No Brasil, tem se desenvolvido uma grande mudança no movimento negro nos últimos anos. Surgiram muitos novos grupos, a maioria deles associados a ONGs, que passaram a liderar o movimento. No entanto, esses grupos frequentemente promovem pautas que servem aos seus próprios interesses, em vez de abordar as questões que realmente afetam toda a população negra. No geral, essas reivindicações beneficiam apenas um pequeno grupo de negros que busca privilégios e cargos, em vez de lutar por políticas que beneficiem toda a população negra. O movimento negro, nesse contexto, tem sido usado para interesses particulares.
É fundamental ressaltar que as ONGs e os grupos associados ao imperialismo e aos bancos não representam o verdadeiro movimento negro. Eles não possuem ligação com o povo, não são movimentos populares genuínos e não estão preocupados com os verdadeiros programas ligados a classe operária. Esses problemas, como o aumento da violência policial, o agravamento da pobreza e as dificuldades enfrentadas classe trabalhadora negra, não são a principal preocupação desses grupos. Em vez disso, eles muitas vezes enfatizam campanhas que parecem desconectadas das reais necessidades da população negra, como o caso da campanha de uma mulher negra no Supremo Tribunal Federal (STF) com comerciais bem produzidos e banners em inglês, destinados a um público externo e não refletem os anseios e as preocupações dos negros no Brasil.
O recente episódio envolvendo Marcelle Decothé, agora ex-assessora da Ministra dos Direitos Humanos, Anielle Franco, é um exemplo gritante de como esse movimento negro ligado às ONGs é reacionário e impopular. O comentário infeliz feito pela ex-assessora, durante uma partida de futebol, generalizou toda a torcida de São Paulo como “brancos, europeus e safados”. Esse tipo de retórica não contribui para uma política sólida focada em resolver os problemas reais da população negra, mas sim para uma abordagem que parece buscar meios de atacar e reprimir a própria população.
Diante dessa situação, é essencial que fique claro que as pessoas ligadas a ONGs não representam o movimento negro. Isso destaca a urgência da esquerda trabalhar na construção de um movimento negro completamente independente dessas influências externas. O Coletivo João Cândido, com seu programa revolucionário, está empenhado em organizar a população negra e todos os que desejam contribuir para essa luta.
Nos próximos períodos, o Coletivo João Cândido realizará uma série de atividades visando reorganizar seu trabalho em prol da população negra. A plenária nacional, marcada para o dia 7, contará com a participação de companheiros de várias partes do Brasil que estão determinados a atuar ativamente pelo coletivo. A atividade debaterá os meios para fortalecer a imprensa do coletivo, em destaque a revista mensal, e a organização de reuniões e atividades por todo o Brasil para agrupar a população negra.
Outro evento de destaque a ser discutido será a 3ª Conferência Nacional do Coletivo João Cândido, prevista para 20 de novembro. Essa conferência tem em vista ampliar o debate sobre a infiltração de ONGs no movimento negro e trabalhar na organização dos negros em torno de uma política verdadeiramente revolucionária.
Convidamos todos a se envolverem nessas atividades e a contribuírem para uma mudança positiva. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (11) 95208-8335.
* Coluna originalmente publicada em 2 de outubro de 2023