Integrantes do Conselho de Administração da Petrobrás indicados pelo governo Bolsonaro divulgaram, no último dia 22, comunicado anunciando que pretendem reajustar em 43,8% os salários do alto escalão da empresa.
O anúncio ocorreu no mesmo dia em que a categoria petroleira realizou paralisações e mobilizações contra as privatizações no Sistema Petrobrás. Em todo o País, trabalhadores próprios e terceirizados participam de protestos convocados pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) e sindicatos, reivindicando que a direção da empresa cumpra a determinação do governo Lula de que sejam suspensas as vendas de ativos, que está sendo sabotada pelo comando bolsonarista da empresa.
A direção publicou nota contra o aumento, que representa um acréscimo de R$ 43 mil na remuneração mensal dos executivos, em uma situação na qual a esmagadora maioria dos trabalhadores da Petrobras e de todo o País, são submetidos a um violento arrocho salarial.
Segundo o companheiro Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, “entre 2016 e 2022, nós tivemos uma perda salarial de 3,8% em relação à inflação, sendo que em 2020 o reajuste foi zero, além da perda e redução de direitos. Isso sem falar nos diversos ataques que a categoria está sofrendo no plano de saúde e na aposentadoria complementar. Tudo isso torna ainda mais revoltante essa tentativa dos gestores bolsonaristas se auto-concederem um aumento de quase 50%”.
Enquanto os empregados da Petrobrás estão desde 2016 sem ganho real, os gastos com a folha de pagamento da diretoria da empresa subiram 182% entre 2013 e 2022, diante de uma inflação acumulada de 80,51% (INPC) nesse período.
A decisão, assim como a privatização apressada de certos ativos, ainda será submetidas à Assembleia Geral Ordinária dos acionistas, prevista para ocorrer no dia 27 de abril.
Os conselheiros que estão de saída da empresa, por conta das novas indicações feitas pelo novo governo, votaram a favor do reajuste. De forma cínica, que expressa um conluio contra os trabalhadores e o povo, os que ficam e seriam futuros beneficiados se abstiveram de votar: Jean Paul Prates (presidente da Petrobrás), Rosângela Buzanelli, Marcelo Gasparino e Francisco Petros. Evidenciando a política de acordo do presidente recém-indicado e dos conselheiros que ficam com a continuidade da política levada adiante nos últimos anos.
É preciso mobilizar contra entrega
Em nota, a entidade maior dos petroleiros se pronunciou contra o aumento afirmando que “entende que um aumento dessa magnitude, além de representar a enorme disparidade em relação a qualquer salário de funcionários de outras empresas públicas ou de economia mista, como é o caso da petrolífera, também ressalta a diferença de tratamento que o Conselho de Administração da empresa dá à categoria petroleira, que, desde 2016, encontra-se sem ganho real de salário“.
A medida é parte da política de enfrentamento da direita contra o governo Lula e contra os trabalhadores, na Petrobrás e demais servidores. Os setores bolsonaristas e parceiros da direita agem claramente para sabotar as propostas do governo e defender os interesses dos tubarões capitalistas que tomaram conta da empresa. Tudo isso com a cumplicidade de dirigentes e ministros que chegaram ao governo amparados no prestígio de Lula, mas que atuam no interior do governo como verdadeiros sabotares.
É preciso denunciar claramente essa política e mobiliar os trabalhadores contra esses capachos dos especuladores internacionais que tomaram conta da Petrobras e de toda a riqueza nacional.