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Apoio acanhado ao imperialismo

PCB-RR: oportunista, pró-imperialista e anti-leninista

O racha de Jones Manoel do PCB aposta na absurda tese de que Rússia e China são dois países imperialistas e devem ser tratados como tal

O sítio Em defesa do comunismo, pertencente ao mais novo racha do PCB, a Reconstrução Socialista (PCB-RR), publicou uma matéria em que ataca os partidos pertencentes à Plataforma Mundial Anti-Imperialista (PMAI). No documento, elaborado pela Comissão Internacional da Organização Comunista (KO – Alemanha) eles mostram a sua adaptação profunda à política do imperialismo e fazem uma defesa nada envergonhada de uma política que atende aos interesses dos norte-americanos, da União Europeia e da OTAN.

A ideia do texto é procurar demonstrar que a política de se posicionar ao lado dos russos em sua ação militar na Ucrânia seria uma política burguesa e de apoio a um país supostamente imperialista. Para esses partidos pró-imperialistas travestidos de comunistas, a guerra que acontece na Ucrânia é uma guerra “inter-imperialista”, uma ideia totalmente absurda que serve muito bem aos interesses do verdadeiro imperialismo.

Para justificar suas posições, eles procuram comparar com a posição adotada pelos bolcheviques durante a Primeira Guerra Mundial, o que é totalmente absurdo e desonesto, tendo em vista que, durante a Primeira Guerra, o que se tinha era uma verdadeira disputa entre diferentes blocos imperialistas, portanto a posição correta a se tomar era estar contra os dois blocos.

No caso atual envolvendo a Rússia, a situação é muito diferente, e a desonestidade da análise está justamente nessa classificação de que a Rússia seria um país imperialista. No texto, não há uma explicação do porquê essa classificação estaria correta. Eles apenas afirmam, sobre a posição da PMAI, que “Em sua análise do imperialismo, eles separam a categoria de sua base econômica e tentam caracterizar os interesses dos monopólios russo, chinês etc. como ‘promotores da paz’ ou ‘não agressivos’”.

Primeiramente, é óbvio que promover a paz não é a tarefa que a Rússia está colocando diante de si. Todos que acompanham minimamente o desenvolvimento da situação do país ao longo dos últimos anos compreendem que se trata de uma luta pela própria sobrevivência e por sua integridade territorial. A OTAN já havia posicionado bases em todos os países que fazem fronteira com a Federação Russa, a tentativa de colocar a Ucrânia para dentro da Organização seria uma última ação ofensiva por parte do imperialismo para procurar encurralar os russos.

Putin, após tentar negociar com todas as lideranças dos países imperialistas, fez a única coisa que era possível fazer: invadir a Ucrânia e desmantelar a operação de colocá-la na OTAN. Isso apenas ocorreu porque o imperialismo já demonstrou estar em crise profunda após a derrota sofrida no Afeganistão pelo Talibã. Derrota essa que também não foi celebrada por Jones Manoel e seus colegas, que lamentaram pelo destino das mulheres afegãs que agora estão livres das garras do Tio Sam em seu território, mas estão supostamente piores por causa cultura atrasada de seu próprio país.

Outra questão que precisa ser respondida é a análise totalmente desonesta de que a Rússia ou a China seriam países imperialistas, com poder de destruição econômica tão grande quanto EUA ou Inglaterra, algo de uma desonestidade intelectual gigantesca. A Rússia é um país mais atrasado do que o Brasil, sua economia consiste simplesmente da exportação de matéria-prima e ela não possui nenhuma grande empresa que domine nenhum setor de alto valor da economia. Ao contrário dos EUA ou da França, os russos e os chineses não têm a capacidade econômico de subjugar os governos de países estrangeiros e forçarem-nos a entregarem suas estatais a preço de banana, junto com suas riquezas naturais. O que ocorre é que simplesmente a Rússia é um país que possui uma indústria armamentista altamente desenvolvida e está fortemente armada, possibilitando que ela não seja subjugada pelas forças armadas ucranianas – mesmo que essas estejam recebendo apoio de todo o imperialismo.

Logo abaixo, eles falsificam totalmente o conceito de “imperialismo”, cunhado por Lenin, dizendo:

“Para Lênin, o imperialismo é uma fase de desenvolvimento do capitalismo, o capitalismo monopolista, em que a competição se transforma em guerra entre monopólios pela divisão do planeta, e em que o desenvolvimento desigual leva a um constante questionamento do equilíbrio de poder. Países mais fracos lutam para subir na hierarquia, países mais fortes travam guerras para manter sua supremacia. De forma totalmente arbitrária e não científica, a PMAI pensa que pode fazer uma divisão rígida entre países mais fracos e países mais fortes, sendo chamados apenas os países mais fortes econômica e militarmente de imperialistas. A consequência prática disso é apoiar os capitalistas mais fracos em sua luta para escalar a hierarquia global.”

É incrível a capacidade de usar Lênin para contradizer tudo o que ele explicou. Segundo a ideia do texto, o conceito de imperialismo estaria abolido. Para eles, todos são imperialistas, só o que muda é que uns são capitalistas mais “fortes” e outros capitalistas mais “fracos”. É uma ideia que até pode ser inovadora, mas não é de Lênin.

O que Lênin explicou é que o mundo se divide entre os países imperialistas – que não serão alcançados pelos outros – e os países atrasados, que não serão imperialistas. Não tem nada de “países fortes e fracos”, o que existe é imperialismo e países oprimidos.

Essa definição aberrante do conceito de imperialismo desenvolvido por Lênin acaba sendo uma defesa do imperialismo. Afinal, se todos são imperialistas em potencial, não devemos nos colocar contra os países imperialistas contra os países atrasados. Nem sabemos exatamente por que a esquerda se colocou contra os EUA na invasão do Iraque, por exemplo. Só o PCB-RR poderia explicar tamanha capitulação!

Essa definição inventada pelo PCB-RR é como falar que todo mundo é opressor, e que não há classe operária contra a burguesia. Afinal, já diriam os pós-modernos, a poder está em todas as relações sociais, os “micro-podere”, um operário pode ser opressor e é muitas vezes contra sua esposa. Então, não devemos nunca defender um operário, por exemplo.

A posição é uma defesa da OTAN com uma colocação esquerdista. A verdade é que eles acusam a PMAI de ser oportunista, mas são eles os mais chauvinistas de todos, ocultando a máquina de guerra imperialista contra os países do mundo.

Por essa ideia totalmente aloprada, o texto afirma que não devemos nos colocar ao lado do Irã, Rússia ou Cazaquistão, porque, no fim, todos são imperialistas.

Eles confundem apoiar um país contra uma agressão imperialista, com apoiar um governo. Logicamente que, ao apoio determinado país, pontualmente está se fazendo uma frente com aquele governo, mas apenas pontualmente. Isso não significa apoiar politicamente a política daquele governo.

A posição do artigo é a mais anti-leninista que poderia existir. Justamente porque quem estabeleceu a política de que os países que não são imperialistas devem ser apoiados pelos comunistas foi Lenin na Terceira Internacional.

A manobra é procurar retratar os acordos que os governos da China e Rússia fazem com outros países atrasados do mundo como se fossem da mesma natureza que a opressão que o imperialismo exerce sobre o restante do mundo. No entanto, há uma diferença muito grande entre o investimento em infra-estrutura dos chineses em países como o Níger com o que fazia a França, que roubava o urânio dos nigerenses e devolvia a eles apenas 2% do valor que era extraído.

Outro comentário interessante é que esses partidos comunistas radicalmente anti-Rússia, anti-China e anti-nacionalismo dos países atrasados, atribuem a si uma responsabilidade por impedir que a burguesia de seus países entrem na guerra entre Rússia e Ucrânia. Os autores afirmam que os membros do KKE, partido comunista grego, teriam bloqueado trilhos ferroviários por onde passariam trens com carregamentos de munição para a Ucrânia. É claro que isso não impediu que o governo grego enviasse diversos tanques de origem soviética e veículos blindados para o front ucraniano. Trata-se de uma demagogia e de uma mera manifestação demonstrativa.

A atuação desses partidos na tentativa de desmoralizar o apoio da esquerda à luta da Rússia contra o imperialismo é muito mais nociva e traz uma confusão muito maior do que um bloqueio de trilhos de trem que não impediu a chegada de nenhuma arma para os ucranianos.

A política dos membros da Plataforma Mundial Anti-Imperialista é uma política reformista e não vai até as últimas consequências no enfrentamento ao imperialismo, o que precisaria de um componente revolucionário para ser bem-sucedido. No entanto, é preciso colocar que os partidos membros da tal Comissão Internacional da Organização Comunista, com a qual está associada o PCB-RR de Jones Manoel, está numa política profundamente pró-imperialista. Em seu texto, não ataca apenas a Rússia e a China, mas também outros inimigos preferenciais do imperialismo, como a Venezuela (acusando falsamente o governo Maduro de estar perseguindo o Partido Comunista Venezuelano) e o Irã. No momento atual, o movimento operário precisa se aliar aos países que estão em um enfrentamento com o imperialismo, ainda que seja uma aliança temporária e não atacar essas organizações, pavimentando o caminho para uma vitória do imperialismo.

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