Com alguns meses de atraso, o PSTU decidiu se pronunciar sobre a campanha por uma mulher negra no STF. Em seu portal na internet, o grupo publicou matéria intitulada “Sobre a campanha por uma ministra negra no STF”,
Depois de tecer algumas considerações sobre a campanha, o PSTU afirma o seguinte:
“Até o momento pode-se dizer que a campanha é essencialmente digital, com algumas intervenções presenciais que visam ser registradas para viralizar nas redes. Ainda que não tenha emplacado em um movimento de massas, existe grande apoio na vanguarda da luta antirracista a essa pauta. Isso demonstra uma possibilidade de que ganhe destaque no calendário do movimento, como o 20 de novembro.”
O que o PSTU não percebeu é que a campanha é “essencialmente digital” pelo simples motivo de que ela é uma campanha feita pelo imperialismo. Pelo mesmo motivo, ela não é um movimento de massas. Melhor dizendo, ela sequer é um movimento real.
As ONGs que o próprio PSTU define como sendo as principais organizadoras da campanha são ligadas a instituições imperialistas e defendem esses interesses.
Dizer que a campanha tem “grande apoio na vanguarda da luta antirracista” é uma piada. Primeiro que deveria ser explicado que vanguarda é essa. Se forem as ONGs, isso não é vanguarda nem aqui nem na China. Basta olharmos para a posição dessas ONGs no que diz respeito ao genocídio que Israel está promovendo em Gaza. Os grandes antiracistas nada ou quase nada falam sobre a limpeza étnica promovida por Israel.
Ignorando os interesses do imperialismo na campanha, o PSTU critica Lula por adotar critérios “meritocráticos” para a escolha do Ministro:
“Esses critérios de mérito foram colocados em contraposição à representatividade, como se fossem excludentes entre si. Dessa forma, Lula estabelece o argumento da meritocracia contra a representatividade.”
O PSTU só se esqueceu que não estamos falando aqui de um eleição de representantes de bairro. Estamos falando do STF. Simplesmente pela própria natureza ditatorial do STF, não existe critério de “representatividade”. O único critério possível é o político, ou seja, Lula tem que chamar uma pessoa de sua confiança política.
O PSTU parece que vive num mundo à parte. Discutindo seriamente a “meritocracia” num órgão essencialmente burocrático, dominada por uma verdadeira casta que é o Poder Judiciário.
Mas o texto do PSTU consegue ser ainda mais delirante:
“Em outro trecho de suas falas, ele afirma: ‘[Eu vou escolher] uma pessoa que tenha respeito, mas não medo da imprensa. Uma pessoa que vote adequadamente sem ficar votando pela imprensa’. Apesar de não dizer diretamente, é possível concluir que Lula está se referindo ao processo da Lava-Jato, que se utilizou da mídia para gerar uma pressão popular e que, por fim, resultou em sua condenação à prisão, legitimada pelo STF. Assim, Lula estabelece um segundo argumento: o critério para se definir quem é ‘de esquerda’ ou ‘progressista’ é o apoio ou não à Lava-Jato, e não outro.”
Quem conhece a história recente sabe que o PSTU é um partido lavajatista. O partido aplaudiu a prisão de Lula pela Lava Jato, o partido entrou na campanha da burguesia contra a “corrupção” e apluadiu também o golpe de 2016, que eles até hoje não chamam de golpe.
Agora o PSTU tem vergonha de defender a Lava Jato, então disfaça do posição afirmando que apoiar a Lava Jato não “define uma pessoa ser de esquerda ou de direita”.
Uma coisa devemos explicar: não apoiar a Lava Jato pode até não transformar um pessoa de esquerda, mas é com certeza um critério muito importante para Lula, já que foi aí que o PT sofreu o golpe. Mas uma coisa é certa, apoiar a Lava Jato, como fez o PSTU, é uma política de direita.
O texto do PSTU, para fazer coro com a campanha imperialista, afirma o seguinte, em defesa de uma mulher negra no STF:
“O que era um ‘não compromisso com uma mulher negra’ virou um ‘compromisso com um homem branco’, com os argumentos que traremos a seguir.”
Aqui é o típico argumento canalha. Como boa parte dos militantes estão criticando a campanha pois sabem que é uma farsa impulsionada pelo imperialismo, então o PSTU vem com o “argumento” identitário de insinuar que o adversário é “racista”. Substitui uma discussão política por uma acusação.
“estão utilizando o exemplo de Joaquim Barbosa, um ministro negro indicado ao STF por Lula, mas que votou pela condenação de José Genoíno e de Delúbio Soares no caso do mensalão. Na lógica da militância petista, não é o PT que deu um giro à direita ao adotar os métodos da corrupção, mas sim Joaquim Barbosa é que era de direita, porque queria punir corruptos ‘de esquerda’. Dentro dessa lógica, Joaquim Barbosa seria um “negro de direita”, tal como Sérgio Camargo ou Fernando Holiday.”
Aqui vemos que o PSTU não apoiou apenas a Lava Jato, mas o processo farsa do mensalão. Descobrimos que Joaquim Barbosa ainda é um ídolo para o PSTU, afinal de contas, ele foi essencial para o golpe de Estado que o PSTU apoiou.
O PSTU continua na mesma ladainha da “corrupção” do PT, acompanhando mais de 10 anos depois, a campanha da direita.
Se depender do PSTU, Lula coloca uma mulher negra que, assim como fez Joaquim Barbosa, atue para dar um golpe no País.
