A foto acima é uma comemoração histórica do Pelé, sempre que podia comemorar, comemorava desta maneira com um soco no ar. O que pouca gente sabe é que foi em um confronto com um time tradicional de São Paulo que fez com que o Pelé comemorasse desta forma pela primeira vez.
Juventus-SP foi a equipe que mais vezes enfrentou o Santos de Pelé e não conseguiu vencer uma partida sequer. Foram 29 partidas, com 24 vitórias e 98 gols santistas, com o ‘Rei’ marcando 42 deles.
Em 10 de dezembro de 1958, na Vila Belmiro, Pelé marcou 3 gols na goleada por 7 a 1 em partida válida pelo Campeonato Paulista.
Menos de um ano depois, na Rua Javari, em 2 de agosto de 1959, quando Pelé ainda tinha 18 anos, embora já tivesse se tornado o jogador mais jovem a conquistar uma Copa do Mundo, a de 1958, na Suécia – na final do mundial, aquele menino de 17 anos também havia marcado um gol de chapéu em cima do zagueiro adversário dentro da área. Mal sabia o Juventus que a má sorte se repetiria.
Após a conquista da copa do mundo de 1958, Pelé já havia ganhado o apelido de Rei, como já era chamado pela imprensa e pelos torcedores. Mesmo assim, aquela tarde de 2 de agosto, na Rua Javari, não estava sendo muito fácil para o jovem. O camisa 10 santista dividiu uma bola com Pando, lateral esquerdo da Juventus, que acabou se machucando no lance e teve que deixar a partida. Como represália, os mais de sete mil torcedores do Juventus passaram a vaiar Pelé a cada toque na bola.
Os insultos continuaram até que, em um determinado momento, Pelé se virou para a torcida e fez um gesto com a mão, pedindo para que todos aguardassem o que estava por vir.
Àquela altura, a partida já estava em 3 a 0 para o Peixe, com dois gols do camisa 10, mas ele queria mais. Já no final do jogo, aos 42 minutos do segundo tempo, Durval avançou pela lateral direita e cruzou para a área, na direção de Pelé. Os zagueiros do Juventus já não podiam fazer mais nada. Sem deixar a bola cair no chão, o Rei aplicou uma meia lua no primeiro marcador, fez o drible do chapéu no segundo, no terceiro, e fez o gol na direção do goleiro que pulou para tentar tirar a bola apenas para também sofrer o drible do chapéu. Assim, terminando o jogo com o Placar de 4 x 0 para o Santos. Depois do gol, Pelé, com raiva, sai correndo em direção à torcida e, como um desabafo, pula dando um soco ar.
Neste jogo lendário é que nascia a comemoração mais icônica da história do futebol. E apesar do gol sofrido, os torcedores da Juventus transformaram as vaias em aplausos reconhecendo o talento do Rei! Embora haja toda genialidade e história presente no lance, não existem registros em vídeo sobre a obra de arte. Mesmo assim, após mais de 60 anos, a jogada continua ganhando reproduções. A mais famosa foi exibida no filme Pelé Eterno, em homenagem ao Rei. Esse foi mais um tesouro que Pelé deixou para o mundo do futebol. Segundo o Pelé este seria o gol mais bonito de sua carreira.
Dois anos depois, em 6 de setembro de 1961, Pelé marcaria 5 gols, numa incrível goleada de 10 a 1 em partida realizada na Vila Belmiro.