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Devastação neoliberal

Privatização deixou mais de 2 milhões sem luz em São Paulo

Até agora, seis dias depois, o monopólio de fornecimento de energia controlado pela empresa italiana ENEL ainda não resolveu 100% dos problemas

Sexta-feira (3), um rápido temporal, como é comum em determinado período do ano em São Paulo, derruba mais de 120 árvores e causa outros estragos na capital paulista e outras cidades do estado.

Poderia ser apenas mais um caso de chuva forte em São Paulo, mas não foi. Dias depois do ocorrido, o paulistano ainda sofre com as consequências do temporal. As árvores caídas danificaram postos e fios, deixando centenas de milhares sem energia.

Após o temporal, estima-se que 2,1 milhões de pessoas atendidas pela ENEL teriam sofrido com o impacto dos estragos.

Até a terça-feira, dia 7, 107 mil clientes ainda estavam se energia, segundo informações da própria ENEL, a companhia que deveria administrar o fornecimento de energia em São Paulo. Isso porque a companhia havia prometido que até terça todo o fornecimento seria reparado. Nessa quarta-feira (8), ainda havia 14 mil imóveis sem energia elétrica.

São Paulo é a “terra da garoa”, e podemos estender a definição tranquilamente e dizer que São Paulo é a terra das chuvas. Por que, então, o serviço de energia elétrica da cidade sofreu um baque tão elevado com o temporal desse dia 3? A resposta precisa ser encontrada na política.

Não só as chuvas não são novidades para o paulista que vive na capital e na grande São Paulo, mas até mesmo temporais com quedas de árvores. A demora da ENEL de restabelecer a energia é um escárnio contra a população.

Ele acontece no momento em que, segundo informações divulgadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o tempo médio de espera dos consumidores para que a ENEL atenda ocorrências emergenciais relacionadas à energia elétrica mais que dobrou nos últimos cinco anos. “Qualquer morador de São Paulo percebeu a ineficiência cada vez maior do serviço, além dos preços cada vez mais caros”, relata um morador do bairro da Saúde, zona Sul da capital, que passou quatro dias sem luz.

O escárnio da ENEL não para por aí. Segundo artigo do G1, assinado por Andréia Sadi nesse dia 7, o presidente da ENEL SP, Max Xavier Lins, afirmou que está em discussão com a prefeitura de Ricardo Nunes (MDB) uma taxa extra nas contas de luz que seria usada para enterrar os cabos e fios elétricos.

Aqui, a relação da política neoliberal com os estragos e a ineficiência do serviço é evidente. Os governos se juntaram aos capitalistas para sugar o dinheiro do povo ao máximo.

É um ciclo macabro. A prefeitura corta verbas para infraestrutura, entre elas a manutenção de árvores. As árvores caídas danificam o serviço de eletricidade. O serviço de eletricidade não está mais na mão do poder público, mas da iniciativa privada. O cidadão​​ fica na mão dos capitalistas que se articulam com o poder pública para aumentar a conta de luz para enterrar os fios, usando como pretexto as quedas das árvores que foram danificadas graças à política da prefeitura.

Das oito pessoas que morreram no temporal do dia 3, cinco foram atingidas por quedas de árvores e as demais por quedas de muros. Até mesmo o G1, portal da Globo, admite que esses problemas são de responsabilidade da prefeitura: falta de manutenção, planejamento, árvores plantadas irregularmente, ausência de podas ou podas mal feitas.

Está mais do que claro que as causa reais da crise deve ser encontrada na política neoliberal e não no clima.

A empresa italiana ENEL assumiu o controle da energia em São Paulo em 2018. Segundo dados apresentados em artigo da Folha de S. Paulo, desde 2019, a empresa reduziu em 36% o quadro de funcionários, ao mesmo tempo em que dobrou seus lucros. Logicamente que a Folha, cúmplice do crime da privatização, afirma que “não é possível atribuir demora [na resolução da crise causada no dia 3] a essa redução de trabalhadores”. Mas está mais do que óbvio que esse é um dos problemas fundamentais.

Como afirmado acima, se em situações normais o tempo de espera do consumidor é enorme até que a ENEL resolva problemas simples, dá para imaginar o caos gerado quando 2,1 milhões de pessoas ficaram sem energia, com postes e fios derrubados etc.

A crise atual em São Paulo nos dá um quadro perfeito do que é a privatização: piora considerável dos serviços, aumento dos preços, descaso com a população, demissão de funcionários.

A energia em São Paulo foi privatizada pelo PSDB em 1998, ainda sob a gestão Mário Covas. A Eletropaulo, estatal criada em 1981 por Paulo Maluf, foi dividida em quatro empresas, colocadas a leilão na Bovespa. Foi em 2018, durante gestão Márcio França (PSB), que a italiana ENEL assume o controle.

A privatização das empresas de energia elétrica no Brasil está levando a um retrocesso gigantesco. Apagões, como no Amapá há cerca de um ano, são cada vez mais comuns.

Como disse Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, em seu programa Análise da Terça, na Rádio Causa Operária, a privatização é o “melhor negócio do mundo”, os capitalistas ganham a empresa “de graça, pronta, construída por muito tempo de trabalho da população brasileira, cobram uma fortuna e ainda por cima nem precisam prestar o serviço”, sem falar que é “um monopólio que cobra o quanto quiser”. Está na hora de levantar o problema da reestatização, pois a tendência é que problemas como o que está ocorrendo em São Paulo apareçam com cada vez maior frequência.

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