O primeiro dia do Provão Paulista, destinado aos estudantes do 3º ano do ensino médio e aplicado nesta quarta-feira (29), gerou polêmicas e críticas entre os alunos da rede pública. O exame, abrangendo áreas de linguagens e ciências da natureza, foi alvo de reclamações nas redes sociais, com muitos estudantes alegando que o conteúdo cobrado não foi adequadamente abordado em sala de aula devido à estrutura curricular do Novo Ensino Médio.
Uma estudante de 17 anos compartilhou sua visão, destacando a natureza da prova. “eu achei a prova bastante conteudista, afinal, o novo ensino médio só tem itinerários formativos e as únicas matérias importantes que temos são português e matemática. As questões eram muito específicas, algumas achei mais difíceis que as questões do Enem”, afirmou ao g1.
A crítica se estendeu ao horário da prova, especialmente por parte dos estudantes do período noturno, que enfrentaram dificuldades para se adequar ao exame obrigatoriamente realizado pela manhã. A alternativa apresentada pelo governo, solicitando um comprovante de participação à escola para aqueles que trabalham durante o dia, gerou descontentamento, principalmente entre os que enfrentam situações informais ou estão em seus primeiros empregos.
Vinicius Augusto, de 18 anos, compartilhou sua experiência, destacando que apenas 13 dos mais de 30 alunos de sua sala de ensino noturno conseguiram realizar a prova. Ele enfatizou a falta de preparo para o exame. “A sensação que ficou foi de que eles deram uma chance de fachada para a gente. Porque, apesar de ser mais uma prova para ingressar na faculdade, não tivemos as aulas nem o preparo necessário para fazê-la”, explicou o aluno da Zona Leste da capital.
O que é o Provão Paulista
O Provão Paulista, anunciado em julho pelo governo estadual, é um vestibular seriado voltado para estudantes de redes públicas. Cinco instituições de ensino paulistas aderiram ao processo seletivo, oferecendo cerca de 15 mil vagas. A prova ocorre anualmente ao longo do ensino médio, com a nota final baseada no desempenho nas três edições.
O que é o Novo Ensino Médio
O “Novo Ensino Médio,” decretado por meio de uma Medida Provisória em 2016, aprovado em 2017 e implementado por Jair Bolsonaro em 2022, representa um ataque significativo à educação pública no Brasil. A proposta inicial prometia maior liberdade de escolha para os estudantes, enfatizando a profissionalização e a formação técnica. No entanto, a realidade revelou uma redução acentuada na qualidade do ensino, restrições em áreas de conhecimento, e uma disparidade entre escolas públicas e privadas.
A formulação do novo ensino e da Base Nacional Comum Curricular foi liderada por entidades como a Fundação Lemann, Fundação Itaú, Instituto Natura, Instituto Unibanco e financiamento do Banco Mundial, destacando interesses capitalistas e ações contrárias à educação pública. Apesar da oferta de cinco itinerários de estudo, as escolas só precisavam fornecer um, limitando as opções dos alunos.
Este cenário evidencia ataques aos professores, estudantes e a necessidade de revogar o Novo Ensino Médio. Lula prometeu revogar as medidas do golpe nas eleições, destacando a importância dessa questão para a educação brasileira.
A defesa de um ensino público verdadeiro e democrático, com voz para alunos, funcionários e comunidade estudantil na elaboração do currículo, é crucial. Além disso, é necessário recuperar os direitos trabalhistas dos professores, melhorar a infraestrutura escolar e implementar medidas como liberdade de entrada e saída, redução da jornada de trabalho para estudantes empregados, fim da aprovação automática e abolição de práticas de controle, como câmeras e carteirinhas. Estas reivindicações são fundamentais para combater o ensino médio imposto pelo regime golpista e buscar uma verdadeira reformulação da educação pública.