão rapidamente romper a “cooperação militar” no Gabão, ao contrário do Níger. O que é evidente é que, no caso do país centro-africano, a junta militar tem conseguido consolidar o seu poder de uma maneira muito mais veloz que no Níger. Neste último, a ameaça de uma invasão imperialista ocorre a todo instante. Por isso, para a França, não é conveniente retirar as suas tropas. Afinal, elas podem ser bastante úteis para apoiar uma investida contra o país de Bazoum.

Ao que parece, o tom mais ameno da França com o Gabão se dá porque, em primeiro lugar, o presidente deposto era muito impopular, tendo ficado 56 anos no poder, e, em segundo lugar, porque esse seria o primeiro golpe militar na região nos últimos anos. O caso do Níger é diferente: não havia uma dinastia governando o país, e esse é o quarto golpe na mesma região em um período de três anos.

Fato é que a crise se espalha em mais de 10 países em toda a África, todos eles atrelados diretamente ao controle do imperialismo francês no continente. A França enfrenta crises e sofre com cooperações militares sendo rompidas em Burquina Faso, Mali e Guiné, além do Gabão. Como não bastasse, outros países da região, como Camarões, já vem realizando expurgos em suas Forças Armadas temendo a organização de novos golpes de Estado no continente.

Os dados demonstram que, apesar das declarações do ministro francês, o que está em jogo de fato é o controle do imperialismo francês no continente africano. Impulsionados pela vitória do Talibã no Afeganistão e sobretudo pela vitória da investida russa contra as forças da OTAN, inúmeros países africanos estão sofrendo em seu interior verdadeiras revoltas populares, encabeçadas por setores das Forças Armadas locais, contra o domínio do imperialismo francês.

A saída anunciada de inúmeras tropas francesas do continente africano abre caminho para o fim das cooperações militares da França na África. Até o momento, estas cooperações existiam com o pretexto do combate ao “terrorismo”; no entanto, com a enorme crise em desenvolvimento, os regimes locais se colocam em risco ao manter uma relação desta natureza com o Exército francês.

A crise também revela o enfraquecimento do poderio francês na região. Sendo um dos principais países imperialistas do mundo, a França está enfrentando uma das maiores crises com seus domínios colonias em sua história. Mesmo supostamente independentes, países como Níger, Gabão e tantos outros eram obrigados a se submeterem ao controle político, militar e, sobretudo, econômico da França. A revolta é um avanço no sentido da luta por uma África independente da ditadura imperialista.

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