Todos que acompanharam a cerimônia de entrega da premiação da final feminina da copa do mundo de futebol ficaram com uma pulga atrás da orelha quando viram o beijo do presidente da federação espanhola de futebol na jogadora Jenni Hermoso.
Entre os espanhóis não é comum o beijo na boca entre pessoas que não tem um relacionamento intimo, mesmo em comemorações ou em ocasiões especiais.
No vestiário a jogadora Jenni disse, durante transmissão ao vivo de seu celular enquanto conversava com outras jogadoras, que não gostou do beijo.
Nas imagens transmitidas para quase todo o mundo, vemos Luis Rubiales segurando a cabeça da jogadora e dando-lhe um beijo na boca.
A jogadora divulgou nota dizendo que não consentiu em ser beijada, e que se sentiu constrangida e sem reação no momento em que o beijo aconteceu.
Ao que parece esse não é o primeiro caso envolvendo o dirigente espanhol, uma profissional que trabalhava com ele na federação de futebol disse que ele fazia comentários indecorosos com relação as suas roupas intimas.
Rubiales negou as acusações de Jenni Hermoso e disse que o beijo foi consensual e eufórico, o pior foi que um comunicado inicialmente atribuído a jogadora em que permitiu o ocorrido foi desmentido por ela mesma, deixando a situação ainda pior para o presidente.
A situação interna da seleção espanhola, somando-se o caso do beijo e o boicote de algumas jogadoras contra o treinador da seleção, Jorge Vilda, que reclamaram do seu método duro de tratar as jogadoras e mesmo que algumas se sentiam assediadas moralmente, deixam a entender que existe um sistema de opressão dos homens contra as jogadoras.
Apesar de toda a propaganda imperialista de que a mulher foi empoderada pelo capitalismo, a farsa cai por terra quando acontecem situações como as descritas acima.
Nenhuma mulher, estamos falando de metade da raça humana, pode ser dona do seu nariz no sistema capitalista, na realidade, nele, ela não controla nem seu próprio corpo.
O dinheiro e os meios de consegui-lo estão nas mãos dos homens, o capitalismo é machista por sua própria natureza, e não será através dele que a mulher será emancipada.
Mesmo que alguma mulher consiga, no momento atual, atingir o cargo máximo de uma empresa, de um país, ou mesmo de um órgão supremo que represente o poder, o poder real, a burguesia imperialista não a deixará exercer contra seus interesses.
Temos no Brasil um caso emblemático, Dilma Roussef, eleita e reeleita presidenta do país, teve o seu segundo mandato abreviado pelo golpe de 2016, ou seja, ela não tinha o poder real, esse estava nas mãos dos capitalistas americanos, que a derrubaram não por ela ser mulher, mas por incomodar os interesses inconfessáveis desses.
Ao mesmo tempo os capitalistas podem elevar uma mulher, e negra, a vice presidente da republica dos Estados Unidos, se isso lhes for conveniente, para conseguir apoio para manter o poder no pais mais poderoso do mundo, mas não qualquer mulher, uma que lhes sirva aos seus interesses, conservadora, encarceradora, ou seja, um homem de saias.