Jhonny Perez, ex-detento do Estado de Nova Iorque, trabalhou como um escravo nos anos em que esteve detento. Trabalhando para a Corcraft, divisão manufatureira da estatal que gerencia as penitenciarias do Estado, fazendo roupas de camas, roupas de baixo e outros têxteis, ganhando menos de 50 ¢ por hora. Não apenas Perez, mas literalmente milhões de presidiários trabalhando em condições análogas à escravidão nas prisões dos EUA. Não importante se você está doente, se recebe pouco, se está preso, você deve trabalhar em algum serviço da penitenciária em que está, somente a enfermaria pode dispensar alguém de trabalhar e sob a afirmação de que o indivíduo está sem condições de trabalhar.
Perez faz parte de um movimento chamada Menos Para Mim (Except For Me) que se refere ao fato de que a escrevidão foi abolida menos para os detentos. O sistema norte-americano é um dos piores do mundo, além de ser o mais populoso, o detento que passa por ele pode perder o direito ao voto mesmo depois de liberto, sem contar o fato de que alguns estados funcionam em um sistema semi-privatizado onde a família do preso e o próprio preso se endividam para mantê-lo encarcerado! Nos EUA esse problema é apelidado de “brecha da escravidão” e se baseada na décima terceire emenda da constituição dos EUA que “ratificada em 1865, aboliu a escravidão e a servidão involuntária. Mas continha uma exceção para “punição por crime pelo qual a parte tenha sido devidamente condenada”.” (The Guardian, ‘Slavery by any name is wrong’: the push to end forced labor in prisons,
Em uma entrevista ao The Guardian Perez diz: “Temos um sistema que obriga as pessoas a trabalhar e não apenas as obriga a trabalhar, mas também não lhes dá um salário adequado para viver”, “Escravidão, seja qual for o nome que leve, é errada. A escravidão é sempre errado.”
Outros estiveram na mesma situação e agora estão no mesmo movimento que Perez. Britt White, que trabalhou em um Burguer King enquanto estava em regime semi-aberto disse ao The Guardiam “A prisão em si é cara. Só posso falar pelo estado do Alabama, onde fui encarcerada. Manter a higiene, tentar suprir a falta de alimentação é muito caro, e minha família tinha suas próprias contas e responsabilidades financeiras para cuidar. Eu ainda tinha mais apoio do que a maioria das pessoas e ainda era muito difícil sobreviver na prisão porque tudo tem um custo associado.”. Enquanto estava trabalhando no Burguer King mais de 60% do seu salário era levado pelo estado do Alabama para cobrir taxas, hospedagem e alimentação, alimentação que, segundo White, mal servia para o consumo humano e obrigava a consumir outras coisas fora da penitenciária, os outros 40% ela gastava com alimentação, higiene e quase nada sobrava para ela. Ela ainda diz “Não consigo enfatizar o suficiente a falta de escolha que você tem”, “Se vamos permitir que pessoas encarceradas tenham empregos, precisamos pagar a elas um salário digno e precisamos garantir sua dignidade. Não precisamos colocá-los em ambientes hostis onde possam sofrer retaliação e perder seu arbítrio.”