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Todos de olho no Líbano

Por que o Hesbolá não entrou na guerra contra Israel?

O imperialismo alega que o Hesbolá não ataca por questões internas do seu país, mas a realidade é que, como o Hamas, os libaneses podem surpreender todo o planeta

Desde o primeiro dia da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, lançada pelo Movimento de Resistência Islâmica, Hamas contra “Israel”, todos os olhos do mundo estão voltados para o Hesbolá. A grande vitória do Hamas no dia 07 de outubro foi mostrar para o mundo que os sionistas estão fracos, que eles não são indestrutíveis. E sendo assim o seu mais perigoso inimigo se tornou uma ameaça gigantesca, esse é justamente o Partido de Deus, o partido libanês conhecido por seu nome em árabe, Hesbolá. Mas passados 15 dias desde o início da operação todos se perguntam, por que o Hesbolá ainda não entrou na guerra contra “Israel”?

Primeiramente, é preciso responder que a própria pergunta é falsa, o Hesbolá de imediato entrou na guerra contra “Israel”. A fronteira norte da ocupação sionista já se tornou um campo de batalha, dezenas de israelenses já morreram no confronto. Entretanto a guerra não começou, apenas escaramuças, ou seja, ainda é uma guerra de baixa intensidade. A pergunta então é, por que o Hesbolá ainda não começou uma guerra total contra “Israel”? Que se desenvolve na segunda pergunta, o Hesbolá irá começar essa guerra? O que precisa ser levado em consideração, é o que disse o ministro da guerra israelense: “O Hesbolá é 10 vezes mais forte que o Hamas”. E essa declaração ainda parece diminuir um pouco a força da organização.

A posição do imperialismo, ao que tudo indica, foi de evitar a escalada da guerra ao norte. Um dos motivos é que o Hesbolá seria a força que tornaria o conflito internacional. Sendo um aliado da Síria e também do Irã, é por meio dele que a guerra tende a se tornar internacional. Com essa internacionalização do confronto o problema deixa de ser algo que “Israel” teria a capacidade de lidar sozinho e passa a ser um confronto de larga escala no Oriente Médio, o que levaria a uma intervenção enorme do imperialismo. O medo dessa internacionalização é justamente o que fez os EUA enviarem 2 porta-aviões para o mediterrâneo próximo à “Israel” e o secretário de Estado, Antony Blinken, viajar para diversos países árabes.

A posição de “Israel” também aponta para essa direção. O norte foi atacado diversas vezes, mas os sionistas não escalam o confronto como fizeram com a Faixa de Gaza. Eles apenas retribuem mais um menos na mesma altura. Ou seja, evitam que o Hesbolá aumente o tom, querem evitar a abertura de um novo front. O que é mais difícil de compreender, no entanto, é a própria posição do Hesbolá. Que há uma disposição para a guerra está claro. Os árabes são muito exaltados em suas palavras por isso é melhor medir as suas ações e o Hesbolá de fato tomou ações militares. Além do Hamas é a única organização que está sistematicamente atacando “Israel” há dias. Isso é uma clara sinalização que eles estão dispostos a escalar o confronto. Por que, depois do massacre em Gaza, eles ainda não o fizeram então?

A imprensa imperialista alega que isso não acontece devido a situação econômica do Líbano, de calamidade, e também pois haveria uma suposta pressão do Irã para esperar. Parece uma tese falsa, principalmente a questão econômica, dado que a crise pode muito bem impulsionar a luta dos árabes. A realidade parece bem mais complexa. O Hesbolá foi colocado pela posição defensiva de “Israel” como o jogador da vez, ele pode escolher o momento da escala e por isso há uma quantidade enorme de variáveis envolvidas. Uma analista árabe Amena El Ashkar definiu bem a questão no artigo “Guerra Israel-Palestina: Quando o Hesbolá  do Líbano entrará na batalha?” publicado no Middle East Eye.

Ela explica que o Hesbolá não apenas lançou foguetes em “Israel”, ele mudou diversos aspectos de sua atuação na fronteira. Principalmente no que tange abrir a fronteira para ações de organizações palestinas. O Líbano é um país que abriga uma das maiores populações palestinas do mundo. Ou seja, o Hesbolá está abrindo a fronteira para a escalada do confronto, até o momento tanto o Hamas quanto o Jiade Islâmica Palestina, já lançaram operações dessa fronteira que anteriormente era proibida. É preciso que fique claro que essas ações do Hesbolá em si já alteraram a política de “Israel”. A invasão por terra em Gaza, em grande medida foi adiada até o momento por causa disso, essa também foi uma análise publicada no Jerusalem Post.

O que parece é que uma nova linha precisa ser cruzada. “Israel” não invade a Faixa de Gaza, algo que muito provavelmente iniciaria o confronto em larga escala no norte pois por dois motivos, um militar e um político. Politicamente a invasão de Gaza é uma justificativa perfeita para que o Hesbolá ataque “Israel” em defesa dos palestinos. Militarmente o Hesbolá estaria entrando no segundo fronte da guerra, se atacar agora ele estaria abrindo o primeiro fronte. O Hamas por sua vez, não está em condições de abrir um segundo fronte. Esse ponto é crucial, a indecisão sobre a invasão por terra é o que está atrasando a decisão dos demais atores no Oriente Médio.

Logo no início do confronto, o Haaretz publicou uma análise que dava 4 opções consideradas ruins para “Israel”. A primeira era trocar os reféns capturados pelo Hamas, ou seja, uma derrota rápida para “Israel”, essa certamente foi descartada de imediato. A segunda era a invasão de Gaza, essa até hoje não aconteceu. E a terceira e a quarta eram o bloqueio econômico pesado e o bombardeio, “Israel” juntou essas duas e está as realizando de forma genocida há 2 semanas. Essa escolha parece ter sido feita justamente pois se apoia no conservadorismo dos países árabes que teriam que tomar a dianteira, algo que até então não aconteceu, o que parece um acerto de “Israel” que ganhou tempo para se reorganizar. 

Sendo assim os atores mais dinâmicos da região parece que terão que tomar a decisão, são eles o eixo da resistência: Hesbolá, Síria e Irã. Passadas duas semanas, uma visita e a declaração de apoio total de Biden, parece que o tabuleiro no Oriente Médio se reorganizou. É a hora do Eixo da Resistência decidir como entrará no confronto em relação aos palestinos. A conjuntura geral aponta que eles tomaram uma ação mais enérgica a qualquer momento. Contudo se o conservadorismo, a capitulação a pressão do imperialismo vencer, um ator que já entrou em ação, irá impelir a escalada do confronto: o povo árabe.

A via escolhida por “Israel” se apoia no conservadorismo dos governos e organizações mas ignora que um genocídio realizado em Gaza levanta uma fúria generalizada no mundo inteiro. A fúria dos libaneses, das bases do Hebsolá, assim como dos iranianos, pode ser o fator que irá cruzar a linha e acender as chamas do conflito generalizado do Oriente Médio. Fato é que enquanto “Israel” seguir sua política, e nada indica que irão parar, essa guerra geral seguirá sendo iminente todos os dias.

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