A Polícia Federal (PF) iniciou na manhã dessa quarta-feira uma nova operação envolvendo os participantes dos protestos com bloqueios de estrada que ocorreram após a divulgação do resultado das eleições de 2022. Naquele momento, apoiadores do candidato Jair Bolsonaro decidiram se manifestar contra o resultado eleitoral, bloqueando importantes trechos de rodovias em todo o Brasil.
Mais de oito meses após o ocorrido, a Polícia Federal decide iniciar uma operação contra “pessoas que financiaram os protestos”, segundo a imprensa burguesa. Os dados apresentados pela operação indicam que 10 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, e nas cidades de Lacerda e Pontes, no estado do Mato Grosso, foram realizados.
Com nome de “Parada Obrigatória”, a Polícia Federal afirma ter como alvo os financiados das manifestações que ocorreram na BR-174, onde manifestantes bolsonaristas pararam o trajeto no km 125, na cidade de Cáceres Trevo Mirassol. Os manifestantes ainda estão sendo acusados de promoverem algum tipo de confronto com motoristas que tentaram furar o bloqueio na pista.
Segundo o jornal O Globo, “quem for identificado como líder, financiador ou participante desse tipo de movimento pode responder por crimes como constrangimento ilegal, lesão corporal, incitação ao crime, associação criminosa, abolição violenta do estado democrático, dentre outros, penas que somadas podem passar de 13 anos de prisão.”
No entanto, a pergunta que fica é: é crime promover bloqueios de rodovias? E outra, os tais financiadores dos “atos golpistas” que serão pegos, serão os militares da alta cúpula?
Em primeiro lugar é preciso destacar que a operação montada pela PF é uma irregularidade, e atenta aos direitos democráticos de manifestação da população. Entrar em prédios públicos, como no caso do dia 8 de janeiro, como também paralisar rodovias, não é crime, mas sim um direito constitucional à manifestação.
Não é porque as manifestações são realizadas por bolsonaristas que os mesmos não tem direitos democráticos a serem respeitados. A esquerda sempre realizou manifestações populares ocupando prédios públicos e parando importantes trechos de rodovias, foi assim em greves, em manifestações nacionais, foi assim em atos do MST, e diversas outras mobilizações. Perseguir bolsonaristas por realizar bloqueios de rodovias serve apenas para aumentar a ditatorial repressão no País, abrindo assim mais um precedente para atacar diretamente todos os direitos democráticos à manifestação da população brasileira, sobretudo dos trabalhadores.
Outro ponto importante sobre este debate é a demagogia por de trás destas operações farsa da Polícia Federal. Enquanto a imprensa burguesa destaca que as operações são uma forma de “punir atos golpistas” o que elas demonstram ser na prática são verdadeiras ações contra figuras irrelevantes na luta política nacional, verdadeiros pobres coitados que participaram do movimento.
Os verdadeiros responsáveis por estruturar esta mobilização, como sobretudo, garantir com que o dia 8 de janeiro fosse realizado, são os generais das Forças Armadas brasileira. Estes generais são os verdadeiros orquestradores das manifestações bolsonaristas contra o governo eleito pelos trabalhadores. No entanto, estes mesmos generais são figuras intocáveis pelas operações policiais.
Até o momento, as operações policiais serviram para prender pessoas comuns, pequenos empresários e figuras de baixa patente do comando das Forças Armadas. A ação na realidade tem como único objetivo, sob o pretexto de lutar contra os “golpistas”, aprofundar a ditadura no País. Não há por meio destas operações nenhum benefício à luta dos trabalhadores e nem ao governo Lula, o que ocorre é um aumento dos poderes do judiciário e dos aparatos de repressão, que servirão por fim para perseguir e reprimir a própria esquerda e os trabalhadores.
