No último sábado (29), o jornal bolsonarista Gazeta do Povo, escreveu um longo artigo saindo em defesa das forças policiais, defendendo o aumento de seus recursos repressivos. Segundo o diário direitista, os policiais têm sido vítimas de ataques e a situação seria “crítica” . O título da matéria expõe o desejo sanguinário dos jornais da burguesia, clamando por mais terror à população: “PMs de SP deixam de usar força por receio de retaliações e falta de apoio de comandantes”. O ângulo central da matéria é apresentar que a “frouxidão” da polícia gera danos à segurança pública.
A discussão sobre o trabalho da polícia militar se iniciou com a morte de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), uma organização fascista extremamente violenta, conhecida popularmente como “Batalhão da Morte”. O soldado Patrick Bastos Reis foi morto em uma das operações ilegais da polícia no bairro periférico Dona Zilda, em Guarujá. Esse fato, levou à uma campanha cínica da polícia em ampliar os aparatos de repressão para iniciar uma força tarefa no bairro, o que já levou a mortes, torturas e maus-tratos aos trabalhadores que moram no local. Na última semana, essa operação foi responsável pela tortura e assassinato de Felipe Vieira Nunes, que trabalhava como comerciante ambulante, o famoso “camelô”, acusado pela Rota de ser um membro do PCC, informação que foi desmentida pela população e familiares.
“Família, meu primo Felipe Vieira Nunes, foi assassinado pela Rota. Ele não estava armado, não houve troca de tiros, eles torturaram ele, depois ficaram brincando de atirar nele e, assistiram ele agonizar até a morte. Tem testemunhas do ocorrido, mas estão todos com medo. Tem mais de 30 viaturas da Rota na favela do Baiana do Guarujá. Eles estão circulando com uma lista de nomes para matar! Esse secretário Derrite é mentiroso, meu primo não era chefe do PCC, nunca fez parte” – colocou em suas redes sociais um familiar da vítima.
Além da tortura aplicada e assassinato a sangue-frio, os policiais ameaçaram a população e tem lista com nomes das próximas vítimas. A situação dá indícios de uma nova possível chacina. Essa é uma situação corriqueira da polícia, esse tipo de opressão é o cotidiano de quem vive nas periferias do Brasil, o Brasil real.
Segundo a direita, a polícia de São Paulo não é violenta o suficiente, mas, essa informação é uma farsa e até mesmo grotesca, pois a PM é uma máquina de moer gente pobre (https://causaoperaria.org.br/2023/e-preciso-dissolver-a-pm/). De 2017 a 2021, quatro anos, a polícia matou mais de 30 mil pessoas, de acordo com o instituto de pesquisa, Monitor da Violência. Esses dados são conservadores, em primeiro lugar por ser um instituto ligado à Rede Globo, e, segundo, porque qualquer pessoa sabe que os”serviços extras” da PM são responsáveis pela maioria das mortes e não são registradas. Em outro relatório que foi exposto em 2015 da HRW (Human Rights Watch), expôs que a polícia brasileira é a que mais mata no mundo e, em pesquisas recentes, foi colocado em questão que a polícia mata, em média, 6.000 pessoas por ano. Quantas mortes por ano tem que haver, para satisfazer a demanda da burguesia, para supostamente proteger os cidadãos, 10, 15, 20 mil? Se algo representa uma ameaça à segurança pública, são as instituições policiais. O crime até agora não diminuiu, aumentou por sinal. O que demonstra, que, o verdadeiro objetivo não é combater o crime, não é pacificar o país. Não, pelo contrário, o objetivo é amedrontar e conter os avanços da classe trabalhadora, sustentar esse regime falido e decadente e sufocar qualquer possibilidade de revolta.
A morte de um soldado da Rota, que dado as situações dessas operações criminosas, é possível considerar até como legítima defesa, supostamente evidenciaria uma “situação crítica”, o comandante-geral, Cássio Araújo de Freitas, da polícia de São Paulo, pediu que a tropa utilizasse a força em “legítima defesa”, traduzindo, dando aval a uma intensificação dos maus tratos e das operações violentas em bairros onde mora gente pobre, trabalhadores: “Estamos bastante preocupados com algumas ocorrências onde o policial militar tem hesitado em utilizar suas ferramentas de trabalho. E aí vai meu pedido a vocês: não hesitem em cumprir a lei. Faça isso! A sociedade quer que você trabalhe, viva bem e esteja íntegro para cumprir as suas missões. A sociedade, a Polícia Militar e a sua família: pense neles”, declarou. Traduzindo: Matem, matem e matem mais! É preciso denunciar toda a situação e reivindicar o fim da polícia militar, um verdadeiro esquadrão da morte institucional.