Nesta semana, a imprensa burguesa divulgou uma discussão entre o vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Washington Quaquá, e a Janaina Oliveira, líder da secretaria LGBT, sobre abrir mão de candidatura própria do partido para prefeitura de Belo Horizonte (MG), nas eleições do próximo ano, e apoiar a deputada federal transexual do PDT, Duda Salabert, para o pleito.
O desentendimento aconteceu na quarta-feira da semana passada (5), em grupo que integra lideranças petistas, o deputado federal publicou uma reportagem que apresentava a possibilidade de apoio do PT à pedetista e criticou o apelo identitário como estratégia eleitoral, além de apontar os riscos que isso representa para o partido. Já a secretária LGBT se limitou a acusações típicas desse setor.
“Precisamos rediscutir nossa tática para ganhar o eleitor da periferia. Tirar eleitorado lulista, mas conservador nos costumes, para voltar para o lulismo”, declarou o vice-presidente do PT na conversa após compartilhar a matéria. Apesar de abordar a questão de um ponto de vista equivocado, ao atribuir o problema a um suposto conservadorismo do eleitor de Lula, Quaquá faz uma crítica bastante acertada em entrevista ao GLOBO.
“Acho que é uma candidatura ruim, tem audiência num pedaço do setor da classe média e acho que comportamento não deve nos guiar. As candidaturas ideológicas têm nos afastados do eleitor mais pobre, de periferia, que deve ser nossa prioridade”, afirmou o deputado.
O identitarismo é uma moda que atinge basicamente a classe média, em especial um setor mais ligado ao meio acadêmico que é onde se propagam essas teses. Tal política sequer pode ser dita de esquerda, uma vez que foi elaborada pelo imperialismo para promover confusão no interior dos movimentos sociais. Essa linha política entende a luta social com base nas identidades e não em aspectos materiais que dizem respeito aos interesses do conjunto da população.
Além de promover uma divisão no interior da população oprimida a pretexto de defender os interesses dos negros, mulheres e LGBTs; o identitarismo defende a repressão estatal como política para combater os supostos inimigos desses setores. Assim todos aqueles que se opõem às suas teses se tornam criminosos como expresso por Janaina Oliviera.
“Quando um vice-presidente do PT tem na linha de sua fala o foco transfóbico escondido em um discurso eleitoral para mim isso, sim, é que se trata de algo grave. Essas suas táticas com esses teus adjetivos que homens brancos adoram apontar em mulheres negras não têm vez comigo”, respondeu a líder da secretaria LGBT à manifestação do vice-presidente.
Outro aspecto não menos relevante que apareceu neste embate foi destacado pelo deputado federal, Odair Cunha, em acordo com a declaração de Quaquá. Segundo ele, essa história de apoiar Duda numa das capitais mais importantes do país “vai fazer com que o PT desapareça”.
Esse ponto é importante porque se relaciona com o que acontece na capital mais importante do país. Na última eleição para prefeitura de São Paulo, a imprensa burguesa buscou apresentar o psolista Guilherme Boulos como principal candidato da esquerda para inviabilizar a candidatura de Jilmar Tato do PT. Naquela ocasião, uma parte significativa da esquerda comprou essa ideia e Boulos foi para disputa de segundo turno contra o tucano Bruno Covas.
Foi com a credibilidade que o PT possui que Boulos foi eleito com expressiva votação para deputado federal nas eleições de 2022, assim figuras históricas como o deputado Vicentinho do PT, ex metalúrgico, não foram eleitas. Nessa história de ficar apoiando políticos que na verdade nem são de esquerda, o maior partido de esquerda da América Latina, que é o único que tem base de trabalhadores, ao entregar seu expressivo eleitorado de graça, corre o risco de desaparecer.
