No último domingo (08/01), apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Tal ação segue repercutindo na imprensa e teve consequências. O ministro do STF Alexandre de Moraes chegou a determinar o afastamento do governador Ibaneis Rocha por 90 dias, além de emitir mandados de prisão contra o ex-chefe da Polícia Militar no Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira, e do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que também é ex-ministro da Justiça do governo de Bolsonaro, acusando-os de omissão e conivência com os ataques. Há também evidencias de que o Gabinete de Segurança Institucional recebeu alerta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas não mobilizou o aparato de segurança para conter o avanço bolsonarista. Esse cenário foi o tema principal do Programa Causa Operária, na Rádio Cultura AM 930 de Curitiba, apresentado pelos companheiros Eduardo Vasco e Adriano Teixeira, nessa sexta-feira.
No começo do programa, foi falado sobre a cobertura da imprensa, que classificou o acontecimento como ˜atos terroristas˜ e Adriano Teixeira comentou sobre a finalidade das ações bolsonaristas: ˜Foi uma tentativa clara de desestabilização do governo, a gente percebe isso, o governo sai enfraquecido dessa situação, ao contrário do que muita gente da imprensa de esquerda também está falando, a imprensa burguesa também está falando isso, mas a situação não é bem essa˜.
Além disso, Eduardo Vasco falou sobre as falhas na segurança: ˜O responsável pela segurança, no domingo, era, principalmente, o Ministério da Justiça, encabeçado pelo Flávio Dino, só que ele só foi agir depois que o estrago já estava feito. Houve, até mesmo, uma prisão do comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, houve o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, mas eles não são grandes responsáveis. Até mesmo dentro do governo, o grande responsável por isso foi o Flávio Dino, porque ele é a pessoa, dentre as pastas que tinham a responsabilidade para fazer a segurança, mais próxima do Lula. O José Múcio (ministro da Defesa) é ligado aos militares, assim como Gonçalves Dias (ministro-chefe do GSI). Entao o Dino, que é o cara da maior confiança do Lula entre esses, na verdade, confiou na direita, nas instituições, na burguesia, nos militares, de que nada iria acontecer, então ele não preveniu, ele foi mobilizar a Força Nacional de Segurança muito depois apenas, sendo que o que ele deveria ter feito era ter convocado as forças de segurança para cercar a Praça dos Três Poderes e impedir que os manifestantes chegassem perto. Ele não fez nada disso, os manifestantes entraram facilmente e tiveram o apoio de policiais militares. O ministro da Defesa, por sua vez, foi colocado pelo Lula, justamente, porque ele tem ligação com o setor bolsonarista do Exército, ele seria aquele elo e seria o interlocutor do governo com as Forças Armadas. Porém, Múcio demonstrou que não merece a mínima confiança, pois, na verdade, ele é um ministro das Forças Armadas dentro do governo Lula. Ele serve, muito mais, à alta cúpula do Exército do que ao governo Lula˜.
Vasco também chamou a atenção para Gonçalves Dias, responsável pelo comando do GSI, criado durante a época da ditadura do Estado Novo, do Getúlio Vargas, e continuou durante o período da ditadura militar no Brasil, tendo a função de cuidar da segurança do Presidente da República, junto à Abin e às Forças Armadas. Durante o primeiro mandato, iniciado em 2003, Lula dissolveu o GSI e criou um novo órgão para a segurança da Presidência. Dilma Rousseff manteve esse formato, mas, a partir do golpe de 2016, em que Michel Temer assumiu o poder, o GSI voltou. O que Lula deveria fazer era dissolver de novo o GSI e de uma vez por todas. Até porque o GSI estava sendo comandado até o dia 31 de dezembro pelo general Augusto Heleno, que é aliado de Bolsonaro e um general da linha dura, de extrema direita, fascista, que é ligado à ala mais extremista da ditadura militar, que tentou um golpe contra a própria ditadura da época, então era uma ala nazista do Exército brasileiro e essa ala era a que estava comandando o GSI. Só que quando Lula assumiu, saiu o Augusto Heleno da chefia do GSI e entrou o Gonçalves Dias, mas todos os outros funcionários da equipe de Heleno permaneceram nos cargos˜.
Os companheiros destacaram a necessidade de chamar a população às ruas para mostrar apoio e defender o novo governo de Lula: ˜Ele precisa do apoio dos trabalhadores, não apenas de um apoio passivo, é preciso sair às ruas para defender esse governo e são os únicos que poderiam defender esse governo, porque Alexandre de Moraes e Globo não vão fazer nada caso Lula esteja realmente ameaçado de ser derrubado. Só os trabalhadores têm condições de defender o governo Lula˜, ressaltou Vasco.
Teixeira destacou a necessidade de convocar a mobilização dos sindicatos e toda a esquerda: ˜É importante convocar todas as centrais sindicais, os movimentos dos trabalhadores, todos os partidos de esquerda para uma grande assembleia. Inclusive, eu vi que o PCO percebeu a gravidade da situação e já está organizando uma grande plenária˜. Esse evento que o PCO está organizando tem previsão para acontecer nos dias 27 e 28 de maio.
O Programa Causa Operária, que é uma parceria com a rádio Cultura AM 930 de Curitiba, vai ao ar toda sexta-feira, às 13h, com transmissão do canal Rádio Causa Operária no YouTube. A última edição do programa está disponível, na íntegra, por meio do seguinte endereço: