O PSTU, seguindo sua linha sectária de fazer frente com a direita, resolve mais uma vez atacar Lula. Para isso, publicou uma matéria em seu sítio intitulada “Lula volta da China com mais capitalismo na bagagem”.
Logo no terceiro parágrafo, o texto trata de criticar a política externa de Lula “O fato de Bolsonaro ter sido um pária e ter se isolado em nível internacional, principalmente após a derrota de Trump, não pode nos fazer perder de vista que a política externa de Lula é se apoiar em outras alas também burguesas e imperialistas dos países centrais do capitalismo mundial, buscando certa localização para o Brasil, respeitando a lógica exploradora e opressora do funcionamento do sistema mundial de estados hoje”.
Alguém precisa avisar ao PSTU que Lula não é comunista, sua política é sabidamente reformista, mas isso não é necessariamente ruim para a classe trabalhadora. Outra coisa que precisam avisar a esse partido, é que a China não é um país imperialista, a despeito de estar prestes a se tornar a maior economia mundial.
Os chineses estão justamente sofrendo ataques sucessivos dos países imperialistas, como Estados Unidos e Japão, que estão formando o QUAD, uma espécie de mini-OTAN do Indo-Pacífico, que é composta, além dos dois países, da Austrália e da Índia. A China não tem capacidade de fazer esse tipo de aliança militar.
O imperialismo, além de controlar as principais forças militares do globo, também controlam os principais mercados e o sistema financeiro. A China, por exemplo, não tem como retaliar e promover sanções econômicas contra os países imperialistas. Os Estados Unidos, por exemplo, sancionam qualquer país e a qualquer momento.
O imperialismo é que tem forças para atacar e destruir países inteiros, como fizeram com Iraque, Síria, Iugoslávia, Líbia etc. Neste exato momento, continuam utilizando a Ucrânia em uma guerra por procuração contra a Rússia.
O truque do PSTU, para tentar ocultar sua ignorância do que seja o imperialismo, é tratar “os EUA como potência imperialista decadente e a China como potência capitalista ascendente”. O que não muda absolutamente nada. São os Estados Unidos que estão manobrando para tirar Taiwan da China e não os chineses tentando tirar o Havaí dos americanos.
Lula imperialista
Segundo o PSTU, Lula adora um imperialismo, como no trecho que segue “Lula, longe de ter uma postura anti-imperialista, busca na verdade se aproveitar desta realidade de disputa entre as grandes nações capitalistas para ganhar espaço econômico (com os acordos com a burguesia chinesa e norte-americana) e político (com a defesa reacionária da paz com anexações na Ucrânia). Trafega entre todos os setores burgueses, buscando garantir os interesses dos monopólios capitalistas de qualquer país dispostos a investir no Brasil. Por isso, depois de visitar a China, trata logo de jogar panos quentes na relação com os EUA e dizer que não interessa qualquer tipo de ruptura com os Estados Unidos”.
É curioso, depois de defender o golpe promovido pelo imperialismo na Ucrânia; a ditadura militar apoiada pelo imperialismo no Egito; de atacar Cuba, como faz o imperialismo, o PSTU, que reivindica trotskista, diz que Lula está longe de ‘ter uma postura anti-imperialista’.
Lula tem se chocado frontalmente contra os interesses dos Estados Unidos, a busca da paz é justamente o imperialismo não quer. Assim como o PSTU, Biden defende que é preciso mandar armas para a Ucrânia e derrotar a Rússia.
Lula tem se aproximado da China e da Rússia, propõe o abandono do dólar, o fortalecimento dos BRICS, a formação de um Estado Palestino e ainda assim não tem uma postura anti-imperialista?
Não correr o bicho pega, se ficar…
O artigo diz que “O Brasil é um país reprimarizado, em reversão colonial, subordinado a todas as potências capitalistas, mas, antes de mais nada, é dominado pelos EUA. Lula sabe e aceita isso; não à toa voou para os EUA assim que pôde. Lula não quer acabar com a submissão do país aos EUA, e sim se subordinar mais à China também, pressionando ambos a ‘oferecerem mais’”. Para o autor do texto, a política externa de Lula se reduz a saber quem pode pagar mais, só precisa se decidir se Lula está no bolso de Biden ou de Xi Jinping. Até em Mateus, lá na Bíblia, já se lê que ‘não se pode servir a dois senhores’. Por exemplo, não dá para ser comunista e apoiar os nazistas ucranianos simultaneamente.
Na matéria reclamam que Lula foi fechar acordos comerciais para a exportação de agros e possivelmente trazer montadoras para o Brasil, como a Cherry, GWM e BYD, além da Huawei, que tem interesses maiores no 5G brasileiro. Em que isso pode prejudicar a classe trabalhadora? A geração de empregos de qualidade na indústria pode ser benéfica. O PSTU, em seu sectarismo, se esquece que vivemos em um mundo capitalista, que a revolução não será feita em um passe de mágicas. Não adianta sair por aí gritando ‘abaixo o capitalismo’ que o socialismo não vai brotar do chão. A revolução é uma decorrência direta da evolução das massas trabalhadoras, de sua consciência.
Absurdamente, o PSTU sustenta que Lula deva ter uma atitude ‘anti-imperialista’ quando, na verdade, quer que Lula promova a abolição do capitalismo ao dizer que “Fica claro que a política de crescimento econômico de Lula significa garantir as condições para que as multinacionais chinesas arranquem cada vez mais lucros em território nacional. Usam como desculpa que esses investimentos podem trazer emprego e salários, claro, esta é a forma capitalista de explorar e sugar as riquezas nacionais. O que não se fala é que terá um aprofundamento da exploração, opressão e submissão aos interesses de capitalistas estrangeiros”.
Qual é a proposta do PSTU para a geração de empregos? O governo está acorrentado com um Banco Central ‘independente’, liderado por um bolsonarista, que mantém a taxa de juros acima de 13%. Além disso, o governo não tem maioria no Congresso para reverter essa situação. Como fazer a economia voltar a crescer? Será que Lula, como o PSTU, deve ficar gritando “Fora todos”? Certo, pode até gritar, mas não vão sair.
O PSTU não tem propostas concretas para o luta da classe trabalhadora que, sim, deposita esperanças no governo Lula. Tudo o que esse partido faz é, como fez em 2016, quando se aliou com os golpistas, é ficar arrumando desculpas ultraesquerdistas para, no final das contas, apoiar o imperialismo. O imperialismo de verdade, não o fictício que brotou na mente do PSTU.
A tarefa de um partido revolucionário é estar com as massas trabalhadoras, defender seus interesses, e impulsioná-la para que evolua em sua tomada de consciência. Ficar de fora propondo palavras de ordem vazias não cumprirão outro papel que o de fortalecer o imperialismo, o maior inimigo dos trabalhadores.