Uma ativista pelo aborto foi processada e condenada a oito meses de penas alternativas pela justiça na Polônia por ter enviado pilulas abortivas para uma mulher que se encontrava em desespero para abortar .
Justyna Wydrzynska foi acusada de “auxílio a um aborto” e “posse de drogas sem autorização para colocá-las no mercado” e pode ainda ter que cumprir pena de três anos de prisão.
Justyna é co fundadora de um grupo de ativistas que fornece informações sobre formas seguras de abortar chamado Abortion Dream Team e foi procurada por Ania ,uma mulher que estava na decima segunda semana de gravidez e cujo marido agressivo a havia impossibilitado de arrumar formas de conseguir dispor do serviço de aborto em países na Europa onde a prática é legal como a Alemanha.
Ao ser procurada por Ania, Justyna enviou a ela um medicamento conhecido como “pílulas abortivas”, no entanto o marido de Ania encontrou a correspondência e chamou a polícia antes que a mesma pudesse utilizar.
Ania acabou por ter um aborto espontâneo devido ao estresse da ocorrência.
“Não queria que Ania arriscasse a sua vida dando passos perigosos, já que havia uma solução tão simples e segura do ponto de vista médico”, disse Justyna em entrevista à televisão alemã Deutsche Welle (DW).
Atualmente governada pela extrema direita, a Polônia vem sofrendo vários retrocessos no âmbito do direito e tem hoje uma das leis mais duras contra o aborto em toda a Europa.
Em janeiro de 2021 uma decisão do tribunal constitucional super conservador restringiu ainda mais a possibilidade de aborto no país ,proibindo inclusive a prática nos casos de má formação do feto, quando as chances de sobrevivência são mínimas.
Hoje no país o aborto é permitido apenas nos casos de estupro ou quando a vida da mãe estiver em risco.
O caso da Polônia mostra de forma cristalina a razão pela qual a esquerda precisa parar de querer se apoiar nas instituições do Estado burguês e não deve apoiar que cortes de justiça como o STF tenham o poder de passar por cima das leis. Por mais que em um determinado momento as decisões abusivas tomadas possam parecer beneficiar a esquerda, isso pode rapidamente mudar.
Além disso é preciso também se desvincular da política identitária, completamente anti popular, e se voltar para os problemas reais da população para que a mesma não se deixe seduzir pelo discurso da extrema direita, que faz demagogia com os interesses do povo mas que está aí para trabalhar contra os interesses tanto das mulheres quanto de toda a população.