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Leon Trótski

Por uma revista marxista combativa, revolucionária e crítica

À luz da publicação da Revista Textos, por parte do PCO, reproduzimos neste artigo texto de Trótski que discute a necessidade de uma revista teórica combativa

A partir das próximas semanas, o Partido da Causa Operária irá publicar a Revista Textos, uma revista teórica mensal do Partido que terá por volta de 100 páginas. O seu conteúdo será mais aprofundado do que qualquer outra publicação periódica do PCO, discutindo assuntos importantes sobre teoria marxista, polêmicas, análises de conjuntura, história etc.

À luz desta ocasião, reproduzimos, abaixo, um texto de autoria de Leon Trótski que discute justamente esse problema. O artigo, intitulado Necessitamos de uma Revista Marxista Combativa, Revolucionária e Crítica, foi publicado em 29 de maio de 1937. Confira na íntegra:

Necessitamos de uma Revista Marxista Combativa, Revolucionária e Crítica

Nos Estados Unidos de América o processo social global impulsa às massas trabalhadoras até o caminho da luta. A ideologia tradicional do americanismo está caindo junto com todas as suas variantes e suas perspectivas de prosperidade capitalista eterna. Todas as classes socais sentem a necessidade de uma nova orientação. A intelectualidade é o laboratório da ideologia. Porém, está demostrando-se incapaz de cumprir sua missão histórica.

É certo que nos últimos anos certos grupos importantes de intelectuais norte-americanos renunciaram aos preconceitos “americanistas” tradicionais. Mas não encontraram o caminho justo, nem o método seguro. A radicalização política significou para eles, principalmente, um reconhecimento efêmero e acrítico da “experiência russa”. Entretanto ocorreu que o Estado operário isolado ficou aprisionado por um aparato burocrático monstruoso, despótico, ávido e ignorante. Por sua vez, a Internacional Comunista se converteu em uma ferramenta morta nas mãos do Kremlin, e em um freio para a revolução, tanto na Espanha como em outros países.

O movimento operário dos Estados Unidos, apesar de seu espírito combativo, carece de programa e de uma doutrina científica. O maior problema de a intelectualidade norte-americana é sua falta de raízes nas massas, consequentemente, as massas não sentem interesse pelos intelectuais. E assim, a intelectualidade quase-revolucionária, carente de doutrina e de apoio social, não encontra nada melhor que ajoelhar-se perante a burocracia soviética. Sem libertar-se totalmente da ideologia burguesa tradicional, se converte em prisioneira de uma nefasta Inquisição ideológica.

Tudo deve justificar, fortalecer, glorificar a ditadura bonapartista: não só a política, senão também a ciência, a literatura, a arte. O pensamento independente é tachado de inimigo número um e perseguido. A criatividade é permitida contanto que se discipline às orientações. Não é de estranhar que as fontes da criatividade espiritual, abertas pela revolução, tenham secado. Não tem surgido uma só obra de economia, política ou sociologia digna de ocupar um lugar na biblioteca da humanidade. A filosofia degenerou até cair em um escolasticismo miserável. A literatura, a pintura, a arquitetura, a música, artes que chegaram a novas alturas a serviço do socialismo, carregam o selo da esterilidade. Este fenômeno não se detêm nas fronteiras da URSS. Por intermédio da Comintern se usam todos os meios possíveis para rebaixar, castrar e adormecer o movimento liberador em todos os países. A autoridade da Revolução de Outubro é substituída pela autoridade do “líder” infalível, complementada, com um sistema cuja corrupção não conhece precedentes históricos.

A atmosfera que respiram tanto os intelectuais de esquerda como os operários de vanguarda está envenenada pelo militarismo, a futilidade, a dissimulação, o jesuitismo, a mentira e a calúnia. Esta obra mundial de desmoralização é levada a cabo sob a bandeira da “defesa da URSS”.

A revista New Masses é, por sua insignificância, a melhor expressão deste sistema. A sorte que viveu o Nation e outras publicações são exemplos menos espetaculares, mas igualmente convincentes, do servilismo da intelectualidade radicalizada. Não temos razão para idealizar o passado destas publicações. Porém não podemos negar que, apesar de suas limitações democráticas, desempenharam um papel progressivo. Nos últimos anos passaram formalmente de uma posição democrática a uma semi-marxista, o que, aparentemente, representa um avanço. Na realidade, estes periódicos passaram da democracia para o servilismo ao New Masses, que não é outra coisa além de órgão oficial da GPU.

O fator decisivo para o futuro histórico dos Estados Unidos ou de qualquer país, é o partido operário revolucionário. Não faremos profecias sobre os caminhos que seguirá, nem sobre as formas que assumirá. Nossa revista não assume a tarefa de construí-lo. Nossos objetivos são mais modestos. Antes de construir, é necessário varrer a sujeira e a escória do terreno. Devemos tirar o setor radicalizado da opinião pública norte-americana de seu lamaçal. Devemos liberá-lo do regime policial. Devemos arrancar o marxismo das garras da Inquisição. Devemos recuperar a liberdade de crítica e de criatividade. Devemos devolver a honestidade, a sinceridade e a verdade ao seu postos legítimos. Devemos devolver a independência, a dignidade e a confiança ao pensamento revolucionário.

Por onde iniciar? Antes de nada, por uma autêntica publicação marxista, sem outra obrigação que a imposta pela honestidade teórica. O marxismo é, por sua essência, uma crítica que desconhece os tabus. Abaixo a idolatria! Devemos afiar cuidadosamente as ferramentas cortantes e aguçadas do pensamento revolucionário. Sem medo, devemos tomar o chicote para expulsar da tribuna os profetas pagos e os bajuladores que se autointitulam socialistas, o lacaios disfarçados de revolucionários, os desprezíveis carreiristas que substituem impunemente as convicções e o conhecimento pela calúnia.

Os lacaios assustados dirão que prejudicamos os fundamentos da URSS; debilitamos a democracia e servimos ao fascismo. Desde já, respondemos esses gritos de alarme com desprezo, que, quando não se limita a um mero pontapé, se vale facilmente das armas da ironia e sarcasmo. Tudo o que vive se desgasta e renova. A revolução ossificada precisa, mais do que qualquer outra coisa, uma renovação. Não temos nada a ver com as gaiolas de ouro dos “amigos da URSS”. Nossa base é o regime soviético. Nós odiamos os seus exploradores, parasitas e coveiros. Pelo bem do proletariado mundial e da União Soviética declaramos guerra até a morte contra o bonapartismo stalinista e seus lacaios internacionais. O pensamento revolucionário não pode permanecer, nem permanecerá em seu cativeiro babilônico para sempre. As Fraudes judiciais de Moscou sinalizam o início da do fim. Queremos acelerar o colapso do controle policial sobre vanguarda do Oriente e do Ocidente. Essa é a tarefa mais importante da publicação que pretendemos.

Não fechemos os olhos para as dificuldades. Nossa época coloca enormes problemas em todos os campos da criatividade humana. Não existem soluções pré-fabricadas. O marxismo é a análise do processo histórico vivente. Análise livre supõe a priori que existem diferenças sobre as próprias bases fundamentais do marxismo. Nossa revista repudiará o espírito fatal do dogmatismo. Em suas páginas se enfrentarão as várias nuances do pensamento revolucionário. O fórum de debate público deverá ocupar um lugar de destaque nelas. O conselho editorial deverá esforçar-se para fazer o manejo apropriado de cada polêmica.

Partimos de forças e meios modestos, porém com uma fé inabalável no futuro. Nossas tarefas são importantes a nível internacional. Para isso temos a colaboração internacional. Apesar dos obstáculos, apesar das dificuldades, estamos seguros de que o nosso trabalho triunfará!

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