Tição, Programa de Preto é um programa do Coletivo João Cândido, o coletivo de negros do PCO – Partido da Causa Operária. É onde se debatem os principais acontecimentos da questão negra sobre a ótica da luta de classes. O programa nº181 de 16/03/2023 teve como tema “Identitários pedem censura na internet?”. Apresentado pelos companheiros Caio Thulio e Thiago Pires, membros do coletivo João Cândico. Na produção, Gabriel Marques.
Antes de entrar na pauta do dia, mostrou a mais nova edição da Revista João Cândico nº28, edição de março de 2023, onde na capa consta a frase “Escravidão se multiplica pelo país: caso da vinícola Salton escancarou escravidão contemporânea”.
Programa nº181 fez a análise de questão de aposentadoria de ministros do STF e a disputa entre a burguesia e o governo Lula para indicar o próximo ministro para ocupar cadeira vaga do STF. Ministros Ricardo Lewandowski e a Rosa Weber vão aposentar este ano. Um dos candidatos é o Cristiano Zanin, que defendeu Lula no processo da operação farsesca da Lava Jato, que fraudou a eleição de 2018 prendendo o Lula e o substituindo pelo Haddad, para legitimar a vitória do Bolsonaro e depois do Sergio Moro. Ou seja, Lula tem toda razão em querer indicar uma pessoa de sua confiança. Do outro lado, a imprensa burguesa e golpista, a imprensa PIG, como Estadão, Folha, Globo etc., traz nas suas manchetes a indicação de uma mulher negra. Tudo isso é pressão para que o Lula escolha uma pessoa que trabalha dentro do jogo da burguesia. PT, por exemplo, indicou a maior parte dos ministros que estão agora, quase todos do STF.
Pelo menos 5 no governo Lula e 5 da Dilma. Eram gentes que diziam ser ligados aos movimentos populares, mas no momento da golpe, a gente viu em que lado ficaram. Então sabemos que apesar de não ser eleita pelo voto popular, a STF é uma instituição política, e tem poder imenso. Para pressionar o governo Lula, Facchin deu a declaração de que seria importante a indicação de uma mulher negra. E sabemos que essa política serve para confundir a esquerda, que acaba submergindo totalmente a Esquerda Pequeno Burguesa (EPB) que se orienta pela imprensa golpista acaba acreditando nessa história. Todos os partidos políticos mais conhecidos como PSOL, alguns setores do PT, PC do B, PCB, PSTU, todos eles mergulharam na política identitária, da mulher, do negro, do LGBT, então nós temos que fazer ressalva de que como essa política é nociva, como por exemplo a questão de mulher trans, que estão obrigando a população aceitar. E por outro lado, a burguesia está aproveitando dessa política, como foi observado na última eleição, como o caso da Simone Tebet, e que Globo divulgava como representante do sindicato das mulheres, sendo que a Tebet é a representante da grande burguesia, do latifundiário. E tem pessoas dentro do governo, Silvio Almeida, aspirante a Luiz Gama, que defende a tese de racismo estrutural.
Anielle Franco, que gosta de fantasiar de africana. Agora o Geraldo Alckmin virou defensor da mulher negra, logo ele, ex-governador do estado de São Paulo, que mandava atirar nas periferias. E a esquerda alimenta tudo isso, com o discurso de que o Barack Obama, um preto presidente dos EUA, sendo que o próprio mandou bombardear vários países oprimidos do Oriente Médio e da África. O atual presidente norte-americano Biden, cuja vice, Kamala Harris, mulher negra, foi a pessoa que endureceu repressão contra os negros nos EUA.
Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, negro, comandou o massacre no Iraque. Mas o caso mais emblemático foi o caso do Joaquim Barbosa, que foi indicado durante governo Lula, onde um preto foi utilizado para legitimar o mensalão. E a Rosa Weber votou pela condenação do José Dirceu sem provas, porque segundo ela a literatura permitiria. E mais tarde fez isso com Lula também. Tudo isso para ilustrar que não basta indicar um negro para STF, então não pode ter ilusão de que a luta do negro vai ser resolvido através dessas instituições. E, caso o Lula tivesse indicado uma pessoa negra ou de origem indígena de sua confiança, a burguesia iria usar de qualquer artimanha para atrapalhar. Ou seja, precisamos defender que o cargo seja ocupado pelo pessoas de confiança do Lula.
Lembrou também que em 14 de março fez 5 anos o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e do seu motorista Anderson Gomes, um assassinato político, não sendo totalmente esclarecido até hoje, sem mandantes identificados.
Outra pauta do dia : novo projeto de lei, do setor da esquerda, em que as plataformas devem ter a obrigação de monitorar as publicações dos internautas inclusive entregar para a polícia. É o caso de PL 1087/2023, da autoria de Guilherme Boulos (PSOL/SP), Túlio Gadêlha (REDE/PE), Chico Alencar (PSOL/RJ) e outros. Ou seja, segundo o PL, a empresa de plataforma tem o poder de censurar, com o aval do Estado. Lembrou que o companheiro Juliano Lopes, um negro de pele escura, ao criticar uma mulher negra, foi acusado de racismo. Ou seja, não vai precisar nem de processo, se determinarem que é um discurso de ódio, sem nenhum parâmetro. Se é discurso, se é opinião. Uma coisa totalmente autoritária, sendo perseguição absoluta de liberdade de expressão das pessoas. Foi muito difícil conquistar o direito à liberdade de expressão, que é o direito das pessoas de falarem o que bem entender. No âmbito civil, se a pessoa se sentir lesado, procura direito à resposta, mas não pode ser crime o que você fala.
A ementa do projeto de lei: “Inclui dispositivo na Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, para dispor sobre princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, para determinar que as plataformas digitais implementem sistemas internos de monitoramento da disseminação de discursos de ódio direcionados a mulheres, negros e negras, e LGBTQIA+.”
Abaixo o link do projeto de lei PL1087/2023:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2351200
O programa Tição nº 181 de 16/03/2023 pode ser acessado por aqui:
