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Regime em crise

Por que uma guerra prolongada é ruim para Israel

Estado judeu já obteve derrotas militares importantes desde os ataques de 7 de outubro

“Não será um passeio”. Assim previu o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, pouco após o ataque dos grupos armados palestinos deflagrado no dia 7 de outubro. À época, o dirigente político explicara que o discurso truculento dos sionistas buscava ocultar que a situação militar do Estado de Israel era muito mais frágil que aparecia na superfície.

Hoje, um mês após o ataque, a previsão de Rui Pimenta se mostrou correta. As declarações verdadeiramente nazistas vindas do próprio governo israelense não cessaram, de tal modo que um ministro chegou a dizer que os palestinos eram “animais” e deveriam ser “tratados como tais” e o primeiro-ministro sionista prometeu “exterminar o Hamas”. No Brasil, dirigentes do PCO, por sua defesa intransigente do povo palestino e pelas denúncias dos crimes cometidos por Israel, estão sob ameaça de prisão e de morte. No entanto, apesar de toda essa agressividade dos sionistas, é evidente que a autoridade política, militar e moral de Israel e do imperialismo de conjunto está em queda livre.

Recentemente, o próprio Estado de Israel admitiu que 347 soldados seus já morreram desde o dia 7 de outubro. Se levarmos em consideração que o governo israelense é um dos mais mentirosos do mundo, podemos concluir que o número certamente é muito maior. Independentemente disso, quase 4 centenas de militares mortos do exército mais poderoso do mundo já é, em si, uma confissão de que as coisas não andam bem. Vale lembrar que Israel luta não contra o exército palestino – coisa que sequer existe -, mas contra organizações guerrilheiras que sobrevivem comendo pão, queijo e pepinos.

Os números do desastre militar são complementados com os relatos, vídeos e testemunhos do que acontece nas frentes de batalha. Militantes do Hamas, agindo com a bravura de verdadeiros heróis do povo, estão destruindo tanques de guerra israelenses sozinhos, a pé, munidos apenas de explosivos. Até agora, não aconteceu nada na Faixa de Gaza que possa ser considerada uma vitória de Israel. Pelo contrário: a resistência armada palestina está impondo uma derrota às tropas sionistas, graças, principalmente, à complexa rede de túneis construída na região.

O próprio Estado de Israel reconheceu que o Hamas estava “bem preparado” para os conflitos, citando “campos minados e armadilhas” que tornavam o acesso à Faixa de Gaza difícil. Segundo relatos, os soldados israelenses estão indo até Gaza apenas em veículos blindados – e não em colunas de soldados -, o que demonstra o temor de perder o seu efetivo humano para os métodos guerrilheiros das organizações palestinas. Esse quadro mostra que não há uma operação de verdade na Faixa de Gaza, mas, em grande medida, uma figuração, um circo montado por Benjamin Netanyahu para tentar se apresentar ao mundo como ainda dono de um exército invencível.

O conflito em Gaza está em um impasse. Se o exército israelense for de fato mobilizado, pode sofrer uma derrota tão grande que exponha de uma vez por todas a sua fragilidade. Uma guerra com muitas baixas israelenses seria uma humilhação semelhante à expulsão das tropas norte-americanas do Afeganistão, que foram derrotadas por guerrilheiros semelhantes aos militantes do Hamas, os talibãs. Ao mesmo tempo, caso Israel, que já prometeu “limpar” a Faixa de Gaza, permaneça muito tempo sem resultado efetivo, também será uma desmoralização para o governo de Netanyahu.

Acontece que a crise de Israel não está apenas no âmbito militar. Em apenas um mês, Israel e o seu grande apoiador, os Estados Unidos, estão praticamente politicamente isolados. Trata-se de uma situação provavelmente inédita na história. Afinal, em tão pouco tempo, vários governos, como o do Barém e o da Bolívia, já romperam relações com Israel. O presidente turco Recep Erdogan anunciou que irá pedir a condenação de Netanyahu no Tribunal Penal Internacional. Em todos os continentes, milhares de pessoas têm saído às ruas em manifestações a favor dos palestinos. Em assembleia recente da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas Estados Unidos e Israel ficaram a favor do bloqueio a Cuba, o que também é um reflexo do deslocamento geral dos países para uma posição de oposição à ditadura do imperialismo norte-americano.

Há uma clara tendência dos governos nacionais a agirem contra o Estado de Israel, que sempre foi visto como um enclave imperialista no Oriente Médio – isto é, como um expediente do imperialismo para interferir na região. E essa tendência, caso o conflito se prolongue, deverá apenas aumentar. Afinal, quanto mais longo for o conflito, maior serão os crimes de guerra de Israel e maior será a mobilização contra o regime sionista.

Quando se fala em guerra longa e crise do imperialismo, logo surgem as comparações com a Guerra do Vietnã. De fato, aquela primeira grande derrota do exército norte-americano foi um fator de crise imenso: o exército mais poderoso do mundo foi derrotado por guerrilheiros de um país miserável. E as consequências disso são óbvias: como toda a política do imperialismo é baseada na coerção, no uso da força, os países oprimidos e até mesmo os “aliados” se sentirão menos obrigados a se dobrarem às grandes potências, pois sua capacidade de repressão foi posta à prova.

No caso de Israel, no entanto, é possível que os efeitos sejam mil vezes mais catastróficos. Por um lado, tudo se torna ainda mais humilhante para o imperialismo quando levado em consideração que a Palestina sequer possui um exército. Por outro, a unidade internacional em torno da luta contra o Estado de Israel é algo que nunca aconteceu, nem mesmo no caso do Vietnã, quando a oposição à guerra vinha mais da própria sociedade norte-americana. Prolongar a guerra, neste momento, significaria aumentar o número de mobilizações em praticamente todos os países do mundo, o que poderia, inclusive, pressionar os governos nacionais a tal ponto que entrem na guerra.

A crise militar alimenta, sem dúvidas, a crise política – tanto mais Israel parecer fraco, menos os seus inimigos terão receio de se posicionar contra o Estado judeu. E a crise política, por sua vez, afetará de maneira muito decisiva a crise militar. O isolamento de Israel já afeta em si as tropas sionistas de um ponto de vista subjetivo: os soldados que vão para as frentes de batalha, ao saberem que estão isolados, serão soldados mais inseguros, ao passo que os guerrilheiros palestinos vêm demonstrando uma convicção verdadeiramente admirável. No entanto, a crise política pode afetar de maneira ainda mais concreta a crise militar: na medida em que o genocídio dos palestinos se tornar o eixo para uma mobilização mundial contra o imperialismo, os próprios Estados Unidos podem em algum momento recuar. Isto é, diminuir recursos, não apoiar publicamente a guerra etc.

A essa altura do campeonato, o recuo dos Estados Unidos não é apenas mera especulação, mas algo que pode já estar colocado na ordem do dia. No dia 4 de novembro, quando mais de cem cidades organizaram atos em apoio ao povo palestino, os Estados Unidos tiveram algumas das maiores manifestações. E mais: segundo uma pesquisa de opinião recente, 84% dos eleitores norte-americanos disseram estar preocupados de que os Estados Unidos seriam atraídos militarmente para o conflito.

O Estado de Israel, que é um Estado completamente artificial, não tem condições não apenas de levar adiante uma guerra, mas mesmo de existir sem o apoio dos Estados Unidos. Um recuo dos norte-americanos pode, inclusive, criar as condições para que árabes, turcos, persas e todos os povos do Oriente Médio e proximidades ponham abaixo o Estado judeu.

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