Flávio Dino deveria ter sido capaz de antecipar e evitar a crise do governo Lula, essa é uma questão que precisa ser muito cuidadosamente debatida porque a imprensa capitalista está exaltando Flávio Dino. Não é por acaso. Foi justamente o Flávio Dino que é permitiu que toda essa crise estourasse no oitavo dia do governo do PT.
Todos os elementos indicavam que os setores mais exaltados do bolsonarismo realizariam, caso fosse possível, a invasão dos prédios dos três poderes. Os humores não eram dos mais positivos, tendo em vista que realizaram bloqueios de estradas, atirando pedras em caminhões e praticando atos de vandalismo.
Na discussão do companheiro Rui que ocorreu durante sua entrevista ao 247 do dia 13 de janeiro, foi dito que o governo deveria ter decretado a intervenção no Distrito Federal antes que as coisas tivessem chegado no ponto em que chegaram. Depois do que ocorreu, já não adiantava de mais nada decretar essa intervenção.
O Ministério da Justiça comanda a força nacional de segurança, uma organização que diga-se de
passagem foi criada na época do segundo governo Lula. O PCO condenou a criação de
mais um aparato repressivo e condenou justamente por isso quando se
trata de atacar o povo o aparato repressivo é eficiente quando se trata de ter os outros não acontece nada.
Então, quando você é um ministro e te alertam que em Brasília estão chegando 100 ônibus de bolsonaristas, o mínimo que se espera é o mínimo de cuidado com a quantidade de baderna que eles podem causar. Mas uma coisa que eles não podem fazer é ocupar o Palácio do Governo. Você coloca tropa na porta do Palácio e fala que ninguém vai entrar e pronto. Mas isso não aconteceu. O ministro da Justiça comeu a maior bola da história do país inteiro quando permitiu, por negligência, que a invasão dos prédios dos três poderes ocorressem. É impossível argumentar que ele não tinha meios para impedir porque ele tinha tanto a força nacional de segurança quanto a polícia federal sob o comando dele.
Na época do Governo da Dilma o PCO teve que ver a força nacional de segurança cara a cara em mais de uma oportunidade, vários companheiros do PCO participaram de uma manifestação que foi feita no Rio de Janeiro contra o leilão do pré-sal, um leilão que a Dilma mandou executar
naquela época. Por pressão organizou-se uma manifestação e ao chegar lá tem uma avenida que levava o prédio onde estava sendo feito o leilão, ao chegar lá tinha uma um compacto efetivo da força nacional de segurança. Teve intervenção no governo do Rio de Janeiro? Não, simplesmente o governo chamou a força nacional de segurança para evitar que os manifestantes invadissem o prédio e inviabilizasse o leilão.
Flávio Dino se manifestou através de um tuíte dizendo: “fico pensando se eu tivesse proposto intervenção Federal antes dos eventos do dia 8. O que diriam? Ditadura bolivariana, Coreia do Norte, Cuba, etc, etc. Propus intervenção Federal com base real não com base em presunções. Não sou profeta tampouco engenheiro de obra pronta.”
Bom, se ele tivesse colocado a força nacional de segurança na Praça dos Três Poderes e falado que ninguém está autorizada a passar por aqui não precisaria de decreto especial.
O evento foi algo verdadeiramente inédito, toda vez que se realizam manifestações e tem um prédio público, a polícia está lá. Você não precisa tirar um decreto para botar a polícia para proteger um prédio público. Quantas manifestações em São Paulo não foram feitas diante da prefeitura no palácio dos Bandeirantes? No palácio dos Bandeirantes o Quércia determinava que ninguém podia chegar a 2 Km do Palácio do Bandeirantes e os governos PSDB continuaram todos com a mesma política. Teve decreto Federal? Teve intervenção na polícia? Não.
Basta uma ordem executiva da pessoa que está comandando as forças de segurança vai lá e pronto. Isso acontece o tempo todo no Brasil. Se Flávio Dino tivesse feito isso, a própria intervenção seria totalmente desnecessária como de fato foi. Porque o secretário de segurança ele nem tava em Brasília. Ibanês não opôs nenhuma resistência também Não foi visto nenhum momento que o governador Distrito Federal falasse que não iria colocar a tropa na rua e deixaria quebrar tudo.
Nada disso aconteceu. A intervenção foi um ato supérfluo, não teve nenhum significado efetivo nos acontecimentos. Foi mais para o pessoal ver que ele estava fazendo alguma coisa.
Como se diz no ditado, “estava lá como quem conserta a porteira depois que a boiada já havia corrido toda para fora.”
E como essa boiada escapou, Flávio Dino está dando marteladas bem fortes na porteira que serve para dar a impressão de que ele está fazendo um trabalho muito importante.
