Na última sexta-feira, diversos portais de imprensa noticiaram a tentativa bolsonarista de silenciar o criador de conteúdo Thiago dos Reis. Famoso por postar em suas redes sociais “Eu autorizo, Xandão” em todos os casos recentes de censura contra elementos da extrema-direita, Thiago, agora, é vítima de Flávio Bolsonaro, que utilizou o Ministério Público do RJ para tentar prendê-lo por conta de um vídeo.
Em suas redes, o criador de conteúdo publicou um vídeo criticando Flávio Bolsonaro, repercutindo notícias já divulgadas pela imprensa burguesa sobre as possíveis relações do senador bolsonarista com financiadores dos atos de 8 de janeiro. Dois dias após a divulgação do vídeo, os advogados do filho de Jair apresentaram uma notícia-crime, alegando que a “honra do parlamentar havia sido irremediavelmente ferida” pelo vídeo no YouTube. Na notícia-crime, solicitam investigações policiais e que Thiago seja condenado por calúnia, injúria e difamação contra um servidor público, recebendo uma pena de quatro anos e dois meses de prisão.
A situação é um claro ataque às liberdades democráticas não do Thiago, mas de todos que queiram criticar a atuação bolsonarista ou de qualquer agente do poder público. Em seu Twitter, o Partido da Causa Operária repudiou “com veemência a tentativa criminosa de censura contra o Thiago dos Reis”, relembrando inclusive as críticas outrora feitas pelo youtuber sobre o Partido e sobre a defesa da liberdade de expressão. “Não obstante as críticas que o Thiago eventualmente tenha feito contra o Partido ou contra a política do Partido, é fundamental defendermos ferrenhamente seu direito a produzir vídeos e críticas públicas; seja contra o Flávio, o Jair e toda a corja bolsonarista, seja contra o Partido da Causa Operária ou quem mais for”.
Em suas redes, Thiago já criticou inúmeras vezes o Partido da Causa Operária, sobretudo pela ferrenha defesa dos direitos democráticos de todos, não se restringindo apenas aos cheirosos ou bem tratados pela imprensa burguesa. No entanto, é fundamental ressaltar, neste momento, que não se trata de discutir as opiniões do criador de conteúdo sobre o Partido, sobre a liberdade de expressão ou o que for, mas na defesa de seu direito de se expressar – seja qual for o teor da sua fala.
Reiteramos, no entanto, os riscos de conceder ao poder judiciário o poder de definir o que pode – ou não – ser dito. Essa tem sido a política do Partido da Causa Operária não apenas nos últimos anos, como alegam setores mais ingênuos ou direitistas do movimento, mas consta em seu estatuto desde sua origem. Em 2018, foi o judiciário que tirou Lula das eleições, tornando o candidato mais popular do país em um preso político. Foi o judiciário que, dois anos antes da prisão de Lula, chancelaram a derrubada da presidenta Dilma, consolidando o golpe de Estado contra o governo do PT e contra toda a classe trabalhadora.
Como dito anteriormente, a liberdade de expressão deve ser defendida não por conta do teor do que é dito pelas pessoas, mas por compreender que o judiciário será utilizado contra a esquerda e, eventualmente, contra toda a classe trabalhadora. O caso recente contra Thiago dos Reis é mais um caso que evidencia que não há, e nunca houve, a defesa real da liberdade de expressão dentre os setores bolsonaristas. Quando a censura recaía sobre Daniel Silveira, Monark ou Léo Lins, o posicionamento do PCO e seus militantes em defesa da liberdade de expressão viralizava dentre os meios direitistas como Revista Oeste, Gazeta do Povo e outros portais, mas, quando a defesa é a alguém da esquerda, a direita não só se cala, como apoia a luta contra a liberdade de expressão.
A tentativa de intimidar Thiago dos Reis é apenas mais uma prova cabal do supracitado, evidenciando que a defesa real da liberdade de expressão e de todas as liberdades democráticas, na atualidade, quem faz é o PCO. Conforme indicado na nota, o Partido da Causa Operária se coloca frontalmente contra a censura em qualquer caso, defendendo integralmente os direitos democráticos seja de quem for.
