Para a Folha de São Paulo, “Brasil sob Lula vai na contramão de novo ânimo global”. A matéria, com este exato título, busca pressionar o governo Lula a ceder seu programa político para os banqueiros e empresários capitalistas.
Trata-se, rigorosamente, de mais uma das incessantes intimidações da imprensa burguesa que busca transformar o que pode ser um governo dos trabalhadores, em um governo subserviente ao imperialismo.
Os dados apresentados para comprovar o “novo ânimo global” são, na verdade, abstrações e falas de famigerados economistas que defendem a venda das riquezas brasileiras aos estrangeiros.
“… o governo brasileiro ainda não convenceu empresários e agentes de mercado sobre como controlará a expansão do gasto e de sua dívida pública. O resultado tem sido insegurança entre empresas e mercado; e mais pressão sobre a inflação —num ambiente agravado por falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra juros altos, meta de inflação, autonomia do Banco Central e responsabilidade fiscal.”
Pois bem, Lula não deu aos empresários e banqueiros o que os golpistas deram: total controle sobre como será o controle dos gastos, os juros e a promessa de uma rígida responsabilidade fiscal. Lula, na verdade, deu afirmações que indicam que um gasto maior com a população, e que a responsabilidade fiscal, o teto de gastos, não passam de uma medida para tirar o dinheiro dos trabalhadores.
Além disso, a Folha desconsidera a gigantesca crise mundial aberta na guerra dos EUA contra a Rússia e os entraves com a China, o que justamente vai complicar a situação com os países centrais do imperialismo. É importante considerar dados econômicos, mas os dados políticos são ainda mais centrais para se considerar a saída de uma crise ou o agravamento dela. A verdade é que cada vez mais o imperialismo norte-americano está perdendo controle mundial e por isso pressiona os governos de esquerda a serem seus capachos.
“Enquanto Estados Unidos, zona do euro, Japão e emergentes como Índia projetam desaceleração nos preços em 2023 (ou estabilidade, como China) sem um choque maior de juros, as previsões no Brasil têm piorado sistematicamente.” Como diz a Folha.
Conforme o próprio gráfico apresentado na Folha, o Brasil é um dos países com menor índice de inflamação entre os emergentes, mesmo com anos de governos golpistas destruindo a economia nacional.
Mas, conforme os índices inflacionários de 2022, a situação vai de mal a pior. Qual será o milagre do ano de 2023 para os capitalistas?
Em resumo, a inflação subiu como o gato subiu no telhado e a crise mundial ascendeu de maneira catastrófica para o imperialismo. Mesmo assim, como o governo Lula não cumpre com está ou aquela reivindicação dos capitalistas, o Brasil vai ficar estagnado e piorar enquanto o resto do mundo não.
É um absurdo. Mesmo com os ilustres indicativos de economistas e banqueiros, Lula não deve vender seu programa político para os mercenários do capitalismo. Para eles, Lula não deve gastar um centavo com o povo, seus eleitores. O povo que no Brasil sofre com a fome e a miséria, esmagado em 6 anos de governos golpistas.
“Quase todo o plano de ajuste fiscal do governo Lula passa pelo aumento da receita, o que acaba tendo impactos inflacionários, e não pelo corte de gastos. Isso tem levado à desancoragem das expectativas de inflação e à alta dos juros, com títulos mais longos do Tesouro pagando entre 6% e 6,5% ao ano, mais inflação. Quanto tempo o país aguenta algo assim?”, questiona José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central.
Ora, Lula não deve aumentar nenhum centavo para a educação, saúde, ou para o auxílio a população. Seu plano de ajuste fiscal não pode aumentar a receita, mas sim, deve cortar gastos. Como os cortes de Bolsonaro e Guedes, que mataram centenas de milhões de brasileiros na pandemia, que destruíram escolas e universidades.
O governo Lula, bem como todos os brasileiros, não devem ceder as pressões mercenárias e absurdas da imprensa burguesa, dos empresários e dos banqueiros. Pelo contrário, é preciso garantir que o governo Lula atenda a todas as necessidades e reivindicações dos trabalhadores.
Para isso, é necessária uma imprensa independente, como este Diário, para polemizar e esclarecer tais falcatruas da imprensa burguesa e, mais importante, uma grande mobilização. As ruas precisam ser tomadas pelos trabalhadores e, se os banqueiros e empresários espernearem, o povo deve os calar.
