Duas meninas de doze anos, na Espanha, morreram ao cair de um prédio de seis andares. A principal suspeita é que as irmãs, de origem russa, se atiraram da janela, não havendo participação de terceiros no que ocorreu. Autoridades e membros da escola onde estudavam foram ouvidas pelo jornal espanhol El País e, por unanimidade, as crianças eram vistas como tranquilas. Alguns falam de bullying, outros se recusam a acreditar em suicídio, mas a realidade é uma só: não só na Espanha, mas na sociedade como um todo o suicídio tem crescido, independente do continente.
A presidente da Associação contra o Assédio Escolar, Encarna García, disse que apenas no começo deste ano, sua associação recebeu mais de 400 denúncias, preocupando-se com o risco que as crianças possuíam de tirar suas próprias vidas. A tragédia das irmãs aconteceu depois de completar três meses em que, também na Espanha, dois irmãos de mesma idade, 12, se jogaram do terceiro piso de sua casa para o térreo, tendo um perdido a vida e a outra ficado gravemente ferida. Esses casos revelam como não é simples questão de “educação” ou “violência”, os problemas da sociedade, mas toda a política imperialista que circunda a vida de um cidadão desde o seu nascimento.
Em Valência, outra cidade da Espanha, a PAH (“Plataforma para pessoas afetadas por hipoteca”) contabiliza 55 mortes de pessoas sem-teto por suicídio, acusando que são não apenas suicídios, mas assassinatos por descaso por parte da burocracia porque, segundo eles, deixar alguém nas ruas é abandoná-los à própria sorte. O que a imprensa burguesa não retrata, porém, é que não são fatalidades ou eventualidades, mas sintomas do próprio capitalismo. Os países tidos como desenvolvidos, como o Japão, vendido como primeiro mundo, possui índices cada vez maiores e em crescente de suicídio.
Outro dado que chama a atenção é que, segundo a imprensa espanhola, o índice de crianças que precisam de ajuda psicológica é de quase 45%. Além disso, o número de tentativas de tirar a sua própria vida dentre os menores de idade atingiu a marca de 748. Quando falamos sobre jovens de 14 à 29, no entanto, os números são ainda piores: o suicídio é a principal causa de morte. Dentre todas as pessoas, os jovens são grandes vítimas do imperialismo; têm suas vidas detonadas e são abandonados à própria sorte, iludidos com a ideia de meritocracia enquanto se esforçam para enriquecer o bolso dos capitalistas. Não há salvação para os trabalhadores, para os jovens e para as crianças no capitalismo.