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Unasul

PCB na torcida contra a unidade latino-americana

Dirigente ataca os aspectos mais progressistas da política do governo Lula

A esquerda golpista não costuma bater ponto em fábricas ou outros locais de trabalho, mas bate ponto em atacar qualquer aspecto progressista do nacionalismo burguês. Até mesmo na política internacional, quando Lula se posiciona bastante à esquerda, essa esquerda pequeno burguesa joga tinta no presidente. É o caso do PCB, que publicou em seu sítio o texto “Unasul, uma esperança falida”, escrito por Guilherme Corona – Membro da CN da UJC e do PCB-BA. Nele, até a política de integrar a América do Sul em oposição ao imperialismo é atacada como “pró-imperialista”.

O texto descreve a UNASUL da seguinte maneira: “em seu auge, chegou a reunir todos os doze países da América do Sul, representando o um projeto de integração regional protagonizado pela chamada onda rosa, que instaurou diversos governos de caráter progressista na região. A situação mudou a partir de 2018, quando diversos países, já com governos de direita, saem e tentam promover a PROSUL, uma organização que pretendia antagonizar com a UNASUL.” Aqui o destaque é para a ausência da descrição do processo golpista que a América do Sul passou. Coincidentemente, o PCB apoiou a maioria dos golpes de Estado latino-americanos, principalmente o brasileiro contra a presidenta Dilma.

O texto segue e afirma que após a volta do peronismo e do petismo ao poder no Brasil e na Argentina: “os povos latino-americanos poderiam dar um suspiro de alívio, a integração regional interessaria a todos nós, construir um mercado interno forte e desafiar o imperialismo, buscando a independência tão sonhada, de Bolívar a Chávez, de Zumbi a Marighella”. De fato esse é o objetivo da UNASUL a integração regional em oposição ao imperialismo. Mas o PCB é incapaz de compreender que os governos nacionalistas apresentam um caráter progressistas, principalmente em casos como esse em que se posicionam de forma independente do imperialismo. Invés de apoiar essa política e incentivar que ela seja mais profunda eles atacam o governo pela esquerda, enquanto o imperialismo o ataca pela direita.

O dirigente do PCB afirma: “Esses suspiros nunca passariam disso, suspiros. Se nem o governo Maduro, herdeiro mais direto do chavismo na região, pôde avançar com um projeto de conciliação, não seriam Lula ou Fernandez, muito mais dispostos a se prostrar ante o imperialismo, que o fariam.” e segue “Nenhum projeto conciliatório poderia avançar na construção de uma independência da região, mesmo que se coloque de forma relativamente desafiadora frente ao império, ao fazer negócios com a China, como os diversos acordos celebrados pelo governo Lula na sua visita de negócios.”

O PCB destaca a ideia do “conciliatório”, uma redução do termo conciliação de classes. Para o partido, apenas os governos revolucionários, os Estados operários de fato levam adiante uma luta contra o imperialismo. É uma tese completamente absurda. Na política internacional, atual a maioria dos países que se chocam com o imperialismo não só tem governos de “conciliação de classes” como muitos são abertamente de direita. Com exceção de Cuba e Coreia do Norte, todos são países controlados pela sua burguesia. Os mais importantes são a Rússia e a China, há também os casos do Irã, da Síria. No Oriente Médio outros também assumem uma postura independente como a Arábia Saudita e a Turquia. Lula perto desses últimos, governados por um rei e um muçulmano conservador, parece quase um revolucionário.

O erro dessa esquerda pequeno burguesa portanto é não compreender que o governo Lula, que possui uma enorme participação da direita pró-imperialista, na realidade se choca com o imperialismo. Os acordos com a China, a proposta de paz para a guerra na Ucrânia, a reaproximação com a Venezuela, a política da Petrobrás, os ataques ao Banco Central, tudo são choques com o imperialismo. Basta ver como a imprensa trata o governo, atacando Lula todos os dias nos editoriais. O PCB se atem aos detalhes sem perceber que o caráter geral do governo é de se chocar cada vez mais com os monopólios imperialistas. É o mesmo erro que o partido cometeu em 1954 quando apoiaram o golpe contra Getúlio Vargas.

O texto continua: “Isto se dá pela própria essência do capitalismo brasileiro, que é liderado por uma burguesia dependente, mais disposta a destruir seu país, extraindo seus recursos e sangrando seu povo, do que permitir que haja uma maior distribuição de renda no país ou a devolução da soberania a seu povo. Nem mesmo poderia, porque qualquer mínima reforma do capitalismo brasileiro apontaria para a necessidade de avançar na construção do socialismo.” Aqui o PCB basicamente está considerando que a burguesia detém controle total do Brasil. Para eles o governo Lula não é fruto de uma vitória da classe operária que derrotou a burguesia e o imperialismo, Lula seria apenas mais um representante dessa burguesia. Essa é a tese que leva o partido a assumir a sua política golpista, se Lula é representante da burguesia pró imperialista por que não pedir “fora Lula”?

O texto termina: “Por mais que seja importante explorar as contradições entre as diferentes frações da burguesia internacional e apoiar as medidas que enfraqueçam a influência do império na região, não nos iludamos em defender de forma acrítica uma integração regional levada à frente pela burguesia. Cabe aos trabalhadores liderar o processo, construindo o Poder Popular e o internacionalismo proletário.” A conclusão confusa esconde que o PCB na verdade se posiciona contra a política da UNASUL. É fato que os trabalhadores são que devem liderar a integração, de fato apenas a classe operária é internacionalista. Mas isso não significa se colocar contra essa política da UNASUL, mas apoiar a medida agindo de forma independente da burguesia. Essa sempre foi a posição de um partido marxista diante de um governo nacionalista. Apoiar as políticas do governo que se chocam com o imperialismo sem abandonar o programa revolucionário.

A realidade é que a burguesia sul-americana não parece estar liderando esse processo. Os dois países mais interessados são o Brasil de Lula e a Venezuela de Maduro e talvez a Bolívia de Arce. São os países nos quais a classe operária tem o maior peso na política. Boric por exemplo criticou a presença de Maduro.

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