Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Silêncio pútrido do PSOL

Por que o PSOL fala em fã de Swift e não dos 15 mil palestinos?

O silêncio e a hipocrisia predominam o maior expoente da esquerda pequeno-burguesa no tocante à luta do povo palestino

No último sábado (18), um acontecimento chamou a atenção de todas as primeiras páginas da imprensa burguesa, do Ministério da Justiça, de pessoas do alto escalão do governo e, sobretudo, dos parlamentares do PSOL. Engana-se, no entanto, o leitor que pensa ser algo relacionado ao sofrimento do povo palestino ou à luta de resistência travada por sua população de armas na mão. Trata-se, na verdade, da morte de uma fã, da cantora Taylor Swift.

Nota-se, porém, que o erro não está na comoção pela morte da fã, cuja responsabilidade se dá pela empresa privada responsável pela produção e manutenção do local onde a artista se apresentou. O que chama a atenção é o silêncio dos seus parlamentares e, sobretudo, do partido, enquanto instituição, na morte de 15 mil pessoas em um mês, sendo 5 mil crianças, quando promovem uma comoção pública pela morte de apenas uma pessoa.

Em seu perfil na rede social X (antigo Twitter), a deputada Sâmia Bonfim, que recentemente recebeu vinte mil reais do comediante Danilo Gentili, por ter sido chamada de gorda, veiculou a seguinte mensagem:

“Dada a reincidente postura de descaso e negligência da empresa Tickets For Fun, produtora da turnê da Taylor Swift no Brasil, nosso mandato está acionando o Ministério Público pela responsabilização e medidas cabíveis na garantia da segurança e dos direitos dos fãs nos shows.”

Onde estava a parlamentar no último mês, onde mais de quinze mil pessoas foram mortas por mísseis e tiros israelenses? Em novembro, onde já se passam mais de dezenove dias de massacre, a parlamentar não possuiu a coragem ou o cuidado de realizar sequer uma única postagem, enquanto em outubro, que tiveram vinte e quatro dias de ininterruptos massacres, a parlamentar publicou apenas uma vez, noticiando que Israel atingiu um hospital e considerando “um absurdo”. Por onde andou a combatividade da parlamentar, que postou, neste mesmo mês, comemorando a “vitória” judicial contra o apresentador no processo de gordofobia e afirmando que este era “apenas o começo”? Caberia a deputada se informar que, diferente de sua campanha contra o crime fictício de gordofobia, o genocídio em curso contra o povo palestino não está no começo, perdurando por mais de 80 anos e tendo diversos episódios de massacres de aldeias inteiras, como noticia este Diário, em seu currículo, enquanto o currículo da parlamentar segue preenchido apenas de alguns quilogramas a mais.

A capacidade do PSOL, que realizou seu oitavo congresso partidário neste ano, de não se posicionar em temas centrais para a classe trabalhadora merece destaque inclusive dentre os partidos que já não se posicionam. Enquanto a Jiade Islâmica, a FPLP, a FDLP, o Hamas e o Hesbolá formam o Eixo de Resistência na Palestina, lutando contra o sionismo, o PSOL, o PCdoB, o PCB e a UP, no Brasil, formam o eixo da incompetência coletiva, não movendo sequer um único dedo para agir na defesa dos interesses dos trabalhadores nem do Brasil, nem do mundo. Diferentemente dos supracitados, o PSTU costuma se posicionar em todos os temas, mas quando não erra no posicionamento – o que é bem constante, erra na forma como se posiciona.

Engana-se, porém, quem ingenuamente pensa que a Sâmia é a única parlamentar que se “esqueceu” da vida dos palestinos. Uma polêmica recente emergiu nas redes sociais quando a também parlamentar do PSOL, Erika Hilton, trouxe o discurso de fundo de quintal da representatividade à tona por ter desfilado na São Paulo Fashion Week. A situação da parlamentar por São Paulo, por sua vez, não é diferente de Sâmia, embora faça questão de pelo menos fingir se importar. Em uma das seis manifestações, Erika esteve presente e em suas redes sociais, durante todos os anos em que possui o perfil, mencionou cinco vezes o genocídio em postagens próprias. O que de nada adianta, pois na mesma publicação em que critica Israel, faz o mesmo contra a resistência armada do povo palestino.

“As milhares de crianças mortas não estão em guerra.

O que Israel faz hoje em Gaza, tal qual o que o Hamas fez, é espalhar o terror.”

Chega a ser criminoso comparar o que faz Israel com o que fez o Hamas junto aos demais grupos do Eixo de Resistência no heroico ato do dia 7 de outubro. A operação militar, segundo as mentiras sionistas, vitimaram 1.400 pessoas. De acordo com o próprio Estado de Israel, o número já baixou para 1.200 sendo que, segundo o portal Greyzone, podem ser menos de 900. De acordo com a própria imprensa sionista, foram 460 mortes de militares israelenses no ataque do Hamas às bases, possuindo, como divulgado pelo Hareetz, centenas de mortes no fogo cruzado e por tiro do helicóptero apache israelense. Supondo que apenas cem pessoas foram mortas no fogo cruzado, cem pelos militares israelenses e seguindo os números do Greyzone e das Forças de “Defesa” de Israel, o número de civis mortos pelo Hamas não passaria de 240 – contando a partir, unicamente, das fontes israelenses.

Comparar a morte de 240 pessoas com a limpeza étnica de uma população desarmada, martirizada, e a morte de quinze mil pessoas em um período de um mês, com a média de morte de 127 crianças por dia de conflito, chega a ser tão criminoso quanto efetivamente matar essas 127 crianças. Esses parlamentares deveriam largar esta hipocrisia nojenta travestida de sionismo e focar sua luta nas pautas importantes para sua campanha, como a censura, o desfile na SP Fashion Week e a patifaria do pronome neutro nas escolas.

No fundo, o PSOL não se importa com a Palestina. A preocupação com a morte da menina, no entanto, também não é exatamente um exemplo de solidariedade, mas sim uma oportunidade para sair bem na foto, como bons humanistas. O esforço do partido e seus parlamentares sempre foi o de perfumar o capitalismo para seja que mais tragável à classe média, escondendo as manchas de sangue dos trabalhadores que morrem todo dia por esse regime criminoso. As manifestações desses parlamentares só aparece quando é viável passar uma imagem de bom-moço. O que não é o caso da defesa real dos palestinos, em que a esquerda pequeno burguesa não pode se contrapor à política do imperialismo e por isso não se manifesta.

Nesse caso, abrir uma suposta guerra contra uma empresa de venda de ingressos é apenas um teatro. No final, é tudo em prol da auto promoção.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.