A conveniente operação da Polícia Federal logo após as declarações de Lula sobre o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) revelou um suposto plano para assassinar o ex-juiz da Operação Lava Jato. Segundo as investigações, o plano havia sido elaborado por membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do País, surgida na década de 1993. A facção teria gasto R$5 milhões e pretendia sequestrar familiares e até mesmo executar Sergio Moro.
Para o presidente da República, a operação não passava de “mais uma armação de Moro”. Afinal, tudo nela era suspeito: a responsável pela operação foi Gabriela Hardt, substituta de Moro na Lava Jato, a operação se deu imediatamente após as declarações de Lula, mais de uma fonte relacionada aos supostos membros do PCC afirmaram que Moro não era parte do plano frustrado etc. Seja como for, o fato é que a maior organização criminosa do País, capaz de organizar rebeliões nos presídios de todos os estados, que movimenta bilhões de reais por ano no tráfico de drogas e que parou a cidade de São Paulo em 2006, não teria conseguido matar um senadorzinho no Paraná.
Um único homem, até onde se sabe, sem relação com alguma organização criminosa, conseguiu chegar bem mais perto que o PCC da execução de um político. Em 2018, durante a campanha presidencial, Adélio Bispo teria esfaqueado o então candidato Jair Bolsonaro. A situação era tão suspeita quanto: várias fotos mostraram a ausência de sangue, foi provada a relação de Adélio com pessoas que compunham a equipe de Bolsonaro e há uma série de especulações verossímeis de que o ex-presidente estava se tratando para câncer, utilizando a suposta facada como pretexto para extrair um tumor. Seja como for, Adélio se mostrou tremendamente incompetente, visto estar tão próximo a Bolsonaro e não conseguir tirar sua vida. Ele nem sequer girou a faca.
Os dois casos mostraram o azar do povo brasileiro no que diz respeito aos seus inimigos políticos. As conspirações sérias, como a que levou Lula à cadeia, são sempre aquelas que trazem necessariamente um retrocesso. Já as conspirações atrapalhadas, que são bastante úteis para criar uma comoção em favor de verdadeiros delinquentes políticos, mas que poderiam ser desastrosas se fossem de fato bem sucedidas, apenas frustram a expectativa de ser minimamente vingado.