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Hamas "reacionário"

Por que parte da esquerda pequeno-burguesa nos chama de “vermes”

Após intervenção vitoriosa do Partido da Causa Operária na Avenida Paulista, setores foram às redes sociais pedir o "fim do PCO"

Por João Jorge Caproni Pimenta

A repercussão da intervenção do Partido da Causa Operária (PCO) na manifestação em defesa da Palestina foi gigantesca e teve um caráter surpreendente.

O Partido compôs o maior bloco organizado da manifestação. Sua bateria, carro de som e seus materiais se tornaram um centro de comando do protesto. A política avançada pelo Partido em defesa do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e dos outros grupos de resistência armada palestina foi bem aceita pelos presentes. Nas redes, era esperado que a direita fosse ter uma síncope, afinal seus representantes são favoráveis ao genocídio contra os palestinos e têm horror às organizações armadas dos palestinos. Finalmente, eles tiveram mesmo uma síncope, como previsto.

O procurador-criminoso Deltan Dallagnol, ex-chefe da organização criminosa chamada Operação Lava Jato, disse que a defesa do Hamas no ato era “inacreditável”. A Revista Oeste, de extrema-direita, disse que o PCO comandava a manifestação e comandava o apoio ao Hamas.

É um grande elogio. Não era intenção deles, no entanto. Até aí, nada de novo sob o sol. O que é algo de novo sob o sol foi a posição de setores da esquerda pequeno-burguesa.

Diversos perfis pequenos e alguns até de porte razoável pediram o “banimento do PCO”, o “fechamento” do Partido e disseram até que o Partido teria que acabar.

Um desses perfis foi a público dizer que o PCO é composto de “vermes”, outros, mais políticos, disseram que o PCO era reacionário por defender o Hamas, que seria em si uma organização reacionária.

Já os mais identitários se revoltaram por ver a nossa defesa do Irã, do Hezbollah e outros, por conta da “repressão aos direitos das mulheres”. Uma usuária do X (antigo Twitter) até disse que as organizações de esquerda estavam “espumando de ódio” do PCO.

O que isso demonstra? Demonstra primeiro que setores da esquerda brasileira fazem um esforço descomunal para permanecer limpinhos e cheirosos perante a opinião da burguesia. Eles querem ser vistos como o amigo crítico da burguesia. Então choram as mortes dos palestinos, mas renegam os que lutam de armas na mão pela Palestina. Segundo, demonstra que a ideologia desta esquerda é profundamente colonial e islamofóbica.

Estes setores, como PSTU e o PSOL, se recusam a reconhecer que a política de costumes dos grupos islâmicos é fruto das condições concretas de atraso social e não são fruto de uma política particularmente reacionária. O Hamas e o Hezbollah, são organizações de esquerda dos seus países. Ainda mais, as massas se juntam aos grupos islâmicos pois os laicos falharam com elas, foram para o lado do imperialismo, como vemos no caso da OLP, que se tornou o avalista da desgraça palestina.

Julgar as questões de costumes com a régua das Américas, da Europa, etc.. é um anacronismo, uma posição absurda. O Oriente Médio e outras regiões do globo

Ao acusar o PCO de ser composto de vermes por conta da defesa dos grupos armados palestinos, eles consideram que estes grupos são vermes, acham que o próprio Hamas é feito de vermes. vivem em outra época.

Ao tentar banir o PCO por defender o Hamas e similares, eles mostram que baniriam o próprio Hamas das manifestações. Ao “espumar de ódio” contra nós, espumam também contra os combatentes que defendem a Faixa de Gaza. A posição de renegar as organizações de luta da Palestina e de outros países mostra o profundo alinhamento destes setores ao imperialismo norte-americano, mostra o seu medo diante da extrema-direita nazi-sionista.

A posição de pedir a censura e repressão contra o PCO mostra também a total falta de compromisso com qualquer democracia e com as liberdades democráticas. O conjunto da obra mostra a falência ideológica total de uma grande parte da esquerda pequeno-burguesa.

A bem da verdade: a única coisa que se coloca entre o genocídio e o povo de Gaza são os grupos como o Hamas: ou se está com eles, ou com os sionistas. Defender Gaza sem defender os grupos armados é apenas figuração, é renegar a luta palestina.

Por último: a única desculpa que Israel tem para promover o genocídio é que existiriam grupos terroristas que matam civis, o que é mentira. Já foi provado que o Hamas atacou apenas alvos militares, o resto foi fogo cruzado entre o exército de Israel e as forças palestinas.

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